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Alice Veiga

O Allianz Parque estava lotado, o verde das arquibancadas vibrando com os gritos da torcida. O Palmeiras estava em campo para mais um clássico importante, e a expectativa era alta. Do camarote reservado para amigos e familiares dos jogadores, eu podia sentir a energia eletrizante, apesar do incômodo crescendo no fundo da minha mente. Gabriely estava ao meu lado, conversando animadamente sobre o desempenho recente do Endrick, que, segundo ela, estava pronto para marcar um golaço.

— Tenho certeza que ele vai brilhar hoje — Gabriely disse, os olhos brilhando enquanto assistia o aquecimento dos jogadores. — E o Richard também vai se destacar, pode apostar.

Eu forcei um sorriso, tentando ignorar a sensação de que algo ia dar errado. Desde a conversa com o Raphael, eu mal conseguia tirar Richard da cabeça. O beijo, os olhares, o jeito como ele me fazia sentir... tudo me deixava cada vez mais confusa.

— O que foi? — Gabriely me olhou de lado, franzindo o cenho. — Você tá estranha desde que chegamos aqui. Tem a ver com o Richard, né?

— Não é nada — menti, virando a atenção para o campo. — Só tô um pouco cansada, sabe? Muito trabalho.

— Claro que tem a ver com ele — ela insistiu, cruzando os braços. — Alice, você sabe que pode me contar qualquer coisa, né?

Eu suspirei, pensando em como responder sem parecer uma bagunça emocional, mas fui salva do interrogatório quando os jogadores começaram a entrar em campo. O estádio explodiu em aplausos, e vi Gabriely dar um sorriso largo quando Endrick apareceu no telão, pronto para dar início ao jogo.

— Olha lá, meu amor! — Gabriely quase saltou da cadeira, acenando animadamente como se ele pudesse vê-la dali. Eu ri do entusiasmo dela, tentando deixar meus pensamentos confusos de lado e aproveitar o momento.

O jogo começou intenso, com ambos os times disputando cada bola como se fosse a última. Raphael, como sempre, estava dominando o meio de campo com sua precisão e liderança, e Richard já mostrava seu talento em algumas jogadas decisivas. E então, aos 25 minutos do primeiro tempo, veio o que todos esperavam: Endrick recebeu um passe perfeito de Raphael e, com uma finalização impecável, mandou a bola para o fundo da rede.

— Gooooool! — Gabriely gritou, levantando os braços em comemoração, enquanto o estádio inteiro vibrava. Eu me juntei à euforia da torcida, batendo palmas e sorrindo ao ver a alegria de Endrick em campo.

Mas meu alívio durou pouco.

— Olha quem tá aqui — Gabriely murmurou, apontando discretamente para a entrada do camarote. Meu coração gelou quando vi Nathalia entrando, acompanhada de uma amiga, com aquele ar de superioridade que eu conhecia bem demais. Desde que a confusão entre ela e Richard começou, parecia que ela estava em todos os lugares, fazendo questão de ser vista.

— Claro que ela tinha que aparecer... — murmurei, mais para mim mesma do que para Gabriely.

Nathalia e sua amiga se aproximaram do grupo onde estávamos, e eu imediatamente senti a tensão aumentar. Ela lançou um olhar afiado para mim, mas não disse nada. Pelo menos por enquanto.

O jogo continuava, mas minha atenção já estava totalmente desviada. Nathalia conversava com a amiga, mas era óbvio que ela estava esperando uma oportunidade para causar. Gabriely, percebendo o clima, trocou olhares comigo, como se dissesse "fica tranquila, tô do seu lado".

— E aí, Alice — a voz de Nathalia cortou o ar de repente, forçando um sorriso que não alcançava os olhos. — Tudo bem? Faz tempo que não te vejo por aqui.

Eu sabia onde aquilo ia dar, mas me recusei a morder a isca. — Tudo ótimo, Nathalia. E você?

— Ah, eu tô bem — ela disse, fingindo uma indiferença exagerada. — Só acompanhando o jogo, sabe? Vendo como as coisas estão indo. E você? Aproveitando bastante o seu tempo com o Richard, né?

Gabriely bufou ao meu lado, e eu senti meu estômago revirar. Nathalia estava se divertindo com a situação, mas antes que eu pudesse responder, ela continuou.

— É engraçado, né? Porque a gente ainda tá resolvendo nossas coisas, mas parece que tem gente que não consegue esperar.

Eu ia abrir a boca para retrucar, mas Gabriely foi mais rápida. — Nathalia, acho que quem não tá esperando aqui é você, né? Todo mundo sabe o que tá acontecendo, então para de fingir que você é a vítima nessa história.

Nathalia ergueu uma sobrancelha, surpresa pela resposta afiada de Gabriely. — Ah, claro, você é a melhor amiga da Alice, né? Sempre pronta para defender. Mas, honestamente, você deveria ficar fora disso. Não é da sua conta.

Gabriely deu um passo à frente, e por um segundo, achei que a coisa fosse realmente sair do controle. — Sabe o que não é da sua conta? Ficar jogando indiretas e fazendo cena. O Richard não é um brinquedo, Nathalia. E se você tivesse mais respeito por ele, já teria resolvido isso de outra forma.

A amiga de Nathalia interveio, colocando a mão no braço dela e tentando acalmá-la, mas Nathalia já estava com o rosto vermelho de raiva. Eu sabia que aquilo só estava começando.

— Você vai se arrepender de falar assim comigo — Nathalia sibilou, seus olhos brilhando de fúria.

— Eu não preciso de arrependimento quando tô falando a verdade — Gabriely respondeu sem perder o tom firme.

O jogo continuava rolando no campo, mas ali no camarote, uma nova batalha estava prestes a começar.

A fanfic é bem calma graças a deus KKKKKKK

Lisboa, Entre Nós, Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora