Capítulo 7: Manhã de Desespero

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A quinta-feira de manhã chegou com uma sensação de vazio e tristeza que preenchia cada canto da UTI. Após a dolorosa despedida de João a seu filho, o silêncio que pairava sobre o ambiente era quase insuportável. João foi embora, levando consigo a dor de ter perdido seu menino. Ver sua partida foi como sentir um pedaço de mim ser arrancado. Seu olhar vazio, seu andar pesado, tudo refletia uma dor que palavras não podiam descrever.

A angústia me envolveu como uma névoa espessa. Fiquei ao lado de Jhonatan, segurando sua pequena mão e tentando encontrar forças em meio ao desespero. Cada bip dos monitores soava como um martelo, batendo implacavelmente na minha mente e no meu coração. A sala parecia mais fria, os sons mais distantes. As enfermeiras continuavam seu trabalho, mas eu estava em um mundo à parte, isolado pela dor.

Enquanto a manhã avançava, a sensação de impotência aumentava. Eu tentava orar, mas as palavras vinham hesitantes, cheias de dúvidas e medo. A memória da noite anterior, das palavras de minha irmã Juliana, ecoava em minha mente: "Meu irmão, ainda que Deus decida levar o nosso menino, ainda assim vamos crer, porque Deus sempre faz o melhor."

Essas palavras, que deveriam trazer conforto, agora pareciam uma sentença de resignação. Eu queria lutar, queria acreditar que ainda havia esperança, mas a realidade cruel insistia em esmagar qualquer vestígio de fé.

A angústia crescia a cada minuto. Olhava para Jhonatan, seu rostinho frágil e imóvel, e desejava poder trocar de lugar com ele. Desejava que todo aquele sofrimento fosse meu, não dele.

Nao me lembro que horas ela chegou. me encontro com juliana na troca do nosso turno. nao lembro sobre o que falamos. No proximo flash, estou descendo a rua da praça em espigao do oeste. Atravesso as ruas catatonico. Os carros e motos desviam de mim, nao sinto meu corpo, a sensação é de que estou pisando sobre nuvens, como que flutuando. nao lembro de mais nada, ate a tarde do dia seguinte, quando enfim, o mundo desabou sobre nós...


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