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Camila.

O som constante do motor preenchia o silêncio dentro do carro. A cidade passava do lado de fora, mas minha mente estava distante, vagando pelos acontecimentos do dia. Dinah e eu tínhamos passado horas no shopping, rindo e experimentando roupas que eu nem queria comprar. Apenas o típico escape para evitar pensar nas coisas que realmente importavam.

Eu olhei pela janela, vendo os portões altos da nossa casa se aproximarem. A mansão era quase um monumento de opulência. Mármore branco cobria toda a fachada, cercado por jardins perfeitamente cuidados, fontes elegantes e uma entrada larga que sempre me dava a sensação de estar entrando em algum tipo de palácio. O motorista estacionou suavemente, e eu respirei fundo antes de abrir a porta.

-Senhorita Camila, chegamos. -ele disse educadamente, saindo para abrir a porta para mim.

A mansão parecia ainda maior à medida que me aproximava da porta principal. O som dos meus saltos ecoava no chão de pedra da entrada. Duas grandes colunas emolduravam as portas de madeira escura, decoradas com detalhes dourados. Cada canto da casa parecia gritar o sucesso da minha família, algo que eu nunca consegui sentir como meu. Não de verdade.

Quando entrei, o hall principal se abriu ao meu redor. O teto alto, com lustres de cristal pendendo majestosos, refletia a luz em todas as direções. O chão de mármore brilhava, e as paredes eram adornadas com obras de arte que minha mãe fazia questão de exibir em cada canto. Meu olhar foi imediatamente capturado por eles, meus pais. Alejandro e Sinu, ambos impecavelmente arrumados, parados lado a lado, como se tivessem me esperado o dia todo.

Meu pai foi o primeiro a quebrar o silêncio.

-Hoje à noite vamos receber alguém muito importante para o jantar, Camila. Quero que você se comporte. -ele disse, sua voz baixa, mas carregada de expectativa. Era sempre a mesma conversa, o mesmo tom.

Eu me segurei para não revirar os olhos e soltei um riso debochado.

-Se for mais algum pretendente para me casar, então fique tranquilo. Não vai haver problema algum -respondi, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha. Esse jogo já estava velho, e ele sabia disso.

Meu pai suspirou, passando a mão pelos cabelos grisalhos com uma expressão de cansaço.

-É uma boa pessoa, Camila. Você vai ver.

Eu não consegui evitar o comentário que veio logo em seguida.

-Se é alguém tão bom assim, por que você mesmo não se casa com ele?

Ele fechou o rosto de imediato. Eu sabia que tinha tocado num ponto sensível. Seu maxilar travou, e por um momento pensei que ele fosse perder a paciência. Seus olhos brilharam com uma mistura de frustração e raiva.

-Camila...

Antes que ele pudesse dizer algo mais, minha mãe interveio, com a mesma calma calculada de sempre.

-Tudo bem, Alejandro. -ela disse, tocando levemente o braço dele. -Camila ainda vai mudar de ideia. Eles terão bastante tempo para se conhecer.

-Como assim teremos muito tempo? -perguntei, franzindo a testa. -Ele não vai ficar aqui, vai?

Minha mãe me olhou com um sorriso que nunca deixava transparecer nada além de controle.

-Ela, Camila. Sim, ela vai ficar hospedada por um tempo. Veio resolver algumas pendências familiares e pediu um lugar seguro para ficar.

Eu pisquei, incrédula. Claro, porque nossa casa era um hotel agora?

-Você está brincando, né? Vocês vão deixar uma pessoa que nem conhecem direito ficar aqui em casa?

AMOR EM CONTRATO -CAMREN G!P DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora