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Amanheceu e a cortina do quarto estava aberta, a claridade foi ao encontro do rosto de Brenda que despertou no impulso. A memória da noite passada voltou aos poucos. A morte do Stefano, o sexo na floresta, a sensação de pertencer a Eduardo, o corpo doendo e cobrando o preço de todo estresse que passou. Brenda levanta, toma um banho e desce dando de cara com Eduardo saindo do escritório com o celular na mão parecendo pensativo. Quando chega ao último degrau da escada ficam de frente um para o outro, olhando-se por segundos que mais pareciam horas, perguntas pairando no ar, mas nenhum dos dois com coragem de cortar o momento.

Eduardo decide aproximar-se mais um pouco e, nesse momento, a realidade volta em um rompante. Brenda toma a iniciativa e questiona:

— O que passou na sua cabeça em fazer aquilo com Stefano? — Com olhos cheios de lágrimas, aguarda a resposta.

— Ele não tinha boas intenções, queria você para ele e eu vi vocês dois conversando e parecia que havia bastante intimidade, muitos sorrisos... sorrisos demais para alguém que é apenas amigo. — responde dando de ombros como se não tivesse feito nada demais.

— Ele era meu melhor amigo, seu doente. - lágrimas escorrem pela bochecha dela.

— Stefano já não existe mais, temos um acordo e não quero ninguém atrapalhando meus planos, você é minha.

— Eu NÃO sou sua, tira isso da sua cabeça! Você não liga para as vontades e sentimentos de ninguém, só pensa em você, nada mais importa.

Eduardo se aproxima devagar, com os olhos semicerrados e a mandíbula travada.

— Coelhinha, você está certa, eu só penso em mim, afinal, eu sou o SALVADOR, esqueceu? Se eu pensasse só em mim como você mesmo disse, para quem você teria recorrido quando precisasse de dinheiro? Ninguém seria tão piedoso como eu fui com você, não gosto de ingratidão e você nesse momento está sendo ingrata. — Ele responde com o coração quase explodindo.

— Me desculpa se não agradeci por ter me sequestrado, mantido em cárcere privado e ter matado meu melhor amigo por ciúmes! — diz ela com sarcasmo. — Realmente, muito obrigada por deixar a minha vida pior do que já estava. E, olha, eu juro, juro Eduardo, que eu achei que não poderia piorar, mas olha só, você conseguiu essa proeza, então, muito obrigada.

Ela se afasta sem lágrimas mais para chorar, mas com a raiva tomando seu corpo de uma forma que parece que vai entrar em combustão se não se afastar dele.

— Se está tão ruim assim e você não admite que as coisas mudaram entre nós... Vá embora, Brenda. Dane-se o maldito acordo! Vá ser feliz longe de mim. Tente! Eu te liberto do cárcere! Mas saiba que se você for, será como se eu nunca tivesse existido.

Brenda volta para o quarto cogitando até em pedir o dinheiro para a mãe na intenção de pagar o que faltava e se livrar dessa situação. Contudo, ao mesmo tempo, o coração dela dizia que tinha alguma coisa acontecendo entre eles. Ela não podia estar louca, o sentimento era quase tangível de tão intenso.

Eduardo sai transtornado de casa batendo a porta, sobe em sua moto e sai em disparada na intenção de tentar colocar os pensamentos e sentimentos no lugar. E mais uma vez Shakespeare estava certo, afinal, até de muito doce a gente enjoa e toma horror ao que era coisa boa.

Brenda sai do quarto com sua barriga roncando, vai à cozinha, abre a geladeira, pega uma jarra de suco com um sanduíche e, quando fecha o eletrodoméstico, quase derruba tudo com o susto que levou. Uma mulher ruiva surge encostada na porta da cozinha com os braços cruzados despreocupados e, em seu rosto, um sorriso cínico.

— Quem é você?! O que está fazendo aqui? — Brenda pergunta exagerada.

Coelhinha — A mulher estala a língua — Sou Victoria, uma amiga, vim fazer uma visitinha.

Acordo Perigoso (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora