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Camila.

A chuva batia contra o vidro do carro como se estivesse tentando nos avisar de algo. Estávamos a algumas horas na estrada, e o silêncio entre Lauren e eu se tornava cada vez mais pesado. O som da chuva parecia amplificar a sensação de isolamento que eu sentia. Cada gota que caía me lembrava do que eu estava deixando para trás, minha família, minha casa, a vida que conhecia. Tudo parecia tão distante agora.

Olhei pela janela e observei a paisagem borrada pela chuva. As árvores dançavam ao vento, e os faróis do carro iluminavam sombras que se moviam rapidamente. O céu estava escuro, e uma sensação de desespero começou a se instalar no meu peito. Com um esforço, finalmente decidi quebrar o silêncio.

-Para onde estamos indo? -Perguntei, a voz quase perdida entre o som da chuva.

Lauren parecia estar tão concentrada na estrada que pareceu que minha pergunta a pegou de surpresa. Ela olhou rapidamente para mim, mas logo desviou o olhar de volta para o caminho, como se temesse se distrair.

-Itália. Florença. -ela disse, a voz firme, mas distante.

Itália. A palavra ecoou na minha mente, um nome cheio de promessas e sonhos que eu nunca pensei que experimentaria. Susurrei para mim mesma, como se fosse uma oração.

-Itália.

Mas a realidade que eu estava vivendo me puxava de volta com força. O que eu realmente tinha a ver com Florença? O que significava isso para mim agora?

Lauren, comentou sobre a chuva.

-Está muito forte. Será impossível chegar até o aeroporto assim.

Senti um fio de esperança surgir.

-Que tal pararmos em algum hotel? Só até amanhecer?

Ela hesitou por um momento, o semblante concentrado, e depois assentiu. Eu não sabia se ela estava considerando minha sugestão ou apenas concordando para me agradar. Mas, de qualquer forma, aquilo me deu um pouco de alívio. O pensamento de ter um tempo para respirar, para processar tudo isso, me parecia necessário.

Dirigimos mais alguns minutos até que encontramos um hotel à beira da estrada, ao lado de um posto de gasolina. O lugar era pequeno e parecia antigo, mas o neon piscante do sinal parecia promissor em meio à tempestade.

Lauren estacionou o carro e, antes que eu pudesse me mover, ela já havia saído e estava puxando a mala do porta-malas. O peso da noite e da chuva fez com que eu hesitasse por um momento, observando-a. Ela estava ali, firme e decidida, mas havia uma vulnerabilidade em seu olhar que eu não conseguia ignorar.

Assim que nos aproximamos da entrada, a porta automática do hotel se abriu, e o cheiro de café e produtos de limpeza invadiu o ar. Olhei ao redor, o lugar era mais acolhedor do que esperava, com um lobby iluminado por lâmpadas quentes e um tapete vermelho que parecia um pouco desgastado.

-Vamos pegar um quarto. -Lauren disse, sua voz soando um pouco mais suave, quase reconfortante.

Enquanto Lauren se dirigia para a recepção, eu me permiti um momento de reflexão. Estava prestes a entrar em um novo capítulo da minha vida, mesmo que esse capítulo estivesse sendo escrito com tinta invisível, entrelaçado com dúvidas e medos. E, por mais que eu estivesse perdida, uma parte de mim ainda queria acreditar que, talvez, as coisas poderiam melhorar.

Lauren se aproximou da recepção, e eu fiquei um passo atrás, observando-a com um misto de nervosismo e expectativa. Quando a atendente se voltou para nós, Lauren pediu um quarto. Mas antes que ela pudesse finalizar, eu a cortei.

-Espera! -exclamei, quase instintivamente. -Peça dois quartos.

Ela me olhou, e sua expressão dizia tudo. Mas, para minha surpresa, ela apenas assentiu e disse à atendente que queria dois quarto.

AMOR EM CONTRATO -CAMREN G!P DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora