Cap XVII - Olhar Mortal

6 1 0
                                    

        Assim que Luiz – ou, mais precisamente, Nora – girou a maçaneta para entrar, a porta foi aberta violentamente por Matheus, que entrou correndo e empurrou Luiz com força. A expressão de Matheus era de pura determinação, seus olhos inflamados de raiva e coragem enquanto gritava para todos ouvirem:

— A guerra vai começar!O aviso reverberou pelo quarto, deixando Majury, Sofia, Melissa, Débora, Elielson e Penelope completamente chocados, sem reação. A ameaça iminente não poderia mais ser ignorada. Era agora ou nunca.Majury foi a primeira a agir, agarrando Elielson pelo braço e puxando-o para fora do quarto. Sofia e Melissa trocaram um olhar de compreensão e seguiram juntas, com Penelope logo atrás. Luiz, controlado por Nora, os seguiu, parecendo hesitante, mas mantendo o disfarce com perfeição. Todos corriam em direção ao pátio principal, onde a tensão que permeava o ar parecia anunciar o início de algo devastador.Débora, no entanto, ficou no quarto. Em meio ao caos, ela se deu conta de que precisava de algo vital para enfrentar Nora e seu exército: o Livro dos Salvatore, um grimório antigo e poderoso, transmitido por gerações de sua família. Seus olhos vasculhavam o quarto rapidamente, e quando finalmente encontrou o livro escondido em uma das gavetas, ela se aproximou da janela, atraída por um movimento no pátio abaixo.De lá, Débora avistou Raphael, seu coração disparando ao vê-lo enfrentando os capachos de Nora sozinho. Raphael lançava feitiços e usava toda a sua habilidade mágica, mas estava claramente em desvantagem. Ao mesmo tempo, a presença maligna de Nora crescia, reforçada pelo controle que exercia sobre cada um dos seus capachos. Débora observou o momento exato em que o poder da gravidade de Daniel foi lançado contra Raphael, jogando-o para longe com brutalidade.Débora sabia que precisava descer imediatamente, mas já sentia o peso da batalha iminente pressionando-a, forçando-a a agir com cautela e precisão. Ela agarrou o Livro dos Salvatore e saiu correndo do quarto, determinada a proteger aqueles que amava.Enquanto isso, no pátio, o resto do grupo chegava bem a tempo de ver Raphael sendo lançado violentamente pelo ar. Matheus correu em direção ao amigo, sem hesitar, e, junto com os outros, conseguiu erguê-lo. Raphael, cambaleante e visivelmente machucado, mantinha uma expressão de determinação, seus olhos ainda focados no confronto à sua frente.Majury, sempre com sua energia inquebrável, assumiu a dianteira, reunindo as forças do grupo em um círculo protetor em torno de Raphael. A tensão no ar era espessa, os olhares nervosos se alternando entre os amigos e os capachos de Nora, que os cercavam como predadores prestes a atacar. Ao lado de Matheus, Raphael se firmou novamente, seus olhos encontrando os de cada um de seus amigos ali. Havia uma compreensão silenciosa entre eles: estavam prontos para lutar, para proteger uns aos outros, e para pôr um fim ao domínio de Nora. Eles sabiam que não sairiam dali sem cicatrizes, mas não estavam dispostos a se render.


Débora observava com intensidade seus amigos lutando lá embaixo, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Com um movimento firme, ela colocou o Livro dos Salvatore em uma mesa improvisada no pátio e começou a folhear as páginas em busca de feitiços antigos, palavras poderosas que poderiam fazer a diferença contra Nora. Ela sussurrava cada encantamento, permitindo que as palavras ressoassem em seu ser, preparando-se para o confronto iminente. Quando Luiz, ou melhor, Nora disfarçada em Luiz, percebeu o que Débora fazia, começou a se aproximar com um olhar fixo, quase penetrante. Débora sentiu a presença fria e sombria dele, fechando o livro em um movimento rápido e se voltando para encarar Nora, sabendo que não podia deixar nada escapar agora. Chamando os outros rapidamente, ela começou a expor seu plano:— Majury e Melissa, vocês precisam avisar os outros alunos. Façam o que for preciso para mantê-los em segurança, trancados em seus quartos. E chamem a Isadora e a Mia — explicou, sua voz baixa, mas firme.Majury e Melissa assentiram, prontos para cumprir sua parte na missão, mas Elielson franziu a testa e mencionou a diretora, hesitando sobre o papel dela em tudo aquilo. Débora respondeu com uma frieza incomum:— Pau no cu da diretora, ela está do lado da Nora. Não vamos contar com ela pra nada!A convicção em sua voz calou qualquer dúvida, e Débora continuou, lançando um olhar sério para o resto do grupo enquanto delineava os papéis de cada um.— Elielson, Raphael, Luiz e Penelope, vocês vão lutar contra os capachos da Nora. Precisamos mantê-los longe daqui o máximo de tempo possível.Elielson assentiu, sabendo que enfrentar os amigos manipulados por Nora seria uma batalha emocionalmente devastadora, mas ele estava determinado. Raphael trocou um olhar com Penelope, ambos prontos para o que precisasse ser feito.Finalmente, ela olhou para Matheus, a pessoa em quem mais confiava.— Matheus, você vai ficar ao meu lado. Vou precisar de tempo para me concentrar nos feitiços e preparar algo poderoso o suficiente para Nora, e preciso que você esteja aqui para me proteger caso ela tente se aproximar.Matheus assentiu, seu rosto marcado pela determinação. Ele segurou a mão de Débora por um momento, apertando-a com confiança antes de assumir sua posição ao lado dela, o olhar atento aos arredores.A tensão no ar aumentava enquanto todos se dispersavam para suas respectivas missões. Majury e Melissa se lançaram para os corredores, avisando os alunos, suas vozes firmes ao dar as instruções. Elielson e Raphael, ao lado de Penelope e Luiz, se prepararam para a luta no pátio, onde os capachos de Nora já os esperavam com expressões vazias e assustadoras. A batalha seria brutal, mas eles estavam prontos.Débora, com o Livro dos Salvatore aberto diante de si, respirou fundo, os olhos fixos nos feitiços antigos. Ela sentia as energias convergindo ao seu redor, e seu coração pulsava com um poder crescente. Sabia que teria que se entregar de corpo e alma para liberar uma magia capaz de enfrentar Nora, e agora, cercada por seus amigos, estava pronta para o que quer que viesse.

VEX - Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora