Cap XV - Buraco

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       Era uma manhã como qualquer outra na universidade, com o campus se enchendo de movimento enquanto os alunos saíam de seus dormitórios para ir às aulas. Sofia, ao sair, olhou para trás, observando Melissa ainda deitada na cama, adormecida. Decidiu deixá-la descansar um pouco mais. Talvez Melissa precisasse de mais tempo após a noite anterior. Sofia fechou a porta suavemente, sem perceber o perigo iminente que rondava.

Nora, como sempre, estava à espreita, seus olhos observando cada movimento com precisão cirúrgica. Assim que todos saíram, ela se moveu com uma fluidez predatória, entrando silenciosamente no quarto. Fechou a porta atrás de si e se aproximou da cama de Melissa. Sentou-se ao lado da garota adormecida, seus olhos fixos em Melissa, como se estivesse decidindo o destino dela.Melissa, sentindo uma presença estranha, despertou com um susto. Seu corpo reagiu instintivamente, e ela pulou da cama, ofegante, o coração disparado. Quando ela se virou para a porta, pronta para escapar, foi surpreendida por PH e Gilson, ambos usando as máscaras de coelho que os capachos de Nora usavam. Eles bloquearam sua saída, formando uma barreira impenetrável. Sem dar tempo para Melissa reagir, empurraram-na de volta ao chão com força, fazendo seu corpo colidir contra o piso duro.Nora levantou-se lentamente, seus passos eram calmos, mas cada vez mais ameaçadores. Ela se aproximou de Melissa, que estava caída e indefesa no chão. A expressão de Nora era fria, cruel.— O fim de Melissa é esse — disse Nora, sua voz baixa e carregada de malícia.Desesperada, Melissa abriu suas asas de fada, brilhantes e delicadas, na tentativa de escapar. Mas, antes que pudesse alçar voo, um raio de eletricidade cortou o ar, atingindo suas asas e derrubando-a novamente. Fabiola, com as mãos ainda cintilando de energia, se aproximava, satisfeita com seu ataque. Melissa gritou de dor, suas asas brilhantes agora esparramadas no chão, queimadas e fracas.Nora, com um sorriso perverso, pegou uma tesoura afiada que brilhava à luz fraca do quarto. Aproximou-se ainda mais de Melissa, inclinando-se sobre suas asas danificadas. Sem um pingo de hesitação, ela começou a cortar as asas de Melissa, os gritos da garota enchendo o ar, mas abafados pela sensação de impotência e dor. Uma a uma, as asas foram arrancadas brutalmente, o sangue escorrendo e manchando o chão ao redor.Com as asas agora separadas do corpo de Melissa, Nora as jogou descuidadamente sobre a cama de Sofia, como um troféu macabro. Com um olhar de satisfação, ela usou o sangue que havia se espalhado pelo chão para escrever na parede:"Melissa sabia demais."A mensagem era clara, e a crueldade de Nora parecia não ter fim.Ainda viva, mas gravemente ferida, Melissa foi arrastada por PH, Gilson e Fabiola até a floresta. Eles andaram por caminhos sinuosos, levando-a cada vez mais longe do campus. Melissa, sem forças para resistir, estava à beira da inconsciência, mas ainda podia sentir o desespero crescendo dentro de si. Quando eles chegaram a uma área remota da floresta, um grande buraco já havia sido cavado no chão, profundo e sombrio.Com um último empurrão cruel, eles jogaram Melissa no buraco. Seu corpo despencou para o fundo, e ela acordou por um breve instante, sentindo o impacto e o terror de estar naquele lugar sombrio e abandonado. Mesmo ainda viva, a profundidade do buraco e a escuridão ao seu redor a envolviam como um túmulo vivo. Seus gritos ecoaram pela floresta, mas ninguém viria para salvá-la.E assim, o destino de Melissa foi selado, enterrada viva, vítima dos jogos cruéis de Nora e seus capachos.


