capítulo 2

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"Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes."

Valentina Albuquerque era a mais nova de três filhos de Marcos Albuquerque. Quando ela tinha apenas sete anos, sua mãe faleceu, deixando um vazio imenso em sua vida. Seu pai, um homem de negócios ambicioso e muitas vezes frio, tinha que criar os três filhos sozinho. Ele parecia dar mais atenção aos acordos financeiros do que à felicidade dos filhos.

Aos treze anos, Valentina foi surpreendida por uma decisão que mudaria sua vida. Seu pai a prometeu em casamento a Carlos, um homem muito mais velho e abastado. Valentina, ainda uma adolescente, mal compreendia o que estava acontecendo. O casamento seria quando ela completasse dezoito anos, e Marcos aceitou a oferta em troca de uma generosa quantia de dinheiro.

-Você vai se casar com ele, Valentina. É o melhor para todos nós-, disse seu pai, sem emoção.

-Mas, pai... eu nem o conheço!- Valentina tentou argumentar, com lágrimas nos olhos.

-Conhecê-lo não é importante. Ele é um homem rico e pode garantir o futuro da nossa família-, respondeu Marcos, inflexível.

Aos dezoito anos, Valentina se casou com Carlos. O casamento foi uma prisão emocional para ela. Carlos era autoritário, agressivo e controlador. Ela suportou três anos de sofrimento ao lado dele, até que um dia, ele morreu em um acidente de carro. Ao receber a notícia, Valentina, ao invés de chorar, sentiu uma sensação de alívio. Pela primeira vez em anos, ela se via livre. Ela herdou uma boa soma de dinheiro, mas o que mais a confortava era a liberdade que agora tinha.

Apesar de toda essa turbulência, Valentina sempre teve uma forte conexão com seu irmão Igor. Ele era um homem introvertido e reservado, e, ao contrário de muitos homens da sua idade, não tinha interesse em relacionamentos amorosos, algo que muitas vezes o deixava melancólico.

-Às vezes me sinto... sozinho- Igor confessou certa vez para Valentina, enquanto os dois caminhavam pelos campos da fazenda.

-Você é uma pessoa incrível, Igor. Acredite, o amor vai te encontrar quando for o momento certo. Não se apresse- ela disse, com um sorriso gentil.

Pedro, o irmão mais velho, era o oposto. Sempre rodeado de pessoas, Pedro estava organizando uma grande festa para comemorar seu aniversário. A fazenda estava cheia de convidados, e o céu estava nublado, trazendo um clima agradável para o evento, que se desenrolava em meio a risadas e conversas animadas.

Entre os convidados estava Marcelo, um velho amigo de Pedro. Desde que conheceu Valentina, ele parecia estar sempre à espreita, tentando flertar com ela em cada oportunidade que surgia.

-Valentina, você está mais bonita a cada dia- disse Marcelo, tentando chamar sua atenção enquanto ela passava pela varanda.

Ela, porém, não estava interessada. Desde a morte de Carlos, a ideia de se envolver com alguém novamente parecia distante. A solidão, ao contrário do que muitos poderiam pensar, lhe fazia bem. Era como se, finalmente, ela estivesse se reencontrando consigo mesma.

-Obrigada, Marcelo-, disse Valentina, sem dar muito espaço para continuar a conversa.

Valentina respirou fundo e olhou para o horizonte nublado. A fazenda era um refúgio para ela, um lugar onde podia finalmente se sentir em paz, longe das pressões e expectativas que a vida lhe impusera até então.

Valentina era uma mulher bonita, com um sorriso radiante que iluminava seu rosto e trazia alegria ao ambiente. Seu amor pelas flores era evidente; ela dedicava horas a cuidar do jardim, falando com cada planta como se fossem amigas íntimas, mesmo que seu coração estivesse trancado em um labirinto de emoções não resolvidas.

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