Um encontro...

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Mila Pov:

Quando vim pra cá, pra ajudar com o Levi, minha ideia era simples: manter as rédeas. Eu sei que o Guto é esforçado, mas tem horas que ele não vê o quadro todo, sabe? Eu precisava estar aqui pra garantir que as coisas funcionassem, que o Levi tivesse tudo que precisa. O Guto acha que pode fazer tudo sozinho, mas a verdade é que ele precisa de mim, mesmo que nunca diga isso em voz alta. E eu gosto de saber disso. Sempre gostei.

Sei que prometi fica dois meses mas...

Só que, nas últimas semanas, algo mudou. O Guto está diferente. No começo, achei que era só o cansaço, o Levi dá um trabalho enorme, e a faculdade consome o que sobra dele.

Mas aí comecei a notar outras coisas. Pequenos detalhes que ele tentou esconder de mim. Eu não sou boba. Ele está mais lento, mais cansado do que o normal. Esses roxos que vi no braço dele? Ele deu uma desculpa qualquer, disse que esbarrou na mesa. Mas não me convenceu.

Eu sempre tive a capacidade de perceber quando algo está fora do lugar. E, mesmo que ele tente fingir que está tudo bem, eu consigo ver que não está. O jeito como ele respira mais fundo quando acha que eu não estou olhando.

Como ele fica ofegante quando sobe as escadas, como se cada degrau fosse um fardo. E essas febres que ele tem? Ele diz que é só uma gripe, mas eu sei que é mais que isso.

A questão é: o que eu faço com isso? A Mila de antes teria confrontado ele na hora, jogado tudo na cara dele até ele admitir que algo está errado. Eu sou assim. Sempre fui.

Mas, dessa vez, eu decidi fazer diferente. Porque, por mais que eu queira ter o controle de tudo, percebi que talvez o Guto precise de mim de outra forma agora.

Não de uma Mila que fica no pé dele, mas de alguém que o ajude de verdade. Que seja útil, não só pra mim, mas pra nós.

Então, comecei a assumir mais responsabilidades com o Levi. Acordo mais vezes durante a noite pra cuidar dele, pra que o Guto consiga descansar. Tenho feito mais coisas pela casa também, organizado, limpado, qualquer coisa que tire um pouco da carga dele.

E ele precisa ir pra faculdade, precisa manter isso, porque sei o quanto significa pra ele. Eu nunca quis atrapalhar essa parte da vida dele.

Mas confesso que gosto de saber que, agora, ele depende um pouco mais de mim. Que eu sou essencial, não só pro Levi, mas pra ele também.

Não que eu tenha mudado completamente, né? Eu ainda quero que as coisas sejam do meu jeito, e às vezes ainda sinto aquela vontade de controlar tudo.

Mas, vendo o Guto assim, mais frágil do que nunca, percebi que talvez o que ele precise agora não seja da Mila controladora, e sim de alguém que ele possa contar.

E eu quero ser essa pessoa. Talvez não pelos motivos mais nobres - porque, sim, eu gosto de me sentir indispensável -, mas, ao mesmo tempo, sei que ele realmente precisa de ajuda.

E, no fundo, por mais que eu goste de ter as rédeas da situação, acho que talvez eu também esteja precisando dele mais do que gostaria de admitir.

(...)

Narrador On:

Logo pela manhã, Mila já estava no controle de tudo dentro da casa. Ela organizava as coisas de Levi, escolhia as roupas dele, e sempre fazia questão de preparar o café da manhã para Guto, como se fosse uma obrigação sua.

Certa manhã, Guto, ainda sonolento, se espreguiçou no sofá onde havia passado a noite. Ele notou o cheiro de café vindo da cozinha e, ao levantar, encontrou Mila servindo o café na mesa, usando um vestido leve, mas que deixava transparecer o toque sedutor que ela sempre usava para manipular as pessoas ao seu redor.

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