Capítulo 20

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A armadilha para Orlagh está montada. Passo o dia com Madoc, revendo os detalhes. Criamos três horários e lugares específicos onde o Reino Submarino poderia atacar:

O barco em si, transportando uma isca, é óbvio. Precisamos de um duende para fingir ser Oak, encolhido debaixo de uma capa, e que o barco esteja encantado para voar.

Antes disso, haverá um momento durante a recepção de Trina em que Oak vai sair andando sozinho para o labirinto. Uma parte da vegetação será substituída por feéricos das árvores, que permanecerão escondidos até precisarem atacar.

E antes disso, ao chegar à propriedade de Locke para o casamento, vai parecer que Oak está saindo da carruagem em uma área aberta, visível do mar. Vamos usar uma isca nesse momento também. Vou esperar com o verdadeiro Oak na carruagem enquanto o resto da família sai e, possivelmente, o mar ataca. Se isso acontecer, a carruagem vai dar meia-volta e vamos entrar por uma janela. E, nesse caso, as árvores perto da margem estarão cheias de fadinhas prontas para identificarem os cidadãos do Reino Submarino, além de uma rede que foi enterrada na areia para capturá-los. 

Temos três chances de pegar o Reino Submarino caso tentem fazer mal a Oak. Três chances de fazer com que se arrependam de tentar. 

Nós também não negligenciamos a proteção a Sadie. A guarda pessoal dela está em alerta. Ela tem seu grupo de arqueiros, que vai seguir todos os seus movimentos. E, claro, nossos espiões.

Trina quer passar a última noite antes do casamento com as irmãs, então guardo um vestido e os brincos que vou dar a ela em uma bolsa e a amarro no dorso do mesmo cavalo que levei uma vez para Insweal. Prendo Cair da Noite em um dos alforjes, então cavalgo até a propriedade de Madoc.

A noite está linda. A brisa que sopra nas árvores carrega o odor de agulhas de pinheiro e maçã eterna. Ao longe, ouço cascos de cavalo. As raposas soltam seus gritos estranhos umas com as outras. O trinado de uma flauta vem de longe, junto com o som de sereias sobre as pedras entoando suas melodias agudas.

Abruptamente, os cascos de cavalo não estão mais tão distantes. Na floresta, aparecem cavaleiros. São sete, montados nas costas de cavalos magros de olhos perolados. Seus braços estão cobertos, a armadura manchada de tinta branca. Ouço as risadas quando se separam para me atacar por ângulos diferentes. Por um momento, penso que deve haver algum engano.

Um deles puxa um machado, que brilha na luz da lua crescente e me causa arrepios. Não, não tem engano nenhum. Eles vieram me matar.

Minha experiência lutando montada é limitada. Eu achava que seria cavaleira de Elfhame para defender o corpo e a honra da realeza, não para cavalgar para batalhas, como Madoc.

Agora, enquanto os sete feéricos se aproximam de mim, penso em quem estava ciente dessa vulnerabilidade específica. Certamente Madoc sabia. Talvez esse seja o método dele de me fazer pagar pela traição. Talvez fingir confiar em mim tenha sido uma estratégia. Afinal, ele sabia para onde eu ia hoje. E nós passamos a tarde planejando armadilhas como essa. 

Com arrependimento, penso no aviso de Finn: Na próxima vez, leve um membro da guarda real. Leve um de nós. Leve um grupo de fadinha ou um spriggan bêbado. Mas leve alguém.

Mas estou só eu. Sozinha.

Tento fazer meu cavalo correr mais rápido. Se eu conseguir percorrer o bosque e chegar perto de casa, estarei protegida. Há guardas lá, e se foi Madoc, ou não, quem mandou os cavaleiros fazer isso, ele jamais deixaria uma convidada, menos ainda sua protegida, ser morta em suas próprias terras.

Isso não se enquadraria nas regras de cortesia.

Eu só preciso conseguir.

Ouço os cascos atrás de mim enquanto percorremos a floresta. Olho para trás, o vento na cara, o cabelo soprando na boca. Eles estão cavalgando bem separados, tentando entrar na minha frente para me afastar da casa de Madoc, na direção da costa, onde não há lugar para eu me esconder.

The Wicked Queen - Sadie Sink and You (pt2)Onde histórias criam vida. Descubra agora