Dentro da sala de feitiços, a atmosfera era de estudo intenso. Raphael, Matheus, Sofia, Majury e Débora estavam todos concentrados, dividindo a mesa. As páginas dos livros antigos estavam abertas, iluminadas pela luz suave que vinha das velas ao redor, e o som das canetas deslizava pelo papel enquanto tentavam decifrar feitiços complicados. Matheus, sempre com seus fones de ouvido, estava em seu próprio mundo, ouvindo música enquanto estudava.De repente, ele tirou os fones rapidamente, com uma expressão perturbada no rosto. Empurrou sua cadeira para trás com tanta força que ela caiu com um estrondo. Seus olhos arregalados e sua respiração ofegante demonstravam pânico. Ele levou as mãos à cabeça, caindo de joelhos no chão, como se estivesse sentindo uma dor profunda e inexplicável. O grupo ficou em alerta imediato.Raphael foi o primeiro a reagir, levantando-se de sua cadeira e correndo para ajudar Matheus.— O que foi? O que está acontecendo? — perguntou Raphael, com a voz cheia de preocupação.Matheus, ainda de joelhos, levantou o rosto pálido, os olhos arregalados e cheios de desespero. Ele não parecia estar completamente ali, como se estivesse ouvindo algo que os outros não conseguiam.— Melissa... — murmurou Matheus, quase sem fôlego. — Ela está morrendo.A sala se silenciou instantaneamente. Sofia, que estava ao lado de Matheus, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela se levantou abruptamente da cadeira, o rosto marcado por uma mistura de choque e urgência.— O quê? Como assim? — perguntou ela, mas Matheus estava perdido em seu próprio tormento.Sem hesitar, Sofia saiu correndo em direção ao quarto de Melissa, e o grupo rapidamente seguiu seus passos. O coração de cada um batia acelerado, a preocupação e o medo invadindo seus pensamentos. As paredes do corredor pareciam se esticar, tornando o caminho ainda mais sufocante.Eles chegaram ao quarto e, ao abrir a porta, foram confrontados com uma visão sombria e aterradora. No centro do quarto, as asas arrancadas de Melissa estavam jogadas sobre a cama de Sofia, um sinal claro do ato brutal que havia acontecido ali. O sangue manchava o chão, e na parede, com o mesmo sangue, a mensagem escrita por Nora era uma sentença de morte:"Melissa sabia demais."Sofia se aproximou lentamente, sem conseguir desviar os olhos da cena grotesca. Um nó se formou em sua garganta. Ela estava paralisada, o pavor a dominando. Por um momento, seus olhos se voltaram para a janela, e ali, pairando do lado de fora, ela viu uma pequena borboleta azul, brilhante e encantadora, voando para longe. O significado era claro para ela.— Nora... — murmurou Sofia, finalmente compreendendo o que havia acontecido.De repente, Matheus caiu no chão mais uma vez, como se estivesse sendo puxado por uma força invisível. Ele segurou sua cabeça com as mãos, os olhos fechados com força, enquanto ouvia algo que os outros não conseguiam captar. Ele se contorcia de dor, o suor escorrendo pelo seu rosto.— Eu consigo ouvir... — murmurou ele, entre dentes, sua voz carregada de agonia. — Melissa... ela está mais perto... mais perto...A dor de Matheus era palpável, seu corpo tremia a cada palavra. Raphael e Majury se ajoelharam ao seu lado, tentando acalmá-lo, mas Matheus parecia estar completamente imerso na dor psíquica de Melissa, como se sua mente estivesse conectada diretamente à dela.Sofia olhou para os outros, uma mistura de medo e determinação em seu rosto.— Ela ainda está viva... — disse Sofia, com uma clareza fria que cortou o ar. — Nora a levou para a floresta.Débora assentiu, seu olhar se tornando sombrio.— Então, vamos trazê-la de volta. —

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