Capítulo 25.

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𝐄𝐥𝐥𝐢𝐞 𝐁𝐞𝐚𝐮𝐦𝐨𝐧𝐭

(. . .)

Cheguei de viagem no fim da tarde de ontem. Ethan teve que buscar o carro, e eu fui deixada em casa por William. Tomei banho e troquei os curativos. Aproveitei e comprei as passagens de ida e volta para a Inglaterra. Avisei Jake que chegaria na noite de terça-feira; as malas já estão prontas para amanhã. Não fui trabalhar hoje, mas deixei William ciente.

Consegui comprar o presente de Kath, e combinamos de nos encontrar na praia. O ponto de referência é um quiosque. Vesti um biquíni preto e consegui amarrar as costas com dificuldade. Amarrei uma canga da mesma cor e saí de carro.

Penso em como será passar pelas ruas da minha cidade, recordando-me da época da infância. Aurora adorava passeios nas praias e se divertir de pega-pega no local, sempre fora tão adorável. Costumávamos ir todo fim de semana, e depois da morte da mamãe, passou a ser um passeio entre mim e Aurora. E agora, se tornaram apenas lembranças.

Balanço a cabeça para esquecer. Paro o carro, estaciono, pego a sacola preta, bem-feitinha, de um papel mais grosso, com detalhes em dourado. Saio do automóvel e desço as escadas, entrando em contato com a areia. Os grãos pinicam meu pé, mas ignoro a sensação; faz tanto tempo que não sinto essa nostalgia.

— Eii! Ellie. — Ouço meu nome ser chamado, não penso duas vezes antes de olhar e correr para abraçar a figura alta e loira. Quando nossos braços se envolveram uma na outra, foi mágico, parecia que não nos víamos há anos.

— Que saudade, Kath!

— Eu também senti sua falta! — Ela diz, afastando-se para me olhar nos olhos. Antes que ela diga alguma coisa, estendo o presente e a entrego.

— Eu prometi, não prometi? — Dou um sorriso, e quando acho que o meu saiu radiante, o de Kath consegue vencer em vários aspectos. A loira abre a sacola com cuidado, bisbilhota dentro antes de pegar a caixa quadrada e aveludada, num tom azul-marinho. Ela me olha por um segundo e levanta a tampa. Quando vê a correntinha de ouro com pingente de sol, extremamente delicado, seus olhos ganham um brilho inexplicável.

— Você é a melhor irmã que eu poderia ter. — Ela diz, deixando-me sem palavras além de uma risada baixa.

— Comprei porque você foi a luz que apareceu nos meus dias de tempestades, loirinha. — Dou um beijo suave na testa dela. Ela não demora para colocar a correntinha no pescoço.

— Eu amei, obrigada! — Ela diz.

— Não foi só por isso que vim. Vamos caminhar um pouco na beira do mar e você vai me contar as novidades.

Ela assente, e andamos até a beira. A água morna chegou aos nossos pés e então caminhamos adiante, uma ao lado da outra, enquanto segurávamos o par de chinelos. Katherine também segurava a sacola na mesma mão.

— Mike está tentando me conquistar, acho que já estou sob efeito de seus charmes. — Ouço timidez em seu tom. Ela olha para os próprios pés.

— Você sabe que ele sempre foi mulherengo, não é?

— Eu sei... ainda estou meio confusa.

— Pelo visto, eu não sou a única.

— Hum? Como assim?! — Foi a minha vez de olhar para o chão.

— Eu e Ethan, digamos que...

— Transaram? — Ela me interrompe, e eu a observo com a sobrancelha arqueada.

— É... sim.

— Eu sabia que isso ia acontecer alguma hora. — O tom de sua risada convencida fez-me revirar os olhos. — Foi bom?

— Pra caralho. — Admito, e eu dou risada. — Estou confusa sobre o que sentir por ele também, Kath.

— Você deveria aproveitar, Ellie... Ethan realmente parece apaixonado por você, tirando a parte da obsessão. Mesmo não percebendo, ele lhe faz tão bem.

— Ethan se declarou para mim faz pouco tempo, foi tão verdadeiro. Porém, não consegui devolver as palavras de carinho. Ele me causou traumas também, não sei nada sobre Ethan, mesmo ele sabendo tudo sobre mim.

— Entendo, por que não pergunta?

— Já tentei, quase levei um esporro quando questionei sobre suas cicatrizes. Não quero invadir seu espaço.

— Ele deve ter traumas, Ellie. Tem que ajudá-lo a superá-los. Ele fez isso com você alguma vez?

— Sim, me abraçou até que eu me acalmasse e disse palavras calorosas. Isso foi especial para mim.

— Você obviamente está apaixonada. — Diz e ri. — Dá pra notar o brilho nos seus olhos quando fala sobre ele. — Kath não está mentindo, mas eu viajo amanhã para a Inglaterra. Não terei tempo de dizer as palavras entaladas na garganta, e preciso fazer isso pessoalmente. Quando essa tempestade acabar, e se acabar... terei uma conversa com o moreno.

— Mudando de assunto... vou voltar para a Inglaterra amanhã.

— Não diga que...

— Sim, vou investigar a morte de Aurora e meu pai.

— Eu adoraria ir com você, mas terei uma missão na Itália.

— Uma missão solo? — Questiono com o cenho franzido.

— Não, com Mike. Por quê?

— Por nada. — Dou um sorrisinho. Ethan também tem um objetivo lá. Talvez em cidades diferentes, não há com o que me preocupar. Ele pode ter sido enviado lá por precaução.

— Quer fazer algo para esquecer os problemas? — Questiona. Um sorriso travesso aparece em seus lábios. Ela caminha até a areia seca e deixa os chinelos e a sacola. Faz o mesmo com a saída de praia. Estranho sua ação, penso que vai entrar na água, mas apenas chega perto de mim, pousando a mão sobre meu ombro. — Peguei! — Grita e sai correndo. Dou risada antes de jogar o chinelo e a canga de lado. Corro atrás dela, sentindo-me como uma criança de novo. Meus calcanhares doem ao correr pela areia molhada, mas ignoro e continuo. A loira está a poucos metros de distância. Sinto a brisa bater contra meu corpo, os cabelos voam em sincronia, e estendo o braço para pegá-la de volta.

Corro na direção oposta, sendo perseguida, e não paro de sorrir. Olho para as ondas, então vou até elas. Sinto um pouco de dificuldade para mover as pernas na água, mas não desisto. Sinto uma pressão, olho para trás e vejo que Kath me alcançou. Mergulho na água, que está morna e com uma temperatura ótima. Quando ergo a cabeça, me deparo com a loira ao meu lado, seus cabelos igualmente molhados. Ela cospe água salgada em mim, e eu contorço o nariz em nojo.

— Eca. — Jogo água nela com a mão. Ela ri e se vinga antes que eu me vire. — Ei! — Recupero minha respiração acelerada e dou risada.

— Parecemos duas crianças.

— É, eu sei. — Deixo que uma onda passe por cima de mim, molhando meu cabelo, que fica para trás. A sensação de estar com Kath é como voltar a ser criança, mas estamos longe disso. Porém, a nostalgia é tão... confortante. Isso me faz esquecer de todos os problemas. Nossa amizade é de extrema importância para mim.

— Promete para mim que voltará sã e salva da Inglaterra? Não vai deixar que nada te abale, certo?

— Prometo. E você? Promete voltar sã e salva dessa missão?

— Sim. Eu prometo. — Ela sorri e não hesita em me dar um abraço.

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Pretendo acabar essa fic logo, viu? Até o capítulo 30!

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