Ensinar - cap 7

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Wednesday digitava rapidamente, os olhos fixos na tela, mas com uma leve frustração crescendo. Seus dedos pausaram por um segundo, enquanto ela refletia sobre a última frase.

Wednesday (escrevendo): Então é assim que acaba? Me traindo no primeiro dia. Me deixou sozinha para encarar tudo isso enquanto você foi... fazer o quê mesmo? Nem ao menos um "volto logo". Nunca vou te perdoar por isso.

Ela bufou, balançando a cabeça de leve, quase rindo da própria dramaticidade. Era claro que ela estava brincando, mas, como sempre, o tom sombrio era inevitável. Deu uma rápida olhada para o canto da tela, observando se a resposta de Divina já havia chegado.

Minutos depois, a resposta aparece:

Divina: Traição? Nada disso, minha pequena gótica. Eu só queria ver se você sentiria minha falta. Confessa, você já estava começando a sentir, não é? Mas não se preocupe, vou voltar o mais rápido possível. Não vou deixar você congelar sem mim por perto.

Wednesday revirou os olhos, um sorriso quase imperceptível brincando em seus lábios.

Wednesday (escrevendo): Sentir sua falta? Nem por um segundo. Mas sim, é melhor você voltar logo, antes que minha paciência acabe. Não sou muito boa em perdoar traidoras, sabe... especialmente as que fogem logo no primeiro dia.

Ela enviou a mensagem, fechou o laptop com um suspiro leve, ainda com o eco da brincadeira na mente. Desligou o computador sem hesitar, empurrando a cadeira para trás. Deu uma última olhada no relógio, percebendo que estava tarde e o silêncio ao redor apenas acentuava sua fome.

"Macarrão instantâneo parece bom agora", murmurou para si mesma, indo direto para a cozinha.

Na manhã seguinte, Wednesday acordou com o som suave da chuva batendo contra a janela. O céu estava coberto de nuvens cinzentas, criando a atmosfera sombria que ela tanto adorava. Sem pressa, ela se levantou e foi fazer suas higienes matinais, aproveitando o silêncio úmido do dia.

Após se arrumar, abriu o armário e pegou um conjunto confortável para o frio. Vestiu o casaco cinza com o Umbreon bordado, que havia escolhido especialmente para dias como aquele, e completou o look com uma calça do mesmo tom, adornada com uma discreta Great Ball na perna esquerda. A combinação perfeita para um dia nublado e chuvoso. Ela olhou rapidamente no espelho e, satisfeita, saiu do quarto pronta para enfrentar o clima do jeito que mais gostava: envolta no frio e no silêncio.

Depois de se vestir, Wednesday pegou seus fones de ouvido e o celular, já preparada para enfrentar a manhã ao som de sua playlist sombria favorita. Com o capuz do casaco levemente puxado sobre a cabeça, desceu as escadas em silêncio.

Ao chegar à cozinha, deu de cara com sua mãe, calmamente sentada à mesa, tomando café. Morticia levantou o olhar, com aquele sorriso suave e enigmático que sempre carregava.

"Bom dia, querida," disse ela com a voz suave, mas Wednesday apenas respondeu com um aceno mínimo, enfiando um dos fones no ouvido.

Ela não tinha muita paciência para conversas matinais, especialmente quando estava no humor ideal para aproveitar o clima do lado de fora.

Ao chegar na escola, Wednesday passou pelos corredores sem sequer diminuir o ritmo, indiferente ao barulho e ao movimento típico da manhã. A chuva continuava a bater nas janelas, e o som abafado das gotas combinava perfeitamente com o clima cinzento que a envolvia. Ela atravessou as portas da sala de aula, sem dar atenção a ninguém, e escolheu seu lugar de costume, no canto mais afastado e perto da janela, onde a luz fraca e o frio do lado de fora a acalmavam.

Sentando-se, tirou o celular do bolso e encaixou os fones nos ouvidos. Com um toque ágil, abriu o emulador de Pokémon White 2. O familiar som de início do jogo ecoou suavemente em seus fones, quase como um ritual diário. Ela tinha todos os cartuchos originais em casa, cada um guardado com cuidado na sua prateleira. A coleção era impecável, cada jogo, desde os clássicos até as edições mais recentes, organizados cronologicamente. Mas Wednesday sabia que trazê-los para a escola era impensável. Quem, em sã consciência, arriscaria carregar por aí suas preciosidades? Itens colecionáveis que valiam não apenas financeiramente, mas também pelo valor sentimental de horas e horas de jogo? Carregar algo tão caro e frágil era fora de questão.

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