Confronto

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Kylie Cantrall

Ver Malia desmaiar em meus braços foi como levar um soco no estômago. Um instinto feroz de protegê-la tomou conta de mim. Quando Jadah a tirou de meus braços, eu ainda estava em choque, mas a raiva começou a borbulhar dentro de mim. Vi alguns homens de terno, os seguranças de Malia. A ira tomou conta, e fui direto até eles.

— Vocês são os culpados! — gritei, fazendo todos se virarem para mim. Um dos seguranças soltou um riso de deboche.

— A culpa de Malia ter sido atingida é de vocês, que não a protegeram!

— O que você queria que fizéssemos? Entrar na frente da bala por uma garota que é fraca? — o segurança respondeu com desdém.

O ódio subiu com tanta força que mal percebi quando avancei, empurrando o homem.

— É o seu dever protegê-la! — gritei, minha voz carregada de indignação.

O segurança franziu o cenho e, em um movimento rápido, sacou sua arma, apontando-a diretamente para minha testa. Um riso escapou dos meus lábios, um riso frio e desafiador.

— Atira. — falei, a voz baixa e firme. — Atira!

Ele começou a apertar o gatilho lentamente, e por um momento, o tempo pareceu parar. Mas um grito interrompeu o som do gatilho.

— Chega! — A voz ecoou pela entrada da casa, autoritária e afiada.

O segurança abaixou a arma, seu rosto mudando de expressão, e baixou a cabeça. Eu não me virei imediatamente, mas senti o peso daquela presença.

— Kylie Lorena Cantrall. Pode olhar para mim? — a voz continuou, fria e controlada.

Me virei lentamente, e lá estava ela. O ar escapou dos meus pulmões como se eu tivesse sido atingida novamente. Rita Ora Baker. O sorriso sombrio que ela me deu me fez estremecer, mas eu me mantive firme.

— Não a machuquem. — Rita disse, o sorriso ainda nos lábios. — Farei minha neta fazer isso... O amor é inútil, mas para Malia se tornar forte, é preciso que ela...

Antes que pudesse continuar, uma mulher negra apareceu atrás dela, interrompendo sua fala com suavidade.

— Malia quer ver a Kylie, amor. — A mulher tinha uma postura calma, mas autoritária, e Rita se virou para ela, com um brilho frio nos olhos.

— Diga a Malia que ela está morta. — O sorriso sombrio de Rita não vacilou, e a outra mulher assentiu, mas antes de se retirar, sorriu gentilmente para mim.

— Sou Brandy, esposa de Rita. — Ela desapareceu dentro da casa. Uma risada escapou dos meus lábios, cheia de sarcasmo.

— "O amor é inútil"? Mas você está casada. — Olhei para Rita com desafio nos olhos. Ela fechou o rosto, o sorriso desaparecendo aos poucos. Aproveitei a oportunidade e continuei, provocando-a. — Seu ensinamento não tem fundamento algum na sua própria vida. Então, por favor, me diga, por que o amor é inútil, se você mesma está casada?

Rita ficou em silêncio por um momento, seus olhos se estreitaram em uma fúria controlada. Mas antes que ela pudesse responder, Brandy reapareceu, segurando a porta entreaberta.

— Malia está pedindo para que Kylie vá vê-la agora. — O tom de Brandy era suave, mas seu olhar era firme, como se estivesse ali para evitar que a tensão escalasse ainda mais.

Rita continuou imóvel, mas seu silêncio dizia tudo. Ela não iria responder. Ao invés disso, apenas virou-se de costas, caminhando em direção à escuridão do interior da casa. Brandy me deu um último olhar, dessa vez sem o sorriso.

— Vamos? — ela disse, apontando para a entrada.

Sem dizer mais nada, eu a segui, minha mente girando com as palavras de Rita e a tensão no ar. Mas, acima de tudo, minha preocupação estava em Malia. Precisávamos conversar. Precisávamos resolver isso.

Eu sabia que o amor dela era real, mas havia muita coisa entre nós. E naquele momento, com toda a violência e perigo ao redor, o amor parecia tanto uma força quanto uma fraqueza.

