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“ tem coisas que são inevitáveis e deve aceitar e seguir em frente não dá para ir contra a corrente o tempo todo”

Enquanto permanecia na banheira, se permitiu um momento de aceitação silenciosa, sua mente finalmente tentando se preparar para o que estava por vir. A sensação de ardor dos machucados se misturava com a tristeza e a resignação, criando um espaço de introspecção onde ela se preparava para enfrentar a humilhação e o desafio que a aguardavam no dia seguinte. Enquanto permanecia na banheira, a água quente contra seus machucados oferecia um alívio temporário, mas sua mente estava longe de encontrar paz. Ela começou a se questionar sobre o pior cenário possível se matar a duquesa poderia, de algum modo, libertá-la da dor e da humilhação que sentia. Seus pensamentos vagueiam por vários métodos e suas possíveis consequências.
 
  Ela ponderou sobre os métodos mais extremos e sobre o que isso significaria para seu futuro. Imaginou-se enfrentando o fogo da fogueira e o julgamento público, visualizando como sua ação poderia levar a uma punição severa e uma vida de sofrimento ainda maior.
- Será que isso resolveria alguma coisa? - murmurou para si mesma, com um olhar distante.
  Após algum tempo de reflexão, Neera começou a perceber a insensatez de seus pensamentos. A ideia de recorrer à violência como uma solução para seus problemas parecia absurda e contraproducente. Ela se deu conta de que tais ações não apenas não resolveriam sua situação, mas poderiam piorá-la, levando-a a um destino ainda mais sombrio e doloroso. - Não, isso é uma ideia idiota - concluiu Neera, exausta mentalmente. - Só me traria mais dor e não resolveria nada.
Com essa conclusão, permitiu-se voltar ao momento presente, focando em como poderia lidar com seus problemas de maneira mais racional. A ideia de buscar uma solução extrema de encontrar controle em meio ao caos, mas ela sabia que precisava encontrar uma forma de enfrentar suas dificuldades de maneira mais construtiva.Ao se levantar da banheira, sentiu um leve alívio por ter descartado esses pensamentos imprudentes. Ela sabia que teria que enfrentar a festa da rainha e lidar com suas humilhações.
 
Na festa da rainha, o ambiente estava cheio de uma expectativa tensa. A rainha, uma mulher loira de cabelos perfeitamente arrumados e uma presença imponente, entrou com uma aura de extravagância e majestade. Ela usava um vestido de seda dourada que brilhava sob a luz dos candelabros, e seu colar de pérolas se destacava, refletindo o luxo e a opulência de seu status. Seu olhar, ao varrer a sala, transmitia uma mistura de superioridade e controle, como se todos os presentes fossem meros peões em seu grande palco. Ela começou a cumprimentar os convidados com uma mistura de charme e frieza, sua voz era suave, mas com um tom de autoridade que não permitia desobediência.
-  Estou tão contente que todos puderam vir - disse a rainha, seus olhos brilhando com uma luz que parecia escanear cada rosto na multidão. - Que prazer ver tantas caras conhecidas e algumas novas.

  Neera, que estava à mesa com um olhar entediado, observou a cena com uma resignação silenciosa. A rainha finalmente se sentou à mesa e começou a interagir com os convidados próximos. Neera reparou em Amara , a filha do visconde, sentada ao lado da rainha. Amara era uma jovem de cabelos castanhos suaves e olhos azuis claros que pareciam brilhar com uma doçura natural. Seu vestido, de um azul delicado, contrastava com a extravagância da rainha e destacava ainda mais seu ar de simplicidade e graça.

A rainha voltou sua atenção para Amara , elogiando-a com uma afetuosidade exagerada.
- Ah, Amará, minha querida - disse a rainha com um sorriso forçado. - Você está absolutamente deslumbrante. É um verdadeiro exemplo de graça e bondade.
Amara sorriu timidamente, corando um pouco com o elogio. O olhar de adoração dos presentes sobre ela era palpável, especialmente de Rune, que estava em um canto, observando a jovem com um sorriso de afeto.A rainha, com um movimento elegante, então se virou para Neera, que estava sentada em silêncio, esperando seu turno.
- E você, Lady Neera - disse a rainha, a voz cheia de uma cortesia fria - Sempre uma presença discreta, não é mesmo?
Neera inclinou a cabeça em um gesto de respeito, respondendo de acordo com a etiqueta.
-  Majestade, é uma honra estar aqui.
A rainha a observou com um olhar de desdém disfarçado, sua expressão levemente crítica enquanto continuava a falar.
- Eu sempre quis ter uma nora como a Amara. Ela é um exemplo de como a verdadeira classe e bondade devem se manifestar. Claro, não é para todos… -  A última frase foi dita com um tom que deixava claro que a crítica estava direcionada a Neera. A rainha sorriu de maneira condescendente, enquanto as damas da sociedade ao redor da mesa começaram a sussurrar entre si, lançando olhares carregados de insinuação e comentários sutis.

