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“ palavras podem ferir mais que qualquer faca, meu conselho é ignore irão te criticar de qualquer jeito não se importe”
  
    Ele olhou para ela, um brilho de gratidão em seus olhos vermelhos. Com um aceno fraco, ele parecia concordar com o que ela estava fazendo. Neera encontrou algumas ervas que reconheceu e começou a preparar um remédio improvisado.Prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, ela se abaixou ao lado dele. Com um lenço que carregava consigo, começou a limpar o machucado em seu peito com cuidado.
Isso vai doer um pouco, mas é necessário para limpar a ferida -  explicou Neera, sua voz calma e controlada.
Ele fez uma expressão de dor ao sentir o lenço, mas seus olhos se suavizaram ao vê-la agindo com tanta diligência.
-  Não tenho muitas ferramentas, mas vou fazer o melhor que posso -  continuou ela, pressionando suavemente o lenço contra o ferimento. -  Você consegue me dizer o que aconteceu?
 
Ele tentou falar, mas a dor ainda o impedia de se expressar claramente. Com um gesto de dor, ele apontou para uma área mais distante da floresta, como se quisesse que ela soubesse algo sobre o local.

- Entendo - disse Neera, olhando na direção indicada. -  Vou fazer o possível para te ajudar. Só não tente se mover muito.
   Enquanto ela continuava a limpar a ferida e aplicar as ervas, o homem parecia relaxar um pouco. Sua expressão de dor diminuía lentamente, substituída por um semblante de alívio.
- Obrigada por confiar em mim - disse Neera, sua voz gentil e reconfortante. - Eu sei que pode ser difícil, mas estou aqui para ajudar.
  Ele a olhou com gratidão, suas mãos ainda fracas estendendo-se para tocar o braço dela levemente, como um gesto silencioso de agradecimento. Neera sorriu

Neera notou que o homem parecia um pouco receoso enquanto ela aplicava o remédio. Seus olhos vermelhos, que antes mostravam dor, agora brilhavam com uma chama intensa, como se estivesse tentando decifrar algo nela.
- Como você se chama? - Neera perguntou, tentando quebrar o silêncio tenso entre eles.
  Ele a olhou diretamente nos olhos, e por um momento, Neera sentiu uma estranha sensação de familiaridade, como se já o conhecesse de algum lugar.
- Me chamo Magnus - respondeu ele, sua voz rouca, mas firme.
  Neera piscou, surpreendida pela sensação de déjà vu que o nome trouxe. Ela tentou se concentrar, mas a estranheza da situação a fez perder o foco por um instante. Antes que pudesse aprofundar-se nesses pensamentos.
- E você, como se chama?
Neera, ainda um pouco confusa,  respondeu rapidamente
- Neera. Meu nome é Neera.

   Magnus pareceu ponderar sobre o nome, como se estivesse tentando lembrar de algo. Neera sentiu um leve calafrio, a sensação de que algo mais profundo estava em jogo. Contudo, ela não queria pressioná-lo, especialmente considerando seu estado vulnerável.
- Você... é daqui?  -  Neera perguntou, tentando trazer a conversa de volta para algo mais concreto.
Magnus balançou a cabeça levemente.
- Não, estou apenas de passagem - disse ele, a dor em sua voz agora misturada com uma curiosidade cautelosa. - E você, Neera... o que faz aqui na floresta?
Neera hesitou por um momento, ainda tentando processar a estranha familiaridade que sentia.
- Eu estava apenas explorando. Gosto de caminhar pela floresta - respondeu ela, um sorriso suave em seus lábios. - E agora, parece que acabei encontrando alguém que precisava de ajuda.
 
Magnos soltou uma leve risada, que logo se transformou em um gemido de dor.
- Parece que sim - disse ele, respirando fundo para tentar controlar a dor.
Neera terminou de aplicar o remédio e verificou se ele estava confortável.
- Descanse um pouco, Magnos. Vou ficar por perto, caso precise de algo - disse ela, decidida a ajudar o máximo possível.
Magnus assentiu, fechando os olhos brevemente, como se tentasse se acalmar. Enquanto ele descansava, Neera não conseguia afastar a sensação de que já havia cruzado o caminho de Magnos antes, mas onde e como, ela não sabia.

Enquanto Neera se afastava, planejando buscar mais ajuda ou recursos, algo estranho chamou sua atenção. De longe, ela viu um homem mais alto, vestindo uma capa escura, aproximando-se silenciosamente de Magnos. Ele tinha uma expressão feroz e uma espada longa em sua mão, claramente pronto para atacar o homem caído.
O coração de Neera disparou. Sem pensar duas vezes, ela olhou ao redor, procurando desesperadamente algo que pudesse usar para ajudar Magnus. Seus olhos caíram sobre uma pedra de tamanho razoável, parcialmente coberta por musgo. Ela sabia que precisava agir rápido. Com uma precisão surpreendente, Neera pegou a pedra e mirou na direção do homem armado. Respirando fundo para manter a calma, ela lançou a pedra com toda a força que conseguia reunir. A pedra voou pelo ar e atingiu o homem na nuca, fazendo-o cambalear para frente e soltando um gemido de dor.

Os Portais de Érebo: O Destino dos EscolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora