𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐗𝐈𝐈𝐈

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Descobrindo nós duas

O alarme do celular de Malia toca às 6h30. É um som suave, mas suficiente para tirá-la do sono leve. Ela estica a mão para silenciar a música e, enquanto seus olhos ainