A criada de Martin anunciou sua chegada com três batidas na porta e entrou no quarto, sua expressão neutra, com seu vestido roxo enfadonho e um envelope amarelo em seus dedos, estendidos para Maylin.
- Bom dia, princesa. - Maylin estranhou, mas não corrigiu. Era um título de honra e ela não iria negá-lo. - O rei Larken ordenou que fosse entregue à senhora.
Ele havia avisado sobre a carta há quatro dias atrás e ela estava ansiosa com a espera.
- Obrigada, Devorrá. - Maylin pegou o envelope, passando os dedos pelo simbolo real no selo dourado, curiosa.
- Pode retirar-se - autorizou quando percebeu que a mulher continuava parada ali. A serva curvou-se e saiu, fechando a porta. E Maylin foi até a mesa de seu quarto, onde pegou um abridor de cartas e usou no envelope amarelado.
A caligrafia era de um rei que passará pelos melhores professores do reino à tinta preta de pena.
Querida, Maylin, convoco por meio deste sua presença para o campeonato de esgrima na próxima tarde, ao lado de fora do castelo, onde teremos os melhores espadachins de todos os reinos. Um campeonato que acontece uma vez a cada primavera.
Martin estará responsável pelas instruções a você e suas criadas em deixá-la ainda mais bela.
Particularmente, mal posso esperar para vê-la novamente.Ps. Me atualize sobre suas leituras. Aqueles livros horrendos podem surpreender?
Atenciosamente, seu Rei.
Ela leu a carta mais vezes, sem saber o que fazer. Deveria escrever de volta ou apenas esperar? E sobre os livros, seria muito melhor se ele apenas esquecesse. Maylin havia terminado o primeiro e, infelizmente, haviam mais poemas do que fatos, muitas metonimias e figurativas. Absurdamente fantasioso, como comparar anjo à cavalos alados ou a morte ao corvo e romances proibidos e os castigos dos deuses. Nada sobre ela.Maylin era uma icógnita para si mesma, seu passado era apenas as histórias que Martin contava, seus poderes algo fantasioso que ele injetou em espectativa.
Então ela se lembrou da última vez em que ele insistiu sobre seus poderes e havia um bom tempo que ele não a buscava para treinar sua genesi e ela estava, de certa forma, aliviada por isso. Os castigos do anjo às vezes deixavam-lhe exausta, quando não mais que isso e, as recompensas, muito raramente ela merecia e as que tinha eram coisas banais, como ficar alguns minutos a mais no jardim a noite. Ela adorava assistir o anoitecer de lá, mas depois de tanto esforço, parecia melhor assistir de seu quarto na torre.
Ele dizia insistente como ela era perfeita, mas Maylin não poderia julgá-lo mais errado do que isso. Ela não tinha asas e nenhuma metamorfose dos outros anjos demorou tanto quanto a sua e ela também não tinha poderes ou qualquer dom ofertado pelos deuses.
Mas agora, ela estava com grandes problemas, pois Martin fora bem claro ao dizer que ninguém poderia saber, nem mesmo seu rei que ela não era tão perfeita como ele fazia parecer. Ela estava amaldiçoada e se desconfiassem, seriam seu criador e ela decapitados em publico.
Ela respirou profundamente, limpando sua mente e molhou a ponto de sua pena de cisne branco na tinta azul.
Grande Rei, estou lisongeada pelo convite e, igualmente, mal posso esperar para revê-lo.
Ps. Os livros são fascinantes! Romances com finais felizes que creio não serem de seu agradado, mas muito obrigada por eles.
Atenciosamente, sua prometida.
Maylin borrifou seu perfume sobre o papel branco, selou-o com o selo azul do sobrenome de Martin e entregou aos guardas que ficavam sempre em sua porta.
- Faça com que chegue ao rei, por favor. Ele espera por ela.
- Sim, alteza. - Foi sua unica resposta.
Maylin se trancou novamente, sozinha e em silêncio. Ficava tanto tempo assim que era pavoroso às vezes. Voltou para sua cama, onde abriu o segundo livro, da capa preta, e aconchegou-se à cabeceira da cama. Logo na primeira página, ela sabia que aquele livro era para ela e algo frio deslizou pela sua coluna, desconfortável e ansioso.
Aos mentirosos e falsos, o juri dos deuses é letal.
Do sangue dos deuses, derramados em vasos junto aos elementos mais ostensivos na terra, pequenas coisas brilhantes e ardilosas. São criaturas com contato direto aos deuses, responsáveis por manter a ordem entre os povos, os impuros e os revoltados. Seres de luz com sede de guerra. Se o poder é a fonte da sede, sem a sede o que ele é?
No ano de 567, Duster, um guerreiro humano de belo renome, porém imprudente, bebeu do cálice, perdeu sua alma e seu juri foi cruel. Um herói se tornou vilão, mas sem sede, o que ele era? Seu coração estava preso nas montanhas e seus pés enraizados nas profundezas do sub mundo.
Quem foi Duster, o mentiroso das cortes? Apenas mais um folclore para amedrontar seus filhos rebeldes.
Assim que leu a última frase, Maylin jogou o livro com força contra a parede. Aquilo era ridículo! Não encontraria nada além de histórinhas de domir. Por um momento, ela nem mesmo entendia o que estava procurando ali, se queria encontrar algo ou apenas esquecer que estava trancada naquele quarto, por tantos anos... e agora, parecia que tudo já havia sido escrito sobre sua história e o fim parecia apenas um.
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Sucumbida Por Estrelas E Mundos [Em Atualização]
FantasiaEm um mundo encantado, a dinastia é cruel e os deuses adormeceram. O destino já foi traçado há séculos. A alma de todos já foram corrompidas. Atrações são perigosas, e ameaças serão sempre um risco.