4- Brenda

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Assim que acordo, faço o que precisa ser feito, e só depois pego o celular. Não gosto muito de passar horas e horas com ele, portanto, evito. Depois de levantar, arrumar minhas coisas para o dia e pegar meu lanche, a campainha toca e eu vou correndo atender. Jackson me entrega o envelope.

— Toma cuidado com Eduardo Salvador, garota. — Ele avisa e sai em direção à escada do meu prédio.

Fico tão eufórica que não penso em mais nada. Vou correndo para a secretaria da faculdade. Felizmente consigo desconto nas mensalidades mais atrasadas, sou grata à secretária por isso, já que como estão vencidas teriam muitos juros a serem quitados.

Assim que saio da secretaria ligo para Renata, fiquei tão empolgada em finalmente pagar tudo que nem me passou pela cabeça falar com ela.

Assim que a ficha cai, me dou conta de que preciso pagar uma dívida absurda com um agiota, que nem sei como ou com quem se parece.

Eduardo

O prazo para Brenda me pagar venceu há duas semanas. Nesse meio tempo, ela não atendeu minhas ligações e nem respondeu minhas mensagens. Não resta outra opção senão fazer com que ela entenda com quem está se metendo.

Pego meu celular e mando mensagem para Jackson. Foi ele quem me trouxe esse problema. Assim que mando mensagem pedindo para que ele me diga em que pé está para a garota me pagar, ele responde que preciso resolver pessoalmente com ela.

Jackson é bem esperto, sabe o que acontecerá com a garota se não me pagar, então tratou logo de tirar o dele da reta. Não gosto de machucar garotas, mas ela precisa de uma lição e pretendo pegá-la de surpresa.

Brenda

Estou desesperada. Não consegui juntar dinheiro suficiente para pagar a dívida e o agiota não para me enviar mensagens. Tentei falar com Jackson para ver se ele consegue um novo prazo, mas eles simplesmente me ignora. O combinado era que eu teria três meses para pagar o valor todo. Pensei que poderia ir pagando um pouco no decorrer dos meses antes do prazo final, mas meu aluguel aumentou e tive um problema de saúde em que precisei fazer vários exames.

Sigo perdida em meus pensamentos, até que alguém me traz de volta. Stefano vem até mim e me tira de onde quer que minha mente esteja. Ele e Renata são meus melhores amigos. Mas claro que Renata está em primeiro lugar em tudo.

— Perdida em algum lugar, ou em alguém, docinho? - pergunta Stefano.

— Já disse para não me chamar assim, é estranho. E não, só estava pensando que logo tudo isso vai acabar e em pouco tempo estarei formada - não menti, apenas omiti a verdade.

Ele não entenderia. Stefano é o típico garoto rico que teve tudo e tem diversos privilégios devido às condições financeiras de seus pais. Isso inclui batidas de carro em alta velocidade sem punição e por aí vai. Não que ele seja criminoso, já que seria incapaz de fazer mal a alguém. Eu o conheço melhor que qualquer pessoa e sei que ele é extremamente gentil e sempre disposto a ajudar. Por isso não contei sobre a faculdade, ele iria pagar e eu me sentiria péssima com isso.

O sinal toca, avisando que Stefano precisa ir para a próxima aula, ele me dá um beijo na testa e saí correndo. Tem pessoas que desconfiam que já ficamos, mas isso nunca nem passou pela minha mente. Não o vejo como nada além de um amigo, e imagino que ele também me veja assim.

Meu celular toca na minha bolsa. Vasculho os bolsos procurando o aparelho, com certeza deve ser Renata me ligando para avisar que acordou atrasada e que preciso inventar uma desculpa para o seu professor.

Mas não é minha amiga. Nem preciso atender para saber quem está me ligando. É o mesmo número que venho evitando há duas semanas, quando o prazo para pagar minha dívida venceu. Jackson não me atende, então não tenho outra opção senão atender.

— Fiquei imaginando por quanto tempo você ignoraria minhas ligações. De duas uma, ou você esqueceu a data de pagar o que me deve ou esteve fazendo isso de propósito porque não tem em mãos o meu dinheiro.

Um calafrio sobe pela minha espinha. A voz grave transparece que ele não me ligou para saber como está sendo meu dia. Quando me emprestou o dinheiro, deixou bem claro o que aconteceria comigo caso eu não cumprisse com nosso acordo.

As palavras ficam presas na minha garganta. Já ouvi vários relatos do que acontece quando se mete com um agiota. Eu deveria estar drogada quando concordei em pegar dinheiro com um cara que nunca vi. Mas na época, eu estava topando qualquer coisa para não ter que recorrer a minha mãe ou a ajuda da minha amiga.

Sem ter outra saída, resolvo fazer a única coisa que posso, admitir que não tenho todo o dinheiro. Não posso mentir, e nem sei o que me espera, então o melhor é falar a verdade. Não gosto que sintam pena de mim, mas se for necessário, usarei essa arma para que ele me dê um novo prazo.

— Oi. Sinto muito se não atendi suas ligações. Minhas aulas estão consumindo todo o meu tempo.

— Não liguei para bater um papo entre amigos. Você me pediu um valor emprestado e eu te emprestei. E também foi informada do prazo para me pagar. A pergunta é: por que ainda não recebi o meu dinheiro?

Meu coração bate tão forte que tenho medo de que as pessoas ao meu lado estejam ouvindo as batidas dele.

— Eu sei do combinado, porém não consegui juntar todo o dinheiro. Juro que estou tentando, não vou fugir nem nada, mas tudo se complicou. Preciso de um novo prazo, por favor.

Um longo silêncio se instalou do outro lado da linha.

— Você foi avisada e concordou com os termos. Não haverá um novo prazo.

A linha fica muda e sinto a bile subindo pela minha garganta.

Acordo Perigoso (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora