Dois País Uma Família

laços de areia e fogo

Capítulo 10;

O céu estava tingido de um suave laranja, com o sol começando a se esconder no horizonte da Vila Oculta da Folha. As sombras das árvores dançavam no chão, enquanto Hana Uchiha caminhava pelos corredores de sua casa, sentindo o ar fresco entrar pelas janelas. Era um fim de tarde tranquilo, mas seu coração estava agitado. Ela sabia que, apesar da calmaria, os dias vindouros trariam desafios que testariam sua força como ninja, esposa e mãe.

Gaara estava na sala, meditando, sua postura rígida e focada, como de costume. O Kazekage parecia sempre estar a postos para a próxima batalha, mesmo nos momentos de descanso. Hana o observava de longe, admirando a serenidade que ele conquistara ao longo dos anos, mas também sentindo o peso de suas próprias preocupações. Suas raízes Uchiha a conectavam profundamente com o passado, mas sua vida ao lado de Gaara a fez olhar para o futuro.

Ciel, seu filho mais novo, corria ao redor do quintal, brincando com a areia que seu pai controlava tão bem. O garoto tinha uma energia impressionante, sempre tentando imitar o estilo de combate de Gaara, mas com toques da velocidade e precisão do clã Uchiha. Sua risada ecoava pela casa, trazendo um sorriso ao rosto de Hana.

No entanto, havia uma tensão palpável no ar. Cibele, a filha de 12 anos, estava afastada da cena. Hana sabia que sua filha estava passando por mudanças difíceis. O despertar do Sharingan havia acontecido recentemente, e junto com ele, surgiram inseguranças e dúvidas sobre seu lugar no mundo ninja e, principalmente, na família. Cibele sempre foi muito independente, herdando a determinação tanto dos Uchiha quanto dos Sabaku.

Hana se aproximou do quarto de Cibele, batendo levemente na porta entreaberta.

— Posso entrar? — perguntou suavemente.

— Tanto faz — respondeu a menina, sem muita emoção.

Hana entrou e encontrou Cibele sentada na cama, olhando para o teto, como se tentasse encontrar respostas nas sombras. Os olhos da jovem Uchiha estavam distantes, e Hana podia sentir a turbulência interna.

— Sei que está difícil, Cibele. Eu também já passei por isso — Hana começou, sentando-se ao lado da filha. — O Sharingan... ele traz muitas responsabilidades, mas também muitas perguntas.

Cibele suspirou, cruzando os braços. — Não é só o Sharingan, mãe. Sinto que estou dividida. Entre a nossa família, entre a Folha e a Areia, entre quem eu quero ser e quem esperam que eu seja.

Hana sabia exatamente como era essa luta interna. Ela havia deixado seu clã Uchiha para seguir seu coração, casando-se com Gaara e formando sua própria família. Ela entendia o peso das expectativas, mas também sabia que, no fim, era a escolha de Cibele sobre quem ela queria se tornar que importava.

— Eu não quero ser só "a filha do Kazekage" ou "a Uchiha da Areia". Quero ser eu — continuou Cibele, seu tom mais emocionado agora, com um toque de frustração.

Hana sorriu, um sorriso suave e reconfortante. — E você será, minha filha. Não importa de onde você veio ou quem são seus pais, você é única. E sabe o que torna você especial? A combinação do melhor de nós dois.

Cibele olhou para a mãe, seus olhos brilhando com um toque de vermelho enquanto o Sharingan se ativava brevemente, refletindo suas emoções conflitantes.

— É fácil para você falar, mãe. Você é forte, todos te respeitam. Eu me sinto... perdida. Ciel já está treinando com papai, ele parece tão confiante, e eu...

— Confiança não nasce do dia para a noite. Nem a força verdadeira. Todos nós tivemos nossos momentos de incerteza — disse Hana, segurando a mão de sua filha com firmeza. — Mas não importa o quanto você duvide de si mesma, eu e seu pai estamos aqui para te apoiar. E, principalmente, você tem que confiar em você mesma.

Cibele respirou fundo, absorvendo as palavras da mãe. Ela sabia que a jornada seria longa, mas sentia uma centelha de esperança se acender. Hana, com sua sabedoria, sempre conseguia acalmar as tempestades em seu coração.

Antes que pudessem continuar a conversa, a porta da casa se abriu com um estalo, revelando Gaara e Ciel, ambos cobertos de areia e suados após o treino. Ciel correu até a mãe, com um sorriso radiante.

— Mãe, mãe! Eu consegui! Papai me ensinou um novo jutsu com areia!

Gaara, que permanecia à porta, trocou um olhar cúmplice com Hana, sabendo que o treinamento com Ciel estava indo bem, mas ciente de que sua filha mais velha enfrentava uma batalha muito mais interna.

Hana se levantou e caminhou até Gaara, enquanto Ciel continuava a tagarelar sobre suas conquistas do dia.

— Ela vai ficar bem — Hana murmurou para Gaara, enquanto observava Cibele, que agora parecia mais tranquila. — Só precisa de tempo.

Gaara assentiu, seus olhos verdes captando a força de sua esposa. Juntos, eles eram o equilíbrio perfeito entre areia e fogo, entre determinação e calma. E, como família, sabiam que poderiam superar qualquer desafio, mesmo aqueles que surgiam de dentro.