Crime Inestimável

Capítulo 8

Melinda ignorou o toque insistente do celular pela décima vez naquele dia. Ainda não tinha chegado em casa, e muito menos respondido as perguntas do marido, porque a curiosidade venceu qualquer preocupação em esclarecer as coisas. Inspirou profundamente, e agradeceu com o olhar o esforço da secretaria na sua frente.

-Desculpe pelo trabalho.

-Não encontrei nada a respeito.

-Tem certeza?

-Não tem informações a respeito de quem pagou as suas mensalidades.

-Era uma bolsa.

-Ah, não. Isso não é possível. -negou.-Não oferecemos bolsas.

-Senhora, eu tenho certeza de que era uma bolsa.

-Senhorita Jones...-tentou ser paciente.-Como informei, essa escola não oferece nenhum tipo de bolsa.

-Então como é possível que vocês não tenham nenhum registro a respeito de quem pagou as mensalidades? -franziu a testa.

-Deve ter acontecido algum problema.-lamentou. -Se deixar um meio de contato posso te ligar caso encontre alguma coisa.

-Não precisa. -negou. -Pelo menos encontrou o resto das informações? Sobre a minha mãe?

-Não nunca houve uma Clarisse Jones aqui.

-Entendi...obrigada.

Melinda deixou a escola com a cabeça a mil, porque não precisava de muitos dados pra conseguir juntar as peças. Sua mãe jamais pagaria uma escola daquele porte, mas conseguia pensar em quem tinha dinheiro sobrando para financiar os seus estudos. A família Van Hoff era rica demais pra mandar os filhos pra qualquer colégio, então era óbvio que todos tinham estudado ali, e também já tinha ficado bem claro que sua mãe jamais foi colega de qualquer um deles. Onde as duas tinham se conhecido? A que ponto essa amizade tinha chegado? Pagar a escola cara da filha de uma amiga não é muito comum. E o mais importante de tudo, porque ela descidiu mentir e esconder esse fato?
Conhecia esse tipo de pessoas tão bem que a possibilidade de simplesmente perguntar foi imediatamente descartada. No instante que ousasse questionar aqueles dados, Abigail daria um jeito de mentir e enterrar qualquer informação que levasse a verdade. Por isso, só tinha uma alternativa disponível, e discou a sequência de números que fez questão de memorizar.

-Eu estava começando a pensar que você nunca ligaria.

-Preciso de um favor.

-Me sinto usado.

-Amir. -revirou os olhos. -É importante.

-Pode falar.

-Você sabe onde eu estudei?

-Aham. Burguesa safada.

-E você nunca achou estranho?

-É claro! Acha que nunca investiguei isso?

-E descobriu alguma coisa?

-Eu teria te contado.

-E por que nunca me disse nada?

-A sua mãe era bonita e jovem...eu achei que ela tinha um caso com algum riquinho e que pagava os estudos assim.

-Achou que ela era prostituta?

-Amante. -explicou. -Eu nem consegui encontrar registros bancários. Seja quem for tinha dinheiro, e alguém fez um ótimo trabalho por ele.

-Se tiver um nome, consegue mais informações?

-Posso tentar.

-Preciso que encontre alguma ligação entre a minha mãe e Abigail Van Hoff.

-Uh...ta me pedindo pra sentar em cima de um formigueiro. Eles tem hackers muito bons.