Cassandra estava na casa que foi alugada pelos colegas paraenses. Tudo era estranho, novo, desconfortável pelas circunstâncias, mas suficiente para ser seu abrigo momentâneo. Apesar da boa recepção, a mulher era incapaz de desviar a sua mente da ansiedade gerada pelas operações nas quais estava inserida.
Descobriu que a Polícia Federal também estava envolvida no caso, o que já seria de se supor pela proporção que estava tomando; que a chegada dela em Santarém era esperada e veio a calhar, pois permitiria executar com mais facilidade a fase final daquele trabalho. As necessidades de Cassandra acabaram combinadas com todo um movimento que ela nem imaginava. Agora não tinha mais volta.
O principal objetivo era um flagrante. A possibilidade era palpável, visto que Rogério não cruzaria o país à toa. Havia certa comoção em torno dos próximos passos dele justamente por isso.
Cassandra tirou as roupas e entrou no banho. Sentiu a água fria caindo sobre a sua cabeça quente, lavando um pouco da angústia, fazendo escorrer para o ralo. A tensão não esvaiu, entretanto. Não seria capaz de respirar livremente enquanto não tivesse solucionado tudo. O mal-estar também era fruto do clima lá fora, bem mais quente do que em Jataí.
Após sair do banho, Cassandra se sentou na cama espaçosa, enrolada em sua toalha branca, e se jogou para trás. Encarou o teto, entregue à sensação de fim, enquanto a intuição dizia que não seria tão fácil. Era uma operação grande demais e sua responsabilidade pesava. Quantas pessoas foram traficadas? Quantas crianças caíram nas garras daquela gente?
O celular da investigadora tocou, interrompendo o silêncio opressor. Já estava um pouco tarde, então não podia imaginar quem seria. Catou o aparelho, que já estava silencioso, e viu duas mensagens. Uma delas provavelmente tinha chegado antes, enquanto estava no banho, e era de Marília.
"Pablo Tamanduá está desaparecido. Virgínia está louca, procurando por ele em toda a cidade. Já ameaçou algumas pessoas e está movendo céu e terra."
A outra mensagem era de um número sem identificação. No aplicativo de mensagens instantâneas estava registrado apenas um emoji de sol e outro de pessoa ajoelhada. Cassandra interpretou que se tratava de algum sinal de pessoa que cultiva e cultua as boas energias do universo.
"Olá Samara. Sei que está tarde, mas gostaria de sair para comer comigo? É por minha conta!"
"Obs.: Rogério, o seu conterrâneo favorito."
Cassandra sentiu um arrepio percorrer seu corpo, deixando todos os pelos eriçados. Sentiu que tinha a obrigação de aceitar porque fazia parte do caminho até a solução que todos desejavam. Avisou imediatamente aos seus contatos locais sobre o que estava acontecendo e seus próximos passos. Tinha certeza de que iriam monitorar.
Ela respondeu à mensagem:
"Claro, uai! Só vamos. Te encontro onde?"
Jogou o celular sobre a cama e saltou dela, pondo-se em pé, sentindo o coração acelerar. Precisava estar próxima, manter o contato. Pegou o outro aparelho que tinha na mala e trocou o chip que estava usando para conversar com Rogério. Era melhor separar.
Começou, imediatamente, a vestir sua lingerie. Escolheu a mais sexy que levara consigo. Precisou esperar a mensagem de resposta para entender que roupa deveria colocar sobre aquela camada de rendas finas. Enquanto isso, sentou na frente de um espelho grande que estava no quarto e começou a secar seus cabelos curtos, para fazer um penteado simples e versátil. Um topete liso, penteado para trás, com uma leve ondulação na frente. Passou maquiagem neutra, em tons de marrom, preto e cobre, apenas para destacar sua beleza natural. Aplicou desodorante, hidratante e perfume, que a deixaram com um harmonioso e suave aroma de baunilha com canela.
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Assassinato no Parque Brito
Mystery / ThrillerTetragonisca Angustula é o nome científico - e branco - de um poderoso e belo inseto de cor dourada. Uma abelha sem ferrão, pequena, nativa de regiões latino-americanas, que produz um delicioso mel, cuja suavidade é incomparável. Não fosse o suficie...