scars. [wolfstar]

1.

Abro a porta com passos pesados, ainda carregando o estresse do dia, e encaro o garoto largado sobre a cama, de fones de ouvido. Grito:

- Sirius Black!

Ele se vira automaticamente. Ao perceber minha expressão furiosa, tira os fones e revira os olhos, desdenhoso.

- Já sei o que vai dizer, mas não me arrependo!

- Você e James são dois imbecis! A Minerva está procurando vocês por toda parte, e o Severus está furioso.

Claro, Snape era um idiota mesquinho e provocava os dois com frequência. Por causa da personalidade explosiva de James, ele sempre respondia os insultos, mas nunca partia para agressões físicas. Até que, de repente, Severus aparece com um olho roxo, e a primeira pessoa em que penso é Sirius.

- Não pode me culpar por defender a gente. E por que você não está dando uma bronca no James também?

- Porque tenho certeza de que não foi o James quem machucou Severus!

Sirius revira os olhos de novo. Talvez ache que eu coloco pressão demais sobre ele. Mas, se eu não o mantivesse na linha, já teria sido expulso ou teria destruído a escola inteira.

Normalmente, Severus não me atacava diretamente. Talvez porque eu nunca provocava ele. Mas hoje de manhã, James e Sirius o irritaram mais do que o normal, e esse foi o primeiro ataque direto. "Os arranhões dele são nojentos!" E então, Sirius avançou sobre ele como um animal.

- Eu não estou bravo! - Eu estava. - Só espero que vocês dois não se rebaixem ao nível dele!

- E não vamos! Mas temos que admitir que, às vezes, ele passa dos limites - respondeu ele, cruzando os braços.

De certa forma, Black estava certo, mas partir para a agressão poderia causar problemas. Sinceramente, James e Sirius pareciam a um passo de serem expulsos, e eu já não aguentava mais me estressar com os problemas desses dois.

- Eu não estou negando isso.

- Remus está certo! - disse Peter pela primeira vez. Sirius revirou os olhos novamente, enquanto eu sentia um breve sorriso surgir no meu rosto. Gostava de estar certo.

- Não se empolgue. O Pete é um puxa-saco.

Também não era mentira.
Finalmente um pouco mais relaxado, me joguei na cama.

- Não se envolvam em mais problemas.

Sirius sorriu, colocou o fone de volta nos ouvidos, e eu peguei um livro sobre astrologia, folheando as páginas para tentar lembrar onde tinha parado. Tudo estava silencioso e em paz... até que James interrompeu.

- A Evans está apaixonada por mim! - bradou alegremente. Sirius franziu a testa, Peter levantou a sobrancelha, e eu deixei escapar uma risada, quase sem querer. Ao observar a reação dos outros, a animação de James diminuiu.

- Uma garota da Corvinal, que foi minha dupla na aula de Poções hoje à tarde, disse que ouviu Marlene contar que Docas ouviu a Lily dizer: "James Potter é um idiota babaca com um rosto bonito".

- Ela te chamou de idiota babaca! - arqueei a sobrancelha, sem entender o que havia de bom nisso. James me olhou como se eu fosse um ignorante.

- Mas ela o chamou de bonito! - Quando Sirius abriu a boca, um sorriso surgiu no rosto de James.

- Finalmente alguém que entende.

- Não, ela te chamou de IDIOTA BABACA bonito. - eles reviram os olhos quase que em sincronia.

- Você não entende nada sobre a lógica das mulheres, Moony. - James sorriu, pronto para começar um discurso sobre a importância desse momento "tão significativo".

Como amigo de Lily, eu sabia exatamente o que ela quis dizer, e com certeza não era que estava perdidamente apaixonada por James. Mas, no meio de toda a empolgação e o apoio de Sirius, esses dois nunca me escutariam.

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Acordo com o sol batendo em meu rosto. As janelas estavam abertas, mas James, Pete e Sirius já não estavam mais nas camas. Levanto-me lentamente, observando ao redor, quando a porta do banheiro se abre.

- Pads, onde está todo mundo?

Ele me lança um olhar de canto enquanto penteia os cabelos com os dedos.

- O James acordou mais cedo, porque ontem descobriu que a Evans frequenta a biblioteca nesse horário. E o Pete, como sempre, foi atrás, feito um cachorrinho.

Sorrio brevemente, passando a mão pelos cabelos, ainda um pouco sonolento.

A imagem de Pads à minha frente era quase majestosa. Seus cabelos caíam sobre o rosto de forma suave, e havia também o jeito desleixado com que ele nunca colocava o uniforme para dentro da calça, quase como um rebelde despreocupado.

Normalmente, evito ficar olhando fixamente. Pads é um bom amigo, e eu seria um completo idiota de arruinar isso por causa de desejos passageiros. Mas, naquele momento, parecia impossível desviar o olhar. Quando ele se vira, reviro os olhos e direciono meu foco para as camas vazias.

O silêncio é interrompido por um momento quando voltamos nossos olhares para James, que entra pela porta, todo saltitante.

— A Lilian te pediu em casamento? — brinco.

Ele revira os olhos, mas rapidamente recupera o entusiasmo.

— Eu fiz uma piada com ela, e ela respondeu "Você é um idiota" e... sorriu pra mim!

— Ela te chamou de idiota! — exclama Sirius, rindo. - isso é perfeito!

Às vezes, eu realmente acho que Sirius está certo quando diz que eu não entendo a lógica das mulheres. E, sendo um cara gay, eu realmente não compreendo o entusiasmo do James em relação a qualquer coisa que Lily faça.

— Cara — Sirius se vira para mim com um sorriso malicioso — garotas são complicadas. Mas uma coisa todo homem sabe: se ela te chama de idiota e ainda sorri em seguida, isso é praticamente uma declaração de amor!

— Não acho que esse seja o caso da Lily — comento, tentando ser o mais realista possível.

Naquele momento, sinto que sou o estraga-prazeres, mas alguém tem que trazer James de volta à realidade. Para ser sincero, até que eles realmente se casem, eu jamais acreditaria que Lily flertaria com ele.

Enquanto os dois continuam conversando animadamente, me arrumo devagar, me preparando para mais um dia de aulas. Principalmente Poções e Runas Antigas — essa última, uma das minhas favoritas.

Descendo as escadas, escuto James cochichar sobre a beleza de Evans, uma garota que, admito com certa relutância, é bastante bonita. Nesse momento, uma outra garota passa por Sirius na escada. Eles trocam olhares e sorrisos quase instantâneos. No início, não dou muita atenção, mas, droga, ela parecia um anjo. Talvez eu estivesse um pouco com ciúmes... mas jamais admitiria isso. Ridículo.

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Ao chegar na sala de aula, jogo meus livros sobre a mesa com um baque.

— Pra que tudo isso? — pergunta Sirius, com uma sobrancelha levantada.

— São as matérias de hoje! Você acha muito porque nunca traz nenhum material.

— Não preciso. Tenho você, tipo uma Wikipédia ambulante.

Às vezes, acho Black muito despreocupado. Ele nunca presta atenção de verdade, sempre rodeado de garotas. Às vezes, penso que ele ainda não entendeu que suas ações têm consequências — e hoje, ficou claro que não entendeu mesmo.