GIZELLY
Terminei meu expediente e já passava das sete. Agora eu estava parada no trânsito, indo em direção a casa de Bianca primeiramente, à pedido de Rafaella. Aproveitei que o sinal estava fechado para tirar meu telefone celular do modo avião e entrar em contato com a nossa comadre, avisaria que estava chegando. Mas quando o sinal de internet voltou para o aparelho, uma chuva de mensagens e ligações perdidas chegou junto. A maioria de Rafaella.
A primeira coisa que eu fiz foi enviar uma mensagem para Bianca. Depois tentei retornar a ligação para Rafaella, mas ela não atendeu.
Meu telefone celular estava no suporte, então entrei no sistema de câmeras e as imagens da minha casa apareceram no monitor acoplado no painel. O mosaico apresentava seis sinais diferentes, cada um em um cômodo. Lucca estava em seu quarto, brincando com o vídeo game. Alícia na sala assistindo tv e Rafaella na cozinha, preparando algo. Supus ser o jantar. Aparentemente tudo estava em ordem em casa, então preferi não tentar ligar para ela outra vez. Conversaríamos quando eu chegasse.
Depois que peguei a encomenda com Bianca, dei partida para casa. Alguns minutos depois, eu estacionava na garagem.
Peguei meus pertences e desci do carro, acionando o alarme. Logo entrei em casa. Alícia já não estava mais no sofá, mas a tv ainda estava ligada. E pelos sons de vozes, ela estava na cozinha com a mãe.
Deixei as coisas na sala e segui até onde elas estavam.
- A mamãe chegou!- A pequena apontou para mim e logo veio correndo.
A peguei no colo.
- Tá pesada, em...- Ela sorriu sapeca e eu segui até Rafaella, com ela grudada em mim. - Cadê a Nena?-
Perguntei, deixando um beijo em sua bochecha. Ela estava séria, nem me olhou de volta.
- Está de folga.-
- Hmmm, isso é galinhada?- Ela não respondeu, continuou mexendo as panelas. - Se eu soubesse que você faria o jantar hoje, eu teria vindo mais cedo.- Brinquei e ela finalmente me encarou.
- Onde você estava?-
- Como? No escritório.- Ela desviou o olhar sério e pegou a panela, se afastando. Franzi o cenho. - O que houve?-
- Você sabe quem está no Rio?-
- Quem?- Coloquei Alícia no chão e ela voltou pra mesa.
- Não sabe? Sua amiguinha, ex funcionária. E eu espero muito que o motivo de você ter chegado tarde justo hoje, não esteja ligado à chegada dela.-
Franzi o cenho mais uma vez.
- Eu não tô entendendo, dá pra me explicar?- Rafaella não parava, ela andava de um lado para o outro, pondo a mesa para jantarmos. - Rafa, estou falando com você.-
- A Fernanda, Gizelly!-
- Doutora Keulla? O que ela veio fazer aqui? E como você sabe?-
- Aquela mulher vulgar teve a indecência de me procurar no gabinete essa tarde.-
Arregalei os olhos e a vi se sentar, servindo o prato das crianças.
- O que ela queria? Foi afrontar você?-
- Pediu uma reunião pra falar sobre um cliente. Eu nem peguei o caso dela, está nas mãos do Allan.-
- Vai ver ela foi direto em você, por saber que você é a chefe ali.- Ela me encarou com um olhar mortal.
- Ué, você não está abaixo do procurador geral?-- Está mesmo procurando uma justificativa pra ela? Quem precisa de defesa é o cliente dela e não ela.-
- Não é justificativa. Não nesse ponto, de defende-la... Rafa, você entendeu. Eu já fiz isso, não lembra? Quando precisei resolver o problema da Flay, eu fui direto em quem eu sabia que podia resolver. Você! Talvez ela só tenha pensado assim.-
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