10 - Anestesiado

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Quando abro meus olhos, sinto arder.
Onde caralhos será que eu tô agora?

- Onde eu.. - Me levanto. Eu tô enxergando tudo borrado e a minha cabeça tá doendo um pouco. Assim como o resto do meu corpo, na verdade. Alguém entra no cômodo.

- Kenma, puta que pariu - É Kuroo. Ele solta seja lá o que ele tava segurando e me abraça. Por meio segundo eu penso em empurrá-lo, mas não consigo. É frustrante, na verdade, porque sequer pensar em ser fraco me dá uma aflição do caralho, e eu começo à chorar (o que meio que não me faz sentir menos um pedaço de merda).

- Desculpa... - eu sussurro. (Provavelmente é o efeito da droga, porque eu preferiria morrer do quê pedir desculpas para Tetsuro). As lágrimas fazem meus olhos arderem mais.

- Não precisa pedir desculpas, Gatinho. - Ele aperta o abraço. Quando o faz, percebo que estou tremendo.
Eu odeio essa sensação. Odeio esse cheiro horrível de hospital e odeio a sensação de ter essas agulhas enfiadas nos meus braços e odeio essa cidade. Eu não sei o que eu pensei quando decidi voltar pra cá, mas que merda.

- Quando eu vou poder ir embora? - Pergunto. Kuroo me olha com um pouco de pena.

- Te conhecendo bem, eu diria que você vai odiar a minha resposta. - Ele tenta rir. - Mas dependendo do seu estado, você vai precisar passar a noite aqui.

- A noite? - Eu o solto quase instantaneamente - Não posso passar a noite aqui, eu tenho que gravar e se eu não puder ir embora me avisa que eu pulo essa janela aqui e agora.

- Você não vai pular janela nenhuma, obrigado, e aparentemente você tá bem. - Ele diz, passando o dedo pelo meu rosto - Mas vai ficar aqui o tempo que for necessário, porque eu não sei se você sabe mas a gente tá aqui porque tentaram te sequestrar e te doparam. E doparam muito, tipo no nível de você reclamar que eu não te chamei de gatinho.

- No nível de eu o quê? - Eu esfrego os olhos.

- "Não me chama pelo meu nome, parece que você tá com raiva" - Ele imita débilmente a minha voz. - Os médicos disseram que você quase teve uma overdose.

-Meio óbvio isso da quase overdose, em condições diferentes eu não teria dito... Isso. - Fiz um gesto com as mãos (Ou tentei, porquê de alguma maneira minha mão bateu no aparelho do soro ao meu lado). Kuroo riu e eu me deitei na cama (ou melhor, me larguei na cama).

- E a sua mãe? - Perguntei. - Que horas são?

- Minha mãe tá bem. Preocupada, mas com certeza não menos do que eu. - Kuroo alfineta, e eu finjo que não percebo. - Tá enxergando bem?

- Não. - Afirmo - Tá tudo muito embaçado.

- Eu vou chamar o médico. - Ele se levanta, e sai antes que eu possa o impedir.
Ficar aqui não tá me fazendo bem, eu vou ficar louco.

Ele volta pouco tempo depois, com alguém ao seu lado.

- Muito prazer, eu sou o Dr. Miura. - Ele diz, baixo e rápido, em japonês.
Eu realmente havia me esquecido do fato de que no Japão nem todo mundo fala português.

- Kozume. Prazer. - Respondo.

- Você deve estar louco pra ir embora, então eu vou ser rápido: eu vou pintar um colírio nos seus olhos, te receitar alguns remédios eficazes e quando o soro da bolsa acabar você pode ir. - Ele continua dizendo. Eu gostei desse cara.

- Ok. - Eu olho para cima, meus olhos ardem mais um pouco por encarar a lâmpada. Depois que o médico pinga o colírio, minha visão melhora em cinco piscadas ou menos. Uau.

- Seu namorado me disse que você gosta muito de jogos, certo? - Ele pergunta e eu assinto - Bom, péssimas notícias. Eu não recomendo que você fique muito perto de telas ou as use em locais escuros, vai ser mais prejudicial à sua visão do que já é em um geral, visto que sua retina está muito sensível. - Ele disse algo como isso. Meu japonês não tá tão bom assim - E pode pingar o colírio quando sentir necessidade. Também não fique muito tempo sem piscar e durma cedo, de preferência. Se a sua cabeça e corpo ainda estiverem doendo, eu posso te passar alguns remédios.

Imprevisto - KuroKenOnde histórias criam vida. Descubra agora