Capítulo 9

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GIZELLY

O resto da semana foi severamente estressante. Na quinta-feira cheguei em São Paulo indo direto para a delegacia, resolver sobre o b.o dos meus dois funcionários. Depois fui para GB e todos já me esperavam para uma reunião extraordinária. Nem preciso dizer que eu soltei os cachorros em todos, e não só em quem estava envolvido diretamente na briga. No entanto, com eles eu fui um pouco mais severa. Me impus de maneira rigorosa, para lembrarem que a empresa não está largada às moscas, e que apesar de eu estar longe, estou de olho em tudo. No fim, dei uma advertência em todos os envolvidos indiretamente, e suspensão para os dois protagonistas da luta corporal que houve.

Na sexta-feira dei andamento ao caso, a qual um dos advogados em questão estava atuando. Tomei a frente pois nenhum outro estava disponível naquele momento, e enquanto isso Jaqueline faria o trabalho de conseguir espaço nos honorários de um dos outros advogados.

No sábado passei o dia trancada no meu escritório particular, em meu apartamento e estudei um pouco sobre o processo. Queria entender o que estava acontecendo, e logo soube que no domingo seria o dia da reconstrução de cena do crime.

E lá se vai eu, participar de mais uma reconstrução. Meu domingo foi todo tomado por esse evento.

Na segunda-feira, logo pela manhã, dei uma entrevista para a imprensa. Os repórteres estavam acampados em frente ao edifício da Advocacia GB Criminal, desde que souberam que eu estava em São Paulo. Conversei com todos e disse brevemente sobre a situação. Fui honesta em todas as perguntas, ocultando algumas coisas que pudessem prejudicar a imagem da minha empresa. Os burburinhos na internet e nas emissoras haviam dado uma trégua, e eu não queria que voltasse a repercutir através da minha entrevista.

A terça-feira e a quarta foram mais tranquilas. Na terça mesmo, Jaqueline me procurou em minha sala e avisou sobre ter conseguido transferir o caso para o doutor André, um de nossos advogados. Com isso, eu já poderia respirar mais tranquila e então usei a quarta-feira para fazer a fiscalização geral da empresa. Geralmente faço todo fim do mês, me mantendo por dentro do balancete e de tudo que rolou durante todo o mês. Todavia, aproveitei a viagem.

Diante de tantos acontecimentos, estou aqui, sentada no sofá do home bar, observando a vista incrível do meu apartamento. Enquanto isso, ouço uma música bem baixinha e degusto de um whisky e alguns petiscos. Por um instante voltei no tempo, quando eu era solteira e morava aqui sozinha. Eu aproveitava a minha solitude desta maneira, e gostava absurdamente dessa paz. Entretanto agora, não consigo ficar mais de uma semana aqui, sem minha família.

Meu quarto que antes era de solteiro, com apenas minhas coisas nos armários e no closet, agora comporta os pertences de Rafaella também. O único quarto que então era de hóspedes e depois transformei no quarto do meu primogênito, agora armazena duas camas infantis e uma enxurrada de brinquedos. E o restante dos cômodos, com fotos de nós quatro espalhados em cada canto.

Esses seis dias serviram de muita coisa. Rafaella estava em seu período de meninas e sempre que estar assim, sai faíscas entre nós. Embora ela não entre nos dias vermelhos por conta do anticoncepcional injetado em seu corpo, ela não deixa de passar por alterações nos hormônios. Geralmente eu lido com paciência, pois eu entendo que tudo aflora. No entanto, dessa vez foi diferente. Se eu ficasse em casa, com esse turbilhão de coisas que estava acontecendo aqui, brigaríamos feio talvez. Mesmo que depois venhamos nos arrepender, o caldo já teria entornado. Nos primeiros dias em que cheguei aqui, ela ainda estava chateada pela nossa situação e por eu ter vindo tão de repente. E sobretudo, eu precisar ficar todos esses dias por aqui. Mas conforme o tempo foi passando, nossas guardas foram abaixadas. Eu também estava chateada com as insinuações que ela fez ao meu respeito sobre o reaparecimento de Fernanda, mas eu entendi sua reação.

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