004 - eu trocaria tudo.

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❝ apenas pelo perdão dele, na esperança de que, ao menos por um instante, pudéssemos redescobrir o que perdemos e reconstruir o que um dia foi tão bonito entre nós

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apenas pelo perdão dele, na esperança de que, ao menos por um instante, pudéssemos redescobrir o que perdemos e reconstruir o que um dia foi tão bonito entre nós.

Barueri, SP | 18h55min,30 de junho de 2024

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Barueri, SP | 18h55min,
30 de junho de 2024

Na semana seguinte, eu tentei ocupar minha mente de todas as formas. Quando fui pro Sul, acabei terminando minha faculdade de psicologia, e aqui em São Paulo, não foi diferente. Tentei mergulhar no trabalho, me dedicar aos atendimentos e absorver cada história que entrava pela porta do consultório. Mas, ao final de cada dia, quando a rotina se acalmava, a dúvida voltava como um eco insistente.

Naquela segunda-feira, depois do último atendimento, fiz um café e me sentei na varanda do meu apartamento. A vista era simples: prédios desgastados, luzes amarelas dos postes e aquele burburinho constante da cidade que nunca dorme. Eu me perguntava se tinha feito a escolha certa ao voltar.

De um lado, a lógica me dizia que sim. São Paulo era cheia de possibilidades. Mas a verdade é que uma parte de mim tinha medo de que essa volta não fosse um novo começo - mas um retorno ao que eu mais temia: o fracasso.

Tentei me distrair com um livro de casos clínicos, mas logo fechei as páginas e fiquei encarando o horizonte, o café esfriando na minha mão. "Por que é tão difícil largar o passado?" Era uma pergunta que eu já tinha feito a muitos pacientes. A resposta era sempre a mesma: porque o passado nunca vai embora. Ele só muda de forma. Se esconde em cheiros, músicas, ruas conhecidas. E, no meu caso, se escondia em pessoas como Apollo.

Nos dias que passaram, as interações no consultório se tornaram meu refúgio. Cada paciente trazia consigo um novo desafio, uma nova história de vida, e eu me perdia na complexidade de suas narrativas, como se, ao mergulhar na dor alheia, pudesse esquecer a minha própria. Contudo, essa estratégia de fuga não era suficiente. As noites se arrastavam, longas e silenciosas, e mesmo com a presença de Malu em casa, a solidão ainda permeava o ambiente, pesando sobre mim como uma culpa invisível.

Malu, que nunca havia demonstrado interesse pelas batalhas de rima, começou a frequentar os eventos com frequência. Ela insistia incansavelmente para que eu a acompanhasse, mas eu sempre me esquivava. Era como se uma barreira invisível tivesse sido erguida entre mim e aquele mundo que antes amava. Mesmo depois de ter me reaproximado do pessoal, sentia que ainda precisava manter uma certa distância das batalhas. A verdade é que essa resistência vinha, em grande parte, da minha relação com Apollo. Embora tivéssemos conversado naquele dia e ele tivesse sido gentil, a culpa que me acompanhava ainda era pesada demais para ignorar. Eu me sentia como uma impostora, uma sombra do que eu havia sido, e isso tornava impossível para mim me entregar ao que antes me trazia tanta alegria.

𝑼𝒎 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒗𝒊𝒏𝒐, apollo mc. Onde histórias criam vida. Descubra agora