𝐈𝐦𝐩𝐞𝐫𝐢𝐚𝐥 𝐥𝐨𝐯𝐞

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟒

A sala era um labirinto de sombras, perfumada pelo aroma acre do charuto de Miguel. A mesa de mogno, imponente, era o centro das atenções. Os três homens, figuras proeminentes da família, aguardavam impacientes.

— O plano falhou miseravelmente. A velha Artemis é uma cobra astuta. Mas Thomas está fora do jogo, e logo será história. — Miguel exalou uma nuvem de fumaça, seus olhos cintilando com uma frieza glacial.

Diego, mais impulsivo que o irmão, bateu a mão na mesa. — E agora? Vamos esperar mais quanto tempo?

— A caçada está próxima. A cidade inteira estará em frenesi, e as alfas, mais poderosas do que nunca. É a nossa chance. Mas temos que ser pacientes. A última coisa que queremos é uma guerra aberta com as Artemis. Ainda não.
Suga, o coreano, entregou um envelope a Miguel.

— Novas informações. Parece que as Artemis ganharam uma nova ômega. Uma Lupus pura.
Miguel franziu o cenho. Uma Lupus pura. Uma força da natureza. A cidade já era um barril de pólvora, e agora isso. A caçada seria mais perigosa do que imaginavam."

"Miguel cravou os olhos na janela, a chuva batendo contra o vidro como um eco de suas frustrações. As Artemis haviam triunfado. A ômega Lupus pura, a joia da coroa que ele tanto cobiçava, agora pertencia àquela maldita família. Um rosnado escapou de seus lábios, abafado pela raiva que o consumia.

— E aquela alfa... A amante de Nick. — Diego perguntou, a voz carregada de ressentimento.

— Ela participara da caçada. — Suga confirmou, sua voz baixa e rouca.

Rafaello bateu a mão na mesa, a madeira ecoando no silêncio da sala. — Se elas marcarem suas ômegas, estaremos perdidos. A lealdade dos soldados dos lobos será maior e não poderemos ir contra elas.

Miguel se levantou, caminhando de um lado para outro. A sala parecia menor, as paredes se fechando sobre ele. — As Artemis... Sempre um passo à frente. Mas não se enganem, irmãos. Ainda temos cartas para jogar. Essa guerra ainda não acabou."

Miguel parou diante da janela, observando a chuva deslizar pelo vidro. Seus pensamentos fervilhavam. As Artemis sempre conseguiam manter o controle, mas ele sabia que um deslize, por menor que fosse, poderia virar o jogo.

— Precisamos de uma isca. Algo que as faça sair da toca. — murmurou, sem tirar os olhos da tempestade lá fora. — A ômega Lupus pura é o nosso ponto fraco. Elas não vão arriscar perdê-la. Se mexermos no vespeiro certo, as Artemis vão reagir.

Diego, ainda inquieto, não parecia convencido. — E o que sugere? A caçada está próxima. Se perdermos essa oportunidade, estaremos condenados.

— Não seremos nós que atacaremos. — Miguel virou-se, um sorriso frio se formando em seus lábios. — Vamos fazer com que os outros façam o trabalho sujo. Há muitos alfas na cidade famintos por uma chance de dominar. Daremos a eles motivos suficientes para agir... e deixaremos que a pressão faça o resto.

Rafaello balançou a cabeça, parecendo aprovar a estratégia. — Então, sem guerra aberta... apenas manipulação. Inteligente.

Suga, sempre atento, fez um gesto com a cabeça em direção ao envelope que Miguel ainda segurava. — As informações dentro desse envelope são o que precisamos. A chave para acender a faísca entre os alfas.

Miguel abriu o envelope com cuidado, seus olhos passando rapidamente pelos papéis. Ele sorriu ao ver o conteúdo.

— Perfeito. Sabemos onde a nova ômega Lupus pura estará durante a caçada. Agora, só precisamos garantir que os alfas certos saibam também.

Os irmãos trocaram olhares cúmplices. Era uma jogada arriscada, mas a mais inteligente que tinham no momento. Se tudo corresse como planejado, as Artemis teriam que lutar em múltiplas frentes. E quando estivessem mais vulneráveis, Miguel faria sua jogada final.

— Preparem tudo. — Miguel ordenou. — A cidade estará em chamas antes que a noite termine.

E com isso, ele se sentou novamente, o rosto sombrio iluminado pela chama do charuto recém-acendido. A guerra não havia terminado... ela estava apenas começando.