A Teia Se Enrola

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Na manhã seguinte, Hans chega cedo à Mancini Music. O clima está tenso, mas ele mantém sua postura firme e inabalável. O desconforto que sentiu após a ligação com a clínica não o deixou dormir direito, e agora ele estava mais desconfiado do que nunca. Precisava jogar com cautela.

Ele decide chamar Guto mais uma vez à sua sala. Sente que o estagiário é a peça mais frágil nesse tabuleiro, e ele podia ser a chave para desmascarar qualquer coisa que Mila estivesse escondendo.

Minutos depois, Guto entra no escritório. Ele parece ainda mais nervoso que antes. Seus olhos estão vermelhos, sinais de uma noite mal dormida, e seu andar é hesitante.

Hans: (sem rodeios) "Sente-se, Guto."

Guto: (se sentando rapidamente, a voz trêmula) "O senhor me chamou, sr. Mancini?"

Hans: (com um olhar incisivo) "Sim. Quero falar sobre o procedimento de ontem."

Guto: (suando imediatamente) "O procedimento? O que... o que tem de errado?"

Hans: (observando cada microexpressão) "Nada está errado, por enquanto. Mas preciso que você seja absolutamente honesto comigo, Guto. Houve algum problema durante a coleta? Algo que você tenha me escondido?"

Guto: (hesitante, seu olhar fugindo para o chão) "Eu... eu já disse ao senhor. Foi difícil no começo, mas eu consegui."

Hans: (inclinando-se para frente, sua voz ficando mais firme) "Conseguiu sozinho?"

Guto: (se engasgando nas palavras) "Sim... quer dizer... eu estava nervoso, mas consegui. Sozinho, sim."

Hans: (dando um sorriso frio) "Interessante. Porque o relatório da clínica confirma exatamente isso. Que você conseguiu realizar tudo por conta própria."

O jovem estagiário começa a respirar mais rápido, tentando controlar sua ansiedade. O olhar de Hans é como uma lâmina que corta qualquer tentativa de mentira. Guto sente-se encurralado, mas tenta se manter firme.

Hans: (insistindo) "E a Mila? Ela esteve com você em algum momento?"

Guto: (engolindo em seco, desesperado para não desagradar) "Ela só... me deu algumas palavras de encorajamento antes de eu entrar. Mas não esteve comigo na sala de coleta."

Hans: (relaxando levemente na cadeira, mas mantendo o tom duro) "É bom saber. Porque, se houvesse qualquer irregularidade, eu seria o primeiro a descobrir."

O silêncio pesa na sala. Guto sente o suor escorrer pela nuca, mas ele sabe que precisa manter o controle. Qualquer deslize, e ele poderia estar perdido.

Hans: (finalizando) "Pode voltar ao trabalho."

Guto se levanta, quase aliviado, e sai rapidamente, com o coração disparado. Quando a porta se fecha, Hans respira fundo, mas seu rosto permanece tenso. Ele sabia que Guto não tinha coragem suficiente para mentir descaradamente. O garoto estava claramente sendo manipulado por alguém. E Hans tinha certeza de quem.

(...)

Mais tarde, no mesmo dia, Mila volta ao escritório de Hans sem ser chamada. Ela entra como sempre, com confiança, e senta-se à frente dele sem pedir permissão. O ar entre eles está pesado.

Mila: (sorrindo) "Você parece preocupado. Tudo bem?"

Hans: (ainda sério) "Conversei com Guto hoje."

Mila: (levantando uma sobrancelha, sem perder o sorriso) "Ah, sim? E como ele está?"

Hans: (frio) "Ansioso. Como sempre. Mas ele não me escondeu nada."

Mila: (sorrindo provocantemente) "É bom saber que ele está sendo honesto com você."

Hans: (com um tom calculado) "Você sabe que não confio em ninguém, Mila. Nem mesmo em você. Mas ainda não decidi se deveria."

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