Camille estava em pé diante de sua enorme estante de livros, mordendo o lábio enquanto deslizava os dedos impacientes pelas lombadas coloridas. O cheiro familiar de papel lhe trazia uma sensação de conforto, mas ela precisava decidir rápido qual livro levaria para seu primeiro dia de aula.
— Vampire Knight? Não, já li. Fruits Basket? Releitura demais. Ouran High School Host Club? Muito leve para hoje. — Ela resmungou para si mesma, frustrada. Seus olhos continuaram correndo pela coleção, entre romances, aventuras e fantasias. "Kamissama Hajimemashita? Pandora Hearts? Argh! Já li todos mil vezes..."
Ela soltou um suspiro impaciente, empurrando o peso do corpo para o outro pé. Aquele dia era especial, afinal era seu último ano no ensino médio, e queria encontrar um livro que fosse tão significativo quanto. Alguma história que a acompanhasse bem nas horas livres, mas nada parecia novo o suficiente para o momento.
— Camille! — a voz de sua mãe ecoou do andar de baixo. — Vamos, filha! Já está quase na hora, você precisa sair logo!
Camille revirou os olhos. Cecília, sua mãe, sempre tão pontual e prática, não entendia como uma decisão dessas podia ser importante. Fechou a estante com um movimento irritado, deixando a escolha do livro para depois, e saiu do quarto descalça, com passos leves e rápidos pelo piso frio.
No corredor, passou os dedos pelos cabelos curtos, tentando ajeitá-los minimamente. Seu corte tinha vida própria — ou, ao menos, era assim que ela se sentia em dias como aquele. Ao chegar à cozinha, o cheiro acolhedor de café fresco e pão quente a envolveu.
Sebastien, seu pai, lia o jornal como de costume, vestindo sua camisa xadrez favorita, e sua mãe, Cecília, já servia uma tigela de frutas para o café da manhã. Camille se sentou à mesa, jogando o corpo na cadeira com um suspiro exagerado.— Dormiu bem? — perguntou Sebastien, por trás do jornal.
— Mais ou menos — murmurou Camille, sem muita convicção.Cecília lançou-lhe um olhar sugestivo enquanto se virava para pegar a chaleira.
— Aposto que passou a noite pensando em qual mangá levar hoje — provocou, sorrindo de canto.
Camille deu de ombros. Era verdade, mas ela não ia dar o braço a torcer. Pegou uma fatia de pão e passou geleia sem muito entusiasmo.
Enquanto mordiscava o café da manhã, ouviu o portão se abrir com um rangido familiar. Logo depois, a porta da sala bateu suavemente, e uma voz animada anunciou:
— Bom dia, família! Espero que todos estejam prontos para o grande dia da nossa estrela!
Era Agatha, sua tia. Camille sorriu involuntariamente ao vê-la entrar com um sorriso radiante, equilibrando a bolsa no ombro e uma sacola cheia de coisas que ninguém pediu.
— Oi, tia Agatha — cumprimentou Camille, enquanto a mulher depositava a sacola sobre a mesa.
— Olha só para você! Tão crescida, indo para o último ano! — Agatha a puxou para um breve abraço, esmagando-a um pouco no processo, mas com aquele afeto caloroso que só a tia conseguia transmitir.
— Você é quem vai me levar hoje? — Camille perguntou, tentando disfarçar a curiosidade por trás da voz.
— Claro! Quem mais teria esse privilégio? — respondeu Agatha, piscando alegremente. — Além disso, trouxe um presentinho para o início do ano.
Agatha mexeu na bolsa, remexendo entre papéis e objetos barulhentos, até que puxou algo envolto em um pano de veludo bordô. Quando revelou o conteúdo, Camille viu um pequeno espelho de mão com moldura de metal antigo. Havia algo curioso nele — uma aura vintage e estranha, como se não pertencesse àquele mundo moderno.
— Isso é para você — disse Agatha, estendendo o espelho. — Era da sua tataravó. Achei que você gostaria de tê-lo para este novo capítulo da sua vida.
Camille pegou o espelho com cuidado. A moldura era leve, mas parecia carregar uma espécie de história não contada. Seu reflexo piscou de volta para ela, mas por um breve momento, parecia haver algo a mais ali. Algo difícil de explicar.
— Obrigada, tia — murmurou Camille, ainda intrigada com o presente.
— Então, pronta para encarar o dia? — perguntou Agatha, pegando as chaves do carro.
— Acho que sim — Camille respondeu, embora não soasse muito convincente.
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Através do Espelho - Lysandre
FanfictionCamille Lemoine nunca foi uma garota comum. Reservada, tímida e obcecada por mangás, sua rotina em Paris se resumia a pilhas de quadrinhos e horas solitárias de jogos. Mas tudo muda no instante em que, ao abrir um espelho de mão antigo presenteado p...