Capítulo 25

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Eu me levanto com manchas de grama nos joelhos, as palmas das mãos ardendo e sujas. Minha cabeça está girando, como se eu ainda estivesse esperando me mover com a correnteza, apesar de estar em terra.

Respiro fundo algumas vezes, absorvo a sensação do vento no rosto e os sons dele balançando as folhas das árvores. Estou cercada de aromas da terra, do Reino das Fadas, do meu lar.

Fico pensando no que Dulcamara disse: Sadie se recusou a retaliar pelo meu retorno. Isso não pode ter deixado seus súditos felizes. Não sei nem se Madoc acharia uma boa estratégia. E é por isso que tenho dificuldade de imaginar por que ele concordou, principalmente porque, se eu ficasse no Reino Submarino, ela estaria livre do meu controle. Eu nunca pensei que ela gostasse tanto de mim a ponto de me salvar. E não sei se vou acreditar se não ouvir os motivos dos lábios dela.

Mas seja qual for o motivo que a fez me trazer de volta, preciso avisá-la sobre Noah, sobre Grimsen e a coroa, sobre o plano de Caleb de que eu seja a assassina dele.

Vou na direção do palácio a pé, certa de que os guardas vão demorar mais para perceber que saí do que levaria para os cavalariços perceberem a falta de uma montaria. Mas respiro com dificuldade logo depois de começar a andar. Na metade do caminho, tenho que parar e descansar em um toco de árvore.

Você está bem, digo a mim mesma. Se levante.

Demoro muito tempo para chegar ao palácio. Quando vou na direção da porta, empertigo os ombros e tento não demonstrar como estou exausta.

— Senescal — diz um dos guardas no portão. — Seu perdão, mas você está banida do palácio.

Você nunca vai negar uma audiência a mim nem vai dar ordens que me mantenham longe de você. Por um momento delirante, me pergunto se fiquei no Reino Submarino por mais tempo do que Trina falou. Talvez um ano e um dia tenham passado. Mas isso é impossível. Eu aperto o olhar.

— Ordens de quem?

— Desculpe, minha lady — diz outro cavaleiro. Seu nome é Diarmad. Eu o reconheço como um cavaleiro em quem Madoc fica de olho, alguém em quem ele confiaria. — O general, seu pai, deu a ordem.

— Eu preciso ver a Grande Rainha — anuncio, tentando usar um tom de comando, mas uma nota de pânico surge na minha voz.

— O Grande General nos mandou chamar uma carruagem caso você aparecesse e, se necessário, ir com você. Será necessária nossa presença?

Fico parada ali, furiosa e vencida.

— Não.

Sadie não poderia me negar uma audiência, mas poderia permitir que alguma outra pessoa desse a ordem. Desde que Madoc não pedisse a permissão da Grande Rainha, não contrariaria a minha ordem. E não seria tão difícil descobrir o tipo de ordem que dei a Sadie... afinal, a maioria foram coisas que o próprio Madoc teria dito, provavelmente.

Eu sabia que ele queria governar o Reino das Fadas por trás do trono. Só não passou pela minha cabeça que pudesse encontrar o caminho até Sadie e me deixar de fora.

Eles me enganaram. Juntos ou separados, eles me enganaram.

Meu estômago se embrulha de ansiedade. 

A sensação de ser enganada, a vergonha disso, me assombra. Embaralha meus pensamentos.

Lembro de Sadie sentada no cavalo cinza na praia, o rosto impassível, a capa de pele e a coroa acentuando sua semelhança com Casey. Posso tê-la enganada para que assumisse seu papel, mas não enganei a terra para recebê-la. Ela tem poder de verdade, e quanto mais tempo fica no trono, maior se torna.

The Wicked Queen - Sadie Sink and You (pt2)Onde histórias criam vida. Descubra agora