Epílogo

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Eu me deito no sofá de frente para a televisão. No meu colo, um prato de peixe empanado feito no micro-ondas está ficando frio. Na tela, um patinador de gelo de desenho animado está chateado. Ele não é muito bom, penso. Ou talvez seja ótimo. Sempre esqueço de ler a legenda.

É difícil me concentrar em qualquer coisa atualmente.

Vivi entra na sala e senta no sofá.

— Heather não responde as minhas mensagens — diz ela.

Apareci na porta de Vivi há uma semana, exausta, meus olhos vermelhos de tanto chorar. Rannoch e seu grupo me levaram pelo céu em um de seus cavalos e me largaram em uma rua qualquer de uma cidade qualquer. Eu andei e andei até ficar com bolhas nos pés e começar a duvidar da minha capacidade de navegar pelas estrelas. Finalmente, cheguei em um posto de gasolina com um táxi reabastecendo e levei um susto ao lembrar que táxis existem. Àquela altura, eu já não ligava mais de não ter dinheiro algum nem de Vivi pagar o motorista com um punhado de folhas encantadas.

Mas eu não esperava chegar e descobrir que Heather tinha ido embora.

Quando ela e Vivi voltaram do Reino das Fadas, acho que ela tinha muitas perguntas. E teve mais perguntas, e finalmente Vivi admitiu que a tinha enfeitiçado. Foi quando tudo deu errado.

Vivi removeu o glamour e a namorada recuperou as lembranças. Então Heather saiu de casa.

Ela está dormindo na casa dos pais, mas Vivi tem esperança de que ela vá voltar. Algumas das coisas de Heather ainda estão aqui. Roupas. O cavalete de desenho. Um kit novo de tintas a óleo.

— Ela vai mandar uma mensagem quando estiver pronta — digo, apesar de não ter certeza se acredito nisso. — Só está tentando colocar a cabeça no lugar. — Não é porque estou amargurada com relacionamentos amorosos que todos precisam ficar também.

Por um tempo, ficamos sentadas no sofá juntas, vendo o patinador do desenho não conseguir fazer piruetas e se apaixonar perdidamente — e talvez de forma proibida — pelo treinador.

Em pouco tempo, Oak vai chegar da escola e vamos fingir que está tudo normal. Vou levá-lo ao bosque do condomínio e vamos treinar espada. Ele não se importa, mas para ele é só brincadeira, e não tenho coragem de assustá-lo para que encare o treino de espadas de forma diferente.

Vivi pega um pedaço de peixe empanado do meu prato e passa no ketchup.

— Por quanto tempo mais você vai ficar emburrada? Você estava exausta por ter ficado presa no Reino Submarino. Não estava em sua total capacidade. Ela te superou dessa vez. Acontece.

— Tá — é tudo que falo enquanto ela come minha comida.

— Se você não tivesse sido capturada, teria limpado o chão com o couro de Sadie.

Nem sei bem o que isso quer dizer, mas é bom de ouvir.

Ela se vira para mim com os olhos de gato, iguais aos do pai.

— Eu queria que você viesse para o mundo mortal. E agora você está aqui. Talvez você adore. Dê uma chance.

Eu assinto com indiferença.

— E se não amar — continua ela, erguendo uma sobrancelha —,pode sempre se juntar a Madoc.

— Não posso. Ele tentou e tentou me recrutar, mas eu sempre recusei. Esse navio já zarpou.

Ela dá de ombros.

— Ele não... tá, ele ligaria, sim. Faria você sofrer muito e tocaria no assunto de forma constrangedora em conselhos de guerras pelas próximas duas décadas. Mas te aceitaria.

Olho para ela com severidade.

— E depois? Trabalhar para colocar Oak no trono? Depois de tudo que fizemos para protegê-lo?

— Trabalhar para ferrar Sadie — diz Vivi com um brilho intenso nos olhos. Ela nunca foi muito misericordiosa.

Agora, fico feliz por isso.

— Como? — pergunto, mas a parte estratégica do meu cérebro está entrando lentamente em ação. Grimsen ainda está na jogada. Se ele podia fazer uma coroa para Caleb, o que poderia fazer para mim?

— Não sei, mas não se preocupe com isso ainda — responde Vivi, se levantando. — A vingança é doce, mas sorvete é mais. —Ela vai até o freezer e pega um pote de sorvete de menta com gotas de chocolate. Traz junto com duas colheres até o sofá. — Agora, aceite este prazer, por mais indigno que seja da Rainha Exilada do Reino das Fadas.

Sei que ela não quer debochar de mim, mas o título magoa mesmo assim. Eu pego a colher.

Você precisa ser forte o suficiente para golpear e golpear e golpear de novo sem se cansar. A primeira lição é ficar forte.

Comemos banhadas pela luz tremeluzente da tela. O celular de Vivi está silencioso na mesa de centro. Minha mente está em disparada.

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OIOI VIDASS 

Chegamos ao final de mais um livro

Quero agradecer à todas que estiveram comigo desde o começo, amo cada uma de vocês

Agora fiquem com as cartas perdidas de Sadie

beijinhos da SASA💜🐍

The Wicked Queen - Sadie Sink and You (pt2)Onde histórias criam vida. Descubra agora