Malia Simphiwe Baker

Eu sabia que Kylie não estava morta, mas também sabia que não podia pedir para vê-la naquele momento. Só que... eu precisava. Precisava dela aqui, agora. A porta se abriu, e meus olhos, ainda pesados pela dor, se voltaram para a entrada. Vi Rita entrando, com Brandy logo atrás... e Kylie.

Um sorriso escapou dos meus lábios, apesar de tudo. Mas antes que eu pudesse dizer uma palavra, a voz autoritária de minha avó ecoou pela sala.

— Você tem que matá-la. — A frieza nas palavras de Rita era cortante.

Eu soltei uma risada amarga, sentindo a ironia do que ela acabara de dizer. Com dificuldade, me sentei na cama, a dor dos pontos onde a bala foi retirada me atingindo como um lembrete cruel de quão frágil meu corpo estava.

— Você terá que me matar primeiro, se quiser ferir Kylie. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava. — Eu posso ter deixado você me manipular no passado, mas isso acabou. — Olhei diretamente para minha avó, enfrentando seu olhar.

Rita manteve a compostura, mas pude ver sua expressão endurecer. Brandy, ao lado dela, parecia observar tudo em silêncio, sem interferir.

— Do que está falando, Malia? — Rita perguntou, claramente irritada, mas tentando manter o controle.

Eu ri novamente, dessa vez com um toque de amargura. As regras do jogo sempre estiveram contra mim, e eu sabia disso. Mas agora, tinha uma carta na manga.

— Eu tenho que escolher um marido até meu próximo aniversário, não é? Caso contrário, sou obrigada a renunciar à liderança da Hells Angels. — As palavras saíram com uma confiança recém-descoberta. Vi o leve tremor nas feições de Rita e Brandy, uma breve hesitação. — Bem, eu já fiz minha escolha.

O silêncio na sala era palpável. Eu olhei para Kylie, que me observava com os olhos arregalados, sem saber o que estava prestes a acontecer.

— Eu escolho Kylie como minha fiel esposa.

Rita prendeu a respiração, o choque evidente em seu rosto. Brandy, por sua vez, permaneceu impassível, mas pude ver seus olhos se estreitarem ligeiramente. Kylie ficou parada, absorvendo minhas palavras, e por um momento o tempo pareceu parar.

— Isso é ridículo, Malia! — Rita explodiu, sua voz saindo em um tom mais alto e raivoso. — Ela não faz parte disso, ela não pode...!

— Ela faz parte de mim, e isso é o suficiente. — interrompi, minha voz cortando o ar com firmeza. — Você pode continuar jogando esses jogos de poder, mas agora as regras são minhas. Se sou obrigada a escolher alguém para compartilhar a liderança... será Kylie.

Kylie se aproximou, sua mão encontrando a minha, e nesse simples gesto, senti todo o apoio que precisava. Ela não recuou, nem hesitou.

— Malia... — ela sussurrou, seus olhos mergulhados nos meus, — você tem certeza disso?

Eu a encarei, meu coração batendo forte, e, sem desviar o olhar, respondi com toda a convicção que sentia.

— Eu nunca tive tanta certeza de algo na minha vida.

Antes que Rita pudesse reagir, puxei Kylie para mais perto, nossos lábios se encontrando em um beijo que selava não só nossa união, mas minha decisão de lutar por aquilo que realmente importava. Sabia que havia mais batalhas à frente, mais desafios e perigos. Mas, ao menos, não estava mais sozinha.

Rita olhou para nós com uma mistura de fúria e desprezo. Brandy, ao seu lado, manteve a mesma expressão neutra, mas seus olhos não deixavam de brilhar com uma estranha compreensão. Elas saíram sem dizer mais uma palavra, mas o ar pesado que deixaram para trás deixava claro que isso estava longe de acabar.

Kylie me olhou, ainda tentando processar tudo o que acontecera, mas o toque de suas mãos nas minhas era firme.

— O que vamos fazer agora, Mali? — ela perguntou, a voz mais suave, mas cheia de preocupação.

Eu respirei fundo, sentindo a dor em meu corpo, mas mantendo a mente clara.

— Agora, nós lutamos. Juntas.

Amor e Mafia: Laços ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora