Débora, ainda abalada pela experiência intensa de entrar nos subconscientes de Majury e Sofia, correu até a amiga deitada. Majury estava recobrando a consciência aos poucos, mas parecia exausta. Débora, com lágrimas nos olhos, não conseguiu conter sua emoção e se jogou em um abraço apertado em Majury, tentando transmitir conforto e alívio.
— Eu sabia que você voltaria — murmurou Débora, a voz quebrada de emoção. Majury, ainda um pouco fraca, sorriu levemente, retribuindo o abraço com o pouco de força que tinha.
Sofia, que estava sentada ao lado, ainda um pouco distante da realidade, observava a cena em silêncio. Débora se aproximou dela, sem invadir seu espaço, e com um olhar suave disse:
— Estou muito feliz que você também voltou. Não se preocupe, vai ficar tudo bem.
Sofia, ainda processando tudo o que havia acontecido, assentiu levemente, mas havia uma sombra de incerteza em seus olhos. Débora sabia que o caminho para Sofia seria diferente, mais complicado.
Foi nesse momento que a porta da enfermaria se abriu lentamente, e a diretora Aurora entrou na sala com uma expressão serena e firme. Seus olhos percorreram os rostos de todos, parando por um momento em Débora, que ainda estava ajoelhada ao lado de Majury. Aurora suspirou, como se estivesse esperando esse momento há muito tempo.
Antes que pudessem falar mais, a diretora Aurora entrou com um olhar que refletia tanto sabedoria quanto mistério. "Eu sabia que este momento iria chegar," ela começou, sua voz suave, mas cheia de propósito. "Me lembro de quando Cici fazia isso na época dela..." Aurora lançou um olhar significativo para Débora, recordando como Cici, sua amiga de longa data, também dominava os segredos dos subconscientes.
Aurora se aproximou da cama onde Sofia estava sentada e pediu com um gesto gentil para que todos os outros saíssem da enfermaria, exceto aqueles que precisavam de repouso. Relutantes, os amigos começaram a se retirar, sabendo que o descanso era necessário, mas curiosos sobre o que viria a seguir. Apenas Majury, Sofia e Débora permaneceram.A diretora então se aproximou de uma mesa ao fundo da sala e pegou uma caixa. A caixa era simples, mas tinha uma presença imponente, como se carregasse algo de grande valor. Aurora caminhou calmamente até Sofia, segurando a caixa com cuidado, e a colocou na frente da jovem.— Sofia — disse Aurora, sua voz suave, mas com uma seriedade subjacente —, há algo que você precisa saber. Essa jornada que você passou não foi apenas uma prova de força, mas também de controle.Sofia olhou para a diretora, seus olhos cheios de perguntas que ela ainda não conseguia formular. Aurora, com cuidado, abriu a caixa e, dentro dela, havia um par de luvas pretas, elegantes, feitas de um material quase etéreo, que parecia absorver a luz ao redor.— Essas luvas pertenceram à sua tia, Fallon Schultz — Aurora continuou, entregando as luvas para Sofia. — Fallon tinha um poder muito parecido com o seu, e essas luvas foram criadas para protegê-la... e para proteger os outros.Sofia pegou as luvas com mãos trêmulas, olhando-as com reverência, mas também com medo.— Proteger os outros...? — murmurou Sofia, sem entender completamente.— Sim — Aurora respondeu. — Seu dom é mais perigoso do que você pode imaginar. O perigo não está nas pessoas tocarem você, mas em você tocar as pessoas... sem as luvas. Essas luvas irão ajudar a conter seu poder, até que você aprenda a controlá-lo por completo.Sofia apertou as luvas nas mãos, ainda tentando assimilar o que aquilo significava. Débora, que estava de pé ao lado, observava com um misto de curiosidade e preocupação. A responsabilidade que agora recaía sobre Sofia era imensa, e ela sabia que não seria fácil.— Você não está sozinha nisso — disse Débora, tentando tranquilizar a amiga. — Vamos descobrir como lidar com isso juntas.Sofia olhou para Débora, seus olhos ainda cheios de incerteza, mas havia uma chama de esperança ali, pequena, mas presente. Ela assentiu, aceitando as luvas de sua tia como um símbolo de uma nova fase de sua vida.Aurora deu um passo para trás, observando Sofia com um olhar cuidadoso, quase maternal.— Você tem um longo caminho pela frente, Sofia, mas você é mais forte do que imagina — disse Aurora, sua voz calma, mas com um toque de firmeza. — E lembre-se, você tem pessoas ao seu lado, que farão essa jornada com você.Sofia respirou fundo e, lentamente, colocou as luvas. A sensação era estranha, como se um peso invisível tivesse sido aliviado de seus ombros. As luvas, ao toque, eram suaves, mas ela sentia uma vibração quase mágica em torno delas. Enquanto ela se ajustava à nova sensação, Aurora, Débora e Majury observavam em silêncio. Era o início de uma nova etapa, e todos sabiam que o que estava por vir seria ainda mais desafiador.No entanto, pela primeira vez em muito tempo, Sofia sentiu que, talvez, estivesse pronta para enfrentar o que viesse. E, com isso, a enfermaria mergulhou em um silêncio tenso, mas cheio de possibilidades.
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VEX - Efeito Borboleta
FantasiaEm 2003, a segunda geração de Vex teve início. Com o começo do novo bimestre, a Universidade Vortex abriu suas portas para um grupo de jovens ambiciosos e diferentes, cada um carregando sonhos, segredos e talentos peculiares. Entre eles, Débora Salv...