11 - Coringa

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Quando eu acordo, estou sendo abraçado por trás.
Ou melhor: Quando eu acordo, estou sendo a parte de dentro de uma conchinha.
Eu me viro, dando de cara com a superfície do peito de Tetsuro, coberto pela blusa do pijama azul. Ele ainda está dormindo.
Como o belo "Namorado" que sou, eu o cutuco na costela até que faço ele se mexer.

— Kuroo. — O cutuco de novo. Ele resmunga um "Hm?", ainda não completamente acordado. — Acorda, hoje tem jogo.

Ele se levanta na velocidade de um raio e depois me olha, se jogando na cama de novo.

— Que maldade, gatinho — Ele suspira. — A gente nem sai mais pra jogar, falando nisso.

— Hm... Verdade — Respondo, me sentando na cama. Eu já sabia o que Kuroo iria propor. — Você quer ir lá dar uma olhada nos lugares em que a gente já jogou...

— Quero! — Ele se levantou em um pulo, de novo.

Em meia hora, estávamos no Ginásio Metropolitano de Tokyo.

— Primeira parada: Tokyo Metropolitan Gymnasium! — Ele olha ao redor. — A gente já se pegou algumas vezes aqui!

Bom, não posso dizer que mudou alguma coisa. Continua enorme. E até que relativamente limpo.
Tetsuro, por outro lado, parecia bem feliz. Sorte a dele que o ginásio estava aberto por uma coincidência do caralho, porquê seria muito chato precisar ir pegar a chave e tals só pra dar um passeio. Eu me pergunto se nas aulas de química ele aprendeu algo sobre destino. Provavelmente não, já que a faculdade dele era bem diferente de Hogwarts.

Bem, são memórias... Muitas. Realmente. Nem todas boas. Eu já quero ir embora.

— Vamos para a próxima parada? — Eu peço, meio desconfortável. São realmente muitas memórias, mas eu não sei se quero encarar todas elas de uma vez. Kuroo tira uma foto nossa aqui antes de voltarmos para o carro e seguirmos. Durante o percurso (curto) entre um ginásio e outro, eu percebo que seria dificil montar um mapa marcando todos os ginásios em que nos beijamos. Não conseguiríamos marcar todos.

— No que está pensando tanto? — Tetsuro pergunta. Eu aproveito a brecha.

— Estava pensando que eu posso pegar meu celular de volta. — Digo. Kuroo sorri e me entrega o telefone.

— Toma essa desgraça de volta, vai — Ele diz quando eu pego o objeto da mão dele. Seguimos andando devagar enquanto eu vejo o que perdi.

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Kenma 🆘
@Kodzuken✓

Finalmente, celular recuperado 😛💯🔥
@KurooTetsturoGtz te odeio bjos

TetsuTetsu, o fodão
@KurooTetsuroGtz

Tb te amo vida 😃(você tá do meu lado porra desliga esse telefone)

Eu olho para Kuroo, que guarda o próprio celular no bolso. Eu faço o mesmo.

— Te odeio. — Digo, e paramos em frente aos portões da Nekoma School. Chega a ser cômico como eu me sinto levemente intimidado pelos prédios. Infelizmente, Tetsuro percebe e segura a minha mão para me puxar até o interior da escola.
Parece que o ar é diferente aqui.

— Bom... — Kuroo ri, mais desconcertado do que animado. — Preciso mesmo fazer uma introdução? A gente se pegou em quase todo canto desse lugar...

Ele não precisava. Agora mesmo eu comecei a me perguntar "O que se passa na cabeça de alguém que consegue topar essas merdas com o próprio EX" enquanto olhava, meio brisado, para o pátio.
Foi ali que ele me pediu em namoro pela primeira vez. Tínhamos dezesseis e dezessete anos, e eu quase me matei quando nosso grupinho de amigos começou a gritar "Aceita! Aceita!" e de repente uma multidão havia se formado, e... E Kuroo me olhou, com medo de que eu não aceitasse. Não ironicamente, foi a primeira vez que eu vi medo de verdade nos olhos de Kuroo. Já vi (muita) ansiedade, nervosismo, algumas vezes raiva, até mesmo já tinha visto algumas vezes mágoa nos olhos dele, mas medo era (ainda é) muito raro. Na hora, me pareceu idiota ele ter ficado com medo de algo assim e aceitei num tom de voz tão baixo que ninguém escutou direito o que eu tinha dito.
Pensar nisso me faz rir um pouco.
Pedidos confusos para términos um pouco piores.

Imprevisto - KuroKenOnde histórias criam vida. Descubra agora