No centro do salão, o caçula dos Lyon suspirava fundo e fazia cara feia, continuando a dançar a contragosto.
Leonora conhecia o mais novo desde a adolescência e fazia parte da corte há muitos anos. Esperta, foi fazendo todos os gostos da rainha e virou a boneca servil de Drawina em pouco tempo. Não obstante, enquanto o rei Deckard era vivo, Nora conseguiu percebeu o favoritismo que o monarca tinha pelo filho mais novo e isso fez a ruiva se aproximar deste com profundo interesse (pois, imaginou que, por isso, um dia se tornaria rei).
E Leonora Ravenish se tornou o único amor de Drucari por cinco longos anos.
Entretanto, tudo terminou após uma das últimas guerras em que o príncipe foi general da guarda. Desprezado por Leonora, que estava ocupada e não foi se despedir dele — sequer o visitou nas semanas anteriores, sumindo completamente —, Dru partiu com os sentimentos quebrados em uma viagem bélica difícil, que quase tirou-lhe a vida. Então, quando voltou do embate, ferido em seu físico e magoado no coração, descobriu o motivo para tamanha falta:
Ravenish estava na cama de outro nobre vivendo um tórrido relacionamento há alguns meses. Secretamente, desrespeitava o príncipe e a lealdade jurada um ao outro como casal — pois estava prestes a ficar noiva de Drucari, pedido que seria feito quando ele voltasse.
— Drawina te mandou descobrir qual dos filhos estava aqui? — Drucari perguntou com um tom seco e chateado, conhecendo a previsibilidade da própria mãe — É um disparate que em todos esses anos ela ainda não saiba nos diferenciar.
— Vossa Majestade só quis ter certeza, diferencia os dois sim — defendeu a rainha como a boa serva que era, sendo rodopiada suavemente pelo príncipe durante a dança — Dravori não sabe dançar, então não viria para o meio do salão exibir seu fracasso. Aliás, a rainha Drawina está furiosa com você. Não deveria ter se aproximado intimamente da princesa.
— Estava recebendo-a de forma amigável. Ela será da minha família em breve.
— Pareciam tudo, menos amigos. Estavam próximos demais, com muitos toques e sorrisos largos... — reclamou a ruiva com um falso bico dengoso — fiquei com ciúmes, Dru.
— Não deveria ter ciúmes de algo que não é seu.
— Por que está me maltratando?
— Não seja dramática — irritou-se, encarando-a nos olhos com desgosto —, rebater suas atrocidades não é maus-tratos.
— Ainda está magoado comigo por causa daquilo, amorzinho? Já te pedi perdão e peço quantas vezes fo...
— Precisa não. Agora é comigo. — A nova voz era grave, debochada e masculina.
Lancaster apareceu completamente do nada, como se fosse uma fumaça invisível se fazendo presente — sendo sempre um ótimo amigo e salvador do príncipe em momentos como aquele — e tomou Leonora nos braços exibindo um sorriso feito de ácido e amargura. Irritada, a ruiva quis se libertar dos braços do mais velho mas foi segurada com mais força, bufando e ficando vermelha o suficiente para ser comparada a um pimentão enraivecido.
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O INFINITO NOS TEUS OLHOS
Ficção HistóricaEm 1678, a monarquia de Itshire era fria e arrogante. Os Lyon não se importavam com os plebeus de suas terras e estes eram reduzidos a meros pagadores de impostos ou servos da corte. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀Mas Drucari era diferente. Príncipe, chefe da guarda e com u...