Seis

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Na semana seguinte...

— Eu já vou! - A campainha tocava seguidamente.

— Espera caralho. - Resmunguei baixo. Eu abri a porta com raiva.

- Boa tarde. - Jordan, o cara da cafeteria, disse. Que vergonha.

— Ah, oi. É o garoto da cafeteria não? - Fiquei constrangida pelos meus maus modos.

— Boa memória. - Ele arqueou as sobrancelhas. - E você é a garota do café, não?

— Isso aí. O que faz aqui?

— Vim devolver o livro da Jenny. Ela está? - Ele adentrou seu olhar.

— Ela e Sabrina foram fazer as compras do mês.

— Tudo bem. Entregue a ela. - Ele me alcança o livro. Eu sorri. - Escuta... Você quer tomar um café? Me deixe te recompensar por aquele dia.

— Não tem problema... - Ele desfez seu pequeno sorriso. - Mas eu quero sim sair. Só vou buscar meu casaco. - Assim que o avisei, subi para fazer o ato.

Estava frio, com muito vento.

— Pronto. - Saí e tranquei a porta de casa.

— Então... quer passear por aí ou ir a algum lugar específico? - Ele enfiou as mãos nos bolsos.

— Podemos andar por aí. O tempo está muito agradável. - Sorri olhando para cima.

— Está gelado. — Ele teve um pequeno arrepio e de estremeceu em segundos.

— Eu gosto de tempo assim. - Dei de ombros.
Peguei meu celular para avisar Jenny e Sabrina, caso elas voltassem antes de eu estar em casa.

- O que está fazendo? - Jordan questiona quando me vê mexer no celular.

— Deixando recado para Sabrina, caso elas cheguem e eu não esteja em casa.

— Você gosta de desenhos? - Ele pergunta rindo, assim que vê a minha capinha de celular, que era da Barbie.

- Ah, não conte a ninguém. - Eu ri. - Desenhos são meio viciantes para mim.

— Gosta dessas coisas? Mais..infantis. - Ele coça a nuca.

— Acho legal. Mas sou viciada só nos desenhos mesmo.

— Então...- Ele ronca a garganta. - Podemos ir sentar a beira do lago e dar pães para os patos. O que acha?

— Acho que vai ser um passeio divertido. - Eu ri.

[...]

— E quantos anos você tem? - Jordan perguntou.

— Dezenove. E você?

— Vinte e dois.

— Tá legal...an...qual a sua cor favorita? - Esmigalhei o pão e atirei um pedacinho na água.

— Amarelo. E a sua?

— Não tenho uma cor favorita. Sinto que as outras vão ficar triste se eu escolher uma. - Eu ri.

Tudo estava parecendo perfeito, até eu avistar Robert interagindo com as banquinhas no outro lado da rua.

— A gente pode sair daqui? - Pedi.

— Claro.

— Por favor. Rápido.

Jordan me olhou sem entender, mas logo saiu junto de mim.

— O que rolou? - Ele perguntou enquanto persistiamos em um caminhar exagerado.

— É uma longa história.

— Resuma.

— É meu padrasto. Eu o odeio e vi ele no outro lado da rua.

— Muito melhor. Sinto muito por seja lá o que tenha rolado.

— Ah, tudo bem.

[...]

— E é assim que eu passei a odiá-lo. - Expliquei.

— Posso mandar matá-lo? - Jordan brincou.

— É melhor não. - Rimos.

— Olha! Balões. - Ele aponta para balões de hélio que o vendedor segurava. Eu fiquei olhando e sorrindo enquanto eles estavam no céu, mas ainda assim amarrados no braço do homem. — Você quer?
- Ele me olha rindo.

— Ah, não. Não tenho mais idade pra isso. - Eu ri.

— Eu quero o da Minnie Mouse, por favor. - Ele pede ao vendedor, ignorando completamente o que eu disse.

— Jordan! Não precisa.

— É claro que precisa. - Ele pegou o balão e me entregou. Eu comecei a rir, mas peguei o balão.

— Muito obrigado. Como posso te recompensar? -
Sorri para ele.

— Deixa isso para outro dia.

𝗗𝗮𝗱𝗱𝘆'𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora