Capítulo 7: Lysandre

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A aula de História começou com o professor Faraize falando pausadamente sobre a Revolução Industrial. Lysandre normalmente apreciava História, mas a voz monótona e arrastada do professor parecia transformar cada fato interessante em uma névoa sonolenta. Ele manteve a postura ereta, como sempre fazia, mas seus olhos vagaram discretamente para o lado, onde Camille estava sentada.

Ela não escrevia nada sobre a aula. Em vez disso, seus dedos se moviam ágeis sobre o papel, rabiscando pequenos desenhos nas margens do caderno. Ele reconheceu formas abstratas e, às vezes, figuras mais definidas — talvez olhos, pétalas de flores, e símbolos que pareciam aleatórios. Os traços dela eram precisos e espontâneos ao mesmo tempo, como se sua mente estivesse longe dali.

Lysandre observou-a por mais tempo do que pretendia. Havia algo em Camille que ele não conseguia decifrar completamente. Não era só sua aparência — embora ela fosse, de fato, atraente de uma maneira delicada e natural. Era a forma como ela parecia estar ali e, ao mesmo tempo, distante, como se carregasse um segredo profundo demais para ser revelado.

Ele desviou os olhos de volta para o quadro-negro por um momento, tentando se concentrar no que o professor dizia. Mas as palavras sobre fábricas e máquinas a vapor se perdiam em sua mente enquanto ele pensava em Camille. Por que ela despertava essa curiosidade nele? Não era como se ela fosse como as outras pessoas. Camille parecia não se encaixar, como se vivesse em um ritmo diferente do resto do mundo.

Talvez fosse a maneira sutil como seus olhos buscavam a janela sempre que estavam em silêncio. Ou o fato de que ela havia lhe perguntado, do nada, sobre universos paralelos — algo que poucos ousariam discutir em uma manhã comum. Lysandre não tinha certeza do que havia por trás daquela pergunta, mas a intensidade nos olhos dela quando o fez ainda o intrigava.

Ele deslizou o olhar novamente para o caderno dela, onde novos rabiscos começavam a surgir. Camille parecia alheia ao que acontecia ao redor, completamente imersa naqueles traços. Lysandre se perguntou o que passava por sua mente naquele momento. Seria ela uma alma perdida, assim como ele? Alguém que também se sentia desconectado, sempre à procura de algo mais?

A atração que ele sentia por ela era diferente de qualquer coisa que já havia experimentado. Não era puramente física; era como se ele quisesse compreender cada nuance de sua essência, decifrar as camadas que ela parecia esconder. Camille era um enigma, e ele sempre gostou de enigmas.

Faraize seguiu falando sobre mudanças sociais, mas Lysandre mal o escutava. O mundo parecia pequeno demais para alguém como Camille, e talvez fosse isso que o atraía tanto. Ela parecia estar de passagem, como uma viajante que caiu ali por acidente. Ele não sabia se ela estava em busca de um lar ou de uma saída — talvez ambos.

Enquanto a voz do professor continuava ecoando ao fundo, Lysandre decidiu que queria descobrir mais sobre ela. Não era apenas curiosidade, era algo mais profundo. Ele precisava entender o que fazia Camille parecer tão deslocada e, ao mesmo tempo, tão fascinante.

Enquanto Faraize continuava com sua fala cansativa, Lysandre inclinou-se discretamente na direção de Camille, tomando cuidado para que o movimento passasse despercebido pelos outros alunos. A proximidade trouxe o perfume leve dela, algo que ele não conseguiu identificar, mas que o fez gostar de estar mais perto.

— Camille... — ele sussurrou suavemente, o tom quase como uma melodia escondida entre palavras.

Ela ergueu os olhos do caderno, surpresa pela aproximação dele. Seus rabiscos cessaram, e por um momento ela apenas o encarou, como se tentasse decifrar por que ele havia quebrado aquele silêncio entre os dois.

— Gostaria de acompanhar o ensaio? — perguntou Lysandre, um leve sorriso surgindo no canto de sua boca. — Castiel e eu vamos tocar no porão mais tarde.

Através do Espelho - LysandreOnde histórias criam vida. Descubra agora