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Alice Veiga

O jogo continuava eletrizante, mas no camarote, a tensão entre nós estava prestes a explodir. Nathalia me encarava, os olhos cheios de raiva, e antes que eu pudesse pensar em uma resposta, ela avançou, sua mão levantada no ar.

Eu me preparei, lembrando de reflexos e treinamentos que tinha feito anos atrás para autodefesa. Nathalia tentou me acertar com um tapa, mas fui mais rápida. Desviei e segurei seu braço no ar, olhando diretamente em seus olhos.

— Não vem pra cima de mim, Nathalia — eu disse com firmeza, tentando manter a calma. — Você não sabe com quem tá mexendo.

Mas ela não recuou. Sua raiva só aumentou, e dessa vez, ela tentou me empurrar com mais força. Senti o sangue começar a ferver nas minhas veias. Já tinha sido paciente o suficiente, mas ela estava ultrapassando os limites. Quando Nathalia tentou me acertar de novo, dessa vez, eu não recuei.

Meu punho se fechou, e o próximo movimento foi instintivo. Atingi Nathalia com um soco rápido no estômago, o impacto a fez tropeçar para trás, chocada. Ela arfou, segurando a barriga, mas antes que eu pudesse reagir, ela veio para cima de mim com mais fúria, os braços descontrolados tentando me acertar de qualquer maneira.

Foi o ponto de ruptura. Perdi a paciência.

Peguei Nathalia pelos ombros e a joguei contra a parede do camarote, sem muita dificuldade. A adrenalina me dava mais força do que eu sabia que tinha, e o barulho da multidão ao redor parecia ter desaparecido. Só conseguia ouvir o som da minha própria respiração pesada enquanto Nathalia tentava se recompor.

— Chega! — gritei, enquanto a via se levantar devagar, claramente atordoada. Mas ela não desistiu, e antes que eu percebesse, Gabriely já estava ao meu lado, partindo para cima da amiga de Nathalia, que havia tentado se aproximar.

A confusão estourou no camarote. Gabriely puxou a amiga de Nathalia pelo cabelo, e as duas começaram a brigar também. O cenário estava completamente fora de controle, e a torcida nem parecia notar o caos que acontecia acima deles.

Foi então que ouvi uma voz familiar gritando ao longe. — Alice! Gabriely!

Olhei na direção do som e vi Endrick, Raphael, Richard e Dudu correndo em nossa direção, todos com expressões de puro choque. Endrick foi o primeiro a chegar, e ele imediatamente se meteu entre mim e Nathalia, puxando-a para longe antes que eu pudesse acertá-la de novo.

— O que tá acontecendo aqui?! — ele gritou, olhando para mim com incredulidade.

— Ela começou! — eu apontei para Nathalia, ainda furiosa. — Eu só me defendi!

— Se defendeu? — Nathalia gritou, tentando se soltar dos braços de Endrick. — Você me atacou, sua louca!

— Para com isso, Nathalia! — Richard finalmente chegou, segurando o braço dela com firmeza, sua voz baixa e séria. — Não é assim que você resolve as coisas!

Raphael estava tentando separar Gabriely e a amiga de Nathalia, que também estavam aos tapas e puxões de cabelo. O caos continuava, mas os jogadores finalmente conseguiram intervir, puxando as duas para lados opostos.

Dudu olhou para mim e balançou a cabeça, claramente desapontado. — Alice, o que deu em você?

Eu estava ofegante, ainda sentindo a raiva queimando dentro de mim, mas vendo a expressão de todos ao meu redor, comecei a perceber a extensão do que tinha acabado de acontecer. Nathalia estava toda machucada, o rosto vermelho e o cabelo despenteado. Eu também não estava em melhores condições, e Gabriely... bem, Gabriely estava sorrindo como se tivesse acabado de vencer uma luta de MMA.

— Foi ela que começou — Gabriely murmurou, ainda ofegante. — Não podíamos deixar barato.

Richard olhou para mim, seus olhos sombrios e cheios de uma mistura de preocupação e algo mais difícil de identificar. — Alice, a gente precisa conversar... mas agora não é a hora. Vamos sair daqui antes que isso fique pior.

Eu respirei fundo, sentindo o peso da adrenalina começando a diminuir. Endrick, ao meu lado, me puxou gentilmente, indicando que era hora de ir embora antes que a situação saísse ainda mais do controle.

O jogo continuava no campo, mas a nossa batalha no camarote estava longe de terminar.

Lisboa, Entre Nós, Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora