Início - Parte 1 (Simone)

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Pov Simone

1997

Sou do interior do interior de Mato Grosso do Sul. Filha mais velha de Fairte e Ramez, que tiveram quatro filhos. Nossa família tem origem libanesa, e cresci em um lar tradicional, onde sempre soube que deveria ser um exemplo para os meus irmãos. Meu pai sempre foi meu herói. Desde pequena, acompanhava sua trajetória como homem público. Adorava participar, mesmo que atras das portas, das reuniões que ele realizava. Era um homem honrado, íntegro e sério, um líder nato, sempre disposto a ajudar e lutar por um bem maior. Estudava muito e com 16 anos fui para o Rio de Janeiro cursar Direito da renomada UFRJ. Sempre fui uma menina tímida e de poucos amigos. Conheci meu marido numa das idas ao Mato Grosso do Sul quando estava de férias da universidade. Mantivemos nosso relacionamento à distância por muitos anos. Para mim, estava ótimo e para ele também. Papai gostava muito dele e por trabalharem juntos, viu que ele era um ótimo homem para mim. Até fiz um mestrado em São Paulo para postergar o enlace desse relacionamento, mas depois de enrolar 6 anos, nos casamos no ano passado com toda pompa e circunstância que a filha mais velha do Senador da Republica merecia. E estava tudo bem. Tinha minha vidinha dando aulas em duas universidades e nas horas vaga, dava consultoria na Assembleia Legislativa.

Sempre gostei do que fazia, amo dar aulas. Comecei a dar aula aos 20 anos e aos 22, era professora substituta na Faculdade que meu pai lecionava e sempre que ele precisava se ausentar, eu ficava em seu lugar. Não era a mesma coisa, porém me considerava uma boa professora.

Por ser muito jovem, precisei adotar medidas para que não chamasse atenção dos alunos. Digo em relação a aparência. Evitava andar com roupas justas e curtas. Não usava maquiagem. Evitava qualquer conversa além sala de aula e quando cumprimentava, mulheres eu abraçava e homens apertava a mão. Deixei mesmo minha vaidade de lado. Discreta e por ser casada, não via motivos para me amostrar tanto. Eu pensava: "-Meu marido gosta assim então não preciso me preocupar".

Eduardo passava de segunda a sexta em Brasília trabalhando com meu pai e confesso que não sentia sua falta

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Eduardo passava de segunda a sexta em Brasília trabalhando com meu pai e confesso que não sentia sua falta. Dar aula ocupava toda a minha semana. Aqueles olhos curiosos pelo saber era o combustível na minha vida acadêmica.

Passei um fim de semana familiar péssimo. Meu marido e minha família queriam porque que queriam que engravidasse logo. Sempre quis ser mãe, mas eu não me via, ainda, sendo mãe. Essa pressão me cansava. Sexta, sábado e domingo, Eduardo parecia querer tirar o atraso da semana e confesso que nesses dias eu só queria preparar minhas aulas e descansar. Quando negava, ele ficava fulo da vida.

Já estava na terceira semana de aulas e a minha turma era de pessoas muito novas. Aqueles jovens com fome de saber. Costumo dizer que eu aprendo mais com meus alunos do que eles comigo. Eles tinham 1 Simone e eu tinha 30 alunos. A conta está aí. Deixei meu marido na casa dos meus pais pois iriam para Brasília juntos e fui para a Faculdade e quando estava chegando, um cachorro cruzou a rua e eu tive que frear bruscamente para não o atropelar. Logo após, senti o choque da batida na traseira do meu carro. Foram segundos para entender o que acontecia até que ouvi uma mulher histérica gritando. Levei um susto quando ela chegou perto e bateu na minha porta. Abri a porta e sai do veículo. Fiquei preocupada e olhei ao redor para ver se todos, o cachorro, eu e a maluca estava bem.

Sempre foi ela, sempre será ela - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora