Por quê, Enid? - Cap 4

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Quando o sinal do fim do primeiro período finalmente soou, Wednesday se levantou, sendo uma das primeiras a sair da sala. O dia tinha sido entediante e a ideia de passar mais tempo isolada só a deixava mais ansiosa. Ela estava ansiosa por um momento de paz no pátio, onde poderia se concentrar em seus desenhos ou em seus pensamentos sobre Pokémon.

No entanto, ao se dirigir para o pátio, um grupo de meninos e três meninas a cercaram, bloqueando seu caminho. Era Xavier, Tyler, Bianca, Ajax e uma amiga de Bianca que Wednesday não reconhecia. O ar ao redor dela parecia se tornar mais denso, e um peso no estômago surgiu quando ela percebeu que as risadas e provocações vinham em sua direção.

— Olha só, uma criança andando pela escola! — gritou Xavier, com um sorriso sarcástico nos lábios. O grupo começou a rir, enquanto Wednesday tentava manter a compostura.

Ela respirou fundo, pronta para responder, mas então, algo a fez hesitar. Ao fundo, avistou Enid, rindo junto com o grupo, a expressão de alegria no rosto. O coração de Wednesday disparou, um misto de confusão e desilusão a atingindo. Era como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre ela.

“Como assim, Enid?” pensou, sentindo-se paralisada. Uma parte dela desejava entender, mas a outra se sentia traída ao ver sua única pessoa que ela conseguiu amar juntando a esse grupo de bullying.

— Você também vai rir? — Wednesday perguntou, sua voz mais baixa do que gostaria, enquanto tentava manter a frieza em seu olhar, mas a dúvida já começava a tomar conta dela.

Enquanto o grupo continuava a zombar, Wednesday percebeu que as coisas estavam mudando, e o que parecia ser um simples primeiro dia de aula agora estava se transformando em um pesadelo social.
  A frustração tomou conta de Wednesday, e a paciência que tentava sustentar começou a se esvair. Ela se endireitou, enfrentando o grupo com um olhar desafiador.

— Se eu sou uma criança, então vocês são apenas um bando de imaturos que precisam fazer os outros se sentirem mal para se sentirem melhores — disparou, a voz fria e cortante. — Talvez se vocês passassem menos tempo implicando com os outros e mais tempo se preocupando com suas próprias vidas, não estariam aqui tentando me menosprezar.

Os meninos ficaram em silêncio, surpresos com a resposta direta. Bianca abriu a boca, mas Wednesday não deu ouvidos.

— E não se esqueçam, a única razão pela qual se sentem superiores é porque têm uma autoestima tão baixa que precisam arranjar alvos para se sentir bem — continuou, seus olhos afiados como facas.

Com isso, Wednesday virou as costas para eles e começou a andar, cada passo firme e determinado, ignorando as vozes irritadas que surgiram atrás dela. Ela se sentia poderosa, quase aliviada por finalmente ter falado.

No entanto, ao olhar de relance, viu Enid parada, a expressão de surpresa estampada em seu rosto. Era como se a alegria que normalmente iluminava seus olhos estivesse em conflito com a realidade que acabara de testemunhar. O coração de Wednesday se apertou, mas não havia tempo para se preocupar com isso. Ela precisava de um momento sozinha para processar tudo o que estava acontecendo.

Wednesday caminhou até o pátio, buscando um canto mais afastado, sob a sombra das árvores. Precisava de um momento para si mesma, longe de todos os olhares, longe das provocações. Sentou-se no chão, encostando-se contra o tronco de uma árvore robusta.

Com um suspiro cansado, pegou seu celular e colocou os fones de ouvido, procurando uma música que a ajudasse a se desligar daquele caos. O som suave da melodia preencheu sua mente, criando uma barreira contra o barulho externo.

Enquanto observava os alunos passando, alguns rindo, outros conversando animadamente, seus olhos se fixaram em um grupo jogando Uno em uma mesa próxima. As cartas voavam de mão em mão, acompanhadas de risadas e discussões leves sobre quem estava trapaceando.

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