- Oh, mas não é uma pena que alguns não tenham a mesma sorte? - comentou uma dama com um tom melancólico.
- Certamente - concordou outra, com um sorriso dissimulado. - Alguns parecem não entender o que é necessário para realmente se destacar.
  Neera se manteve calma, tomando um gole de chá para esconder a crescente irritação. Ela sabia que as palavras murmuradas ao seu redor eram uma forma de ataque dissimulado e estava decidida a não dar a elas a satisfação de vê-las reagir. As conversas ao seu redor se tornavam um turbilhão sufocante de críticas veladas e desprezo, uma atmosfera que a fazia sentir-se isolada e desamparada. Enquanto as mulheres continuavam a falar e sussurrar, a sensação de estar em um mar de insinuações e provocações era opressiva. Neera se viu lutando para manter a compostura, sentindo o peso das palavras e dos olhares alheios se acumulando ao redor dela

A atmosfera na festa estava carregada de tensão e crítica velada cercada por mulheres que sussurravam e lançavam olhares dissimulados, observava a cena com crescente irritação. Amara, com um sorriso dissimulado, parecia apreciar cada momento da humilhação de Neera. O sorriso dela revelava uma satisfação sutil, e Neera pensou consigo mesma Parece que a flor é uma flor venenosa.

Quando a música para a dança começou a tocar, o príncipe Rune, o príncipe Osíris e o lorde Fabien se aproximaram de Amara. Fabien, um homem de cabelos pretos caídos e curtos, com um rosto marcado por uma expressão de charme calculado, era um dos convidados notáveis. Seu porte era elegante, e sua presença parecia equilibrar a linha entre a sofisticação e a confiança.
- Amara, você está simplesmente radiante esta noite - disse o príncipe Rune com um sorriso encantador. - Aceita dançar conosco?
- Eu adoraria! - respondeu Amara com um sorriso dissimulado. - Mas não se preocupem, vou dançar com todos vocês.

Os três homens começaram a discutir sobre quem teria a honra de dançar com Amara primeiro, suas vozes cheias de rivalidade amigável. Amara, apesar de sua tentativa de manter a paz, parecia estar se divertindo com a competição. Observava a cena com desgosto, achando a situação irritantemente clichê, como um episódio de um romance de harém. A sensação de estar no centro das atenções, com todos os comentários ao redor sobre como ela estaria fazendo um show por causa de Rune, era sufocante.

Parece que a antiga Neera aguentou muito, e palavras podem doer mais que facadas quando a pessoa realmente se importa, mesmo que não seja o caso dela, pensou, sentindo o peso das críticas. Enquanto a conversa girava em torno de Amara e os príncipes, um burburinho se formou à entrada da sala.
Morfeus e Magnus entraram, atraindo a atenção de todas as damas que se aglomeravam para chamar a atenção deles. As mulheres estavam gritando e acenando, mas os dois homens passaram direto, ignorando os convites. Amara se aproximou, seu sorriso animado, tentando captar a atenção deles.

- Duque Magnus, príncipe Morfeus, é um prazer vê-los novamente! - disse Amara, tentando parecer encantadora, mas claramente desapontada ao ser ignorada.
Morfeus e Magnus, sem desviar o olhar, seguindo em direção a Neera. Quando chegaram na frente dela, ambos a encararam com um sorriso provocador.
- Lady Neera - começou Morfeus, seu tom cheio de malícia. - Não esperava te ver aqui.
- Verdade - acrescentou Magnus, com um sorriso zombeteiro. - Não que isso seja uma surpresa para nós.

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⏰ Última atualização: Oct 22 ⏰

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