a partir de agora

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Diego se sentia nas nuvens, aquela era a terceira noite dormindo ao lado de Amaury. Ao lado não, ele estava praticamente em cima do mais velho. Ignorava por completo o travesseiro e se aconchegava no peitoral nu. Era muito melhor. Quente, macio, cheiroso e ainda ouvia o compasso que fazia as batidas do coração que ama. Não tinha como o travesseiro competir com tudo isso. Com os braços de Amaury o envolvendo, suas pernas por entre as pernas do seu homem...

— Amo ficar assim com você. — disse em um tom pouca coisa mais alto que um sussurro

— Também amo quando a gente só fica assim, você coladinho em mim...  — Amaury beijou seus cabelos

E ele não queria necessariamente usar esse tempo de agora para falar sobre coisas importantes, mas era preciso. Estavam relaxando, era verdade, mas se for pensar bem, que outro melhor momento para falar sobre assuntos chatos do que em momentos bons? Uma coisa meio que compensa outra, certo?

— Por um segundo eu pensei que nunca mais teríamos momentos assim...

E talvez Diego também quisesse falar sobre essas coisas agora. Havia uma conversa pendente, afinal.

— Eu também achei que nunca mais estaríamos assim. Na verdade... — ajeitou-se de modo a manter Diego em seus braços, mas olho no olho.

— Na verdade? — Diego aguardava.

— A verdade é que eu estava decidido a não ceder. — Amaury começou baixo - Não sabia direito como faria isso, mas não te ver era a primeira coisa. E aí você apareceu aqui...

— Sua ideia era nunca mais me ver? Nem falar comigo? — Diego estava quase ultrajado. — Maury! Que absurdo!

O preto riu baixo.

— Pequetito, se coloca no meu lugar... — pediu cheio de manha — A gente tem essa coisa de pele. Mais que pele! Eu não saberia resistir a você e não queria me machucar mais, então me pareceu a melhor solução. Não sei se conseguiria manter, mas essa era a ideia.

— Você ia me ignorar?

— Não sei. Acho que não iria te ver mais pessoalmente, porque toda vez que eu te olho eu preciso te tocar. Minhas mãos vão direto pra você, já percebeu?

Diego confirmou com um sorriso, amava isso, inclusive. Amava o fato de Amaury tocá-lo como se fosse uma necessidade básica. Era quase como respirar. Amaury precisava tocar em seu corpo, por menores que fossem os toques, e ele por outro lado, se sentia quase que dependente desse contato. Amava como, independente do que estivessem fazendo, se estivessem próximos, alguma parte deles estariam se tocando. Fosse os braços, as pontas dos dedos, qualquer parte. Só precisavam se encostar.

E dava choque!

Sim, às vezes a estática era tanta que se davam choque. Química demais, concluiu.

— Pois é, pensando nisso, em como não consigo manter minhas mãos só pra mim quando o assunto é você, eu tinha decidido isso.

— Por isso tentou fugir de mim quando me viu? — Amaury concordou com um sorriso pequeno. Não havia motivos para mentir — Achou que eu iria te seduzir, é? Que só estava ali para te levar pra cama?

— Sim e não.

— Como é isso?

— Eu não acho que das vezes que a gente se encontrou você me procurou só pra sexo. Não acredito que tenha sido impessoal dessa forma. Embora você fizesse parecer e eu também, confesso.

Diego concordou. Sim, nos meses que se seguiram após fim de relacionamento eles se viram muitas vezes e em todas acabavam juntos em uma cama. Não falavam muito sobre isso, era consenso que se amavam e que se queriam, e por isso se tinham, mesmo que sem terem algo.

SOLTEIRO FORÇADOOnde histórias criam vida. Descubra agora