Silver Springs, Fleetwood Mac (1977)

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Sasuke

Dias atuais...


Existe uma série de coisas que eu classifico como impossíveis. Por exemplo, é impossível fugir da morte. Sei disso desde os meus seis anos, quando meu irmão chegou em casa com seu rosto rechonchudo todo inchado. Itachi chorava com desespero, mas não gritava. Seus olhos estavam um banho de sangue, eu sabia que meu irmão tinha passado por uma experiência que jamais seria esquecida.

Seu melhor amigo, que costumava ser nosso vizinho de rua, morreu em um tiroteio sangrento. Por quem? Quem mataria outra criança de sete anos e sairia impune com tanta facilidade, levando, no máximo, uns processinhos meia-boca para responder depois — que não seria uma dor de cabeça dele, claro, seu advogado cuidaria disso — com a sua carreira intacta?

Fica bem óbvia essa questão, na verdade.

Então, sim, têm coisas que eu sei que não são possíveis de se evitar.

Mas Sakura na porra do meu barzinho de estrada preferido não era uma coisa que eu julgava ser concebível.

E, caralho, ela tá nada mais, nada menos do que perfeita. Eu queria muito que ela estivesse, pelo menos, normal. Normal porque sei que ela nunca ficaria em algum patamar onde a beleza não existisse. Gostaria de olhar para ela e sentir que minha panturrilha não está quase explodindo pelo sangue que circula igual uma maldita bomba, porque eu sou um filho da puta sádico, submisso e obcecado a tudo que a envolve.

Não é o que acontece, óbvio.

A irmãzinha de Naruto está ainda mais gostosa do que antes, seu corpo todo é um pecado tentador demais. Cada curva fica mais salientada, seus seios ganham uma fartura mais madura, e seus olhos... puta que pariu, os malditos olhos esmeraldinos de Sakura parecem mais quentes que o próprio Inferno. Ela poderia me queimar vivo com apenas um desviar.

Perigo é uma palavra que eu posso acrescentar, com toda certeza desse mundo. A Sakura de dezesseis anos não era perigosa, ela agia através de duplos sentidos e sorrisinhos inocentes; já essa, essa sim, ela sabe do poder que tem e tem noção de como aproveitá-lo.

Eu posso ver isso pela maneira que ela rebola seus quadris enquanto dança com a loirinha ao seu lado. Não há interação sexual entre as duas, não é a primeira coisa que você pensa quando as encara, mas porra, Sakura exala tesão por todo esse moquifo.

Parece abafado e estupidamente apertado ficar no mesmo ambiente em que ela está. Eu sabia muito bem como ela estava, tinha ciência do seu cabelo rosa longo e de algumas tatuagens escondidas pela sua virilha e pelo seu peito, fazia uma mínima noção sobre o seu reinado naquela universidade — isso pode ser o básico em comparação ao que está sob o meu conhecimento —, mas olhar pessoalmente para ela é como um paralisante insuportável.

Eu me sinto congelado, mas estou quente. Quente para caralho. A adrenalina que corre pelo meu corpo todo dói, quero me mexer, mas estou hipnotizado.

Caralho, ela se esfrega tão bem nessa garota.

E o sorriso safado que ela dá para o nada é enlouquecedor, preciso apertar meu próprio punho para não sair daqui e arrastá-la pela porra do seu cabelo até a cabine de banheiro mais próxima.

É como se ela quisesse engolir todo esse maldito bar com sua boquinha esperta e mentirosa. Os olhos esmeraldinos queimam cada mínimo lugar por onde eles passam, esfomeados e perfurantes.

Tremulando e apertando o gelado entre meus dedos, preciso me acalmar para não acabar quebrando o copo de vidro. Mas não há para onde fugir, eu preciso descontar tudo isso que ela está me causando.

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