capítulo 3

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"Quando a floresta está seca qualquer faísca pode virar incêndio.

Luiza entrou em seu escritório, onde sua amiga e advogada, Eduarda, já a esperava. Assim que a viu, Eduarda não pôde deixar de notar o visual da amiga, vestida de preto dos pés à cabeça. Todos que a conheciam sabiam que, apesar de não amar o falecido marido, Luiza sempre fora fiel e justa enquanto estiveram juntos. Bonita, ela chamava a atenção tanto de homens quanto de mulheres. Desde a morte do marido, estava solteira, mas nunca sozinha. No entanto, qualquer homem que ousasse se aproximar dela teria que lidar com uma mulher feroz, quase como uma onça.

- Então, o que descobriu sobre as ações do meu pai contra os Albuquerques? - perguntou Luiza, sem rodeios.

- Seu pai vem se aproximando bem de Marcos Ele conseguiu sabotar alguns dos negócios da família e já obteve metade da fazenda. Marcos está praticamente nas mãos dele - respondeu Eduarda, séria.

- Ótimo - murmurou Luiza, satisfeita, enquanto pegava uma bebida e oferecia à amiga, que educadamente recusou.

- Os Albuquerques vão pagar por tudo. Mas e os irmãos? Me fale sobre eles - insistiu Luiza, os olhos brilhando com uma intensidade que só a vingança poderia acender.

- Pedro é um mulherengo, gasta muito e vive se envolvendo em escândalos. Igor é mais centrado, cuida da fazenda com mais responsabilidade. Valentina, a mais nova, é viúva e possui um bom patrimônio - detalhou Eduarda, com o tom profissional de quem sabia que não podia deixar passar nenhuma informação.

O nome de Pedro trouxe à superfície um ódio que Luiza vinha reprimindo por anos. Na sua mente, ele e Marcos eram os grandes responsáveis por todo o sofrimento que ela e sua família haviam passado.

- Perfeito Descubra mais sobre Pedro, esse verme, e sobre Valentina - ordenou Luiza, já traçando os próximos passos em sua mente.

Eduarda hesitou por um instante antes de perguntar:

- Você tem certeza de que quer seguir com esse plano? Você não precisa de nada deles, nem de dinheiro, nem de poder.

Luiza, com um olhar firme e impassível, respondeu:

- Eduarda, por respeito à nossa amizade, eu não pedi a sua opinião. Só eu sei o que é necessário ou não. Agora, vá atrás do que eu te pedi.

Eduarda baixou a cabeça, reconhecendo o tom final da conversa.

- Sim, desculpe. Boa noite - respondeu, saindo rapidamente da sala.

- Boa noite - murmurou Luiza, enquanto ficava sozinha, imersa em seus pensamentos.

Ela caminhou lentamente até a janela, observando a escuridão lá fora. Seu coração estava pesado com as lembranças de tudo o que havia perdido. A honra , sua irmã, o sofrimento da sua família, a fome, a humilhação... E tudo isso, ela sabia, era culpa dos Albuquerques. Eles pagariam por cada lágrima que haviam causado.

jamais poderia ter feito algo assim quando seu marido ainda estava vivo. Ele nunca teria concordado com seus planos de vingança. Por mais que não houvesse amor entre eles, seu marido prezava pela justiça e a retidão, e não permitiria que ela se envolvesse em algo tão perigoso e calculista.

Ela suspirou, sentindo o peso da solidão e do silêncio que agora preenchia o escritório. Sentou-se na cadeira de couro atrás da mesa, apoiou a cabeça nas mãos e, sem perceber, o cansaço do dia e das lembranças a fez adormecer.

Algum tempo depois, foi despertada por um toque suave. Ao abrir os olhos, viu seu filho, de cabelos desalinhados, mexendo nela com a delicadeza típica de uma criança curiosa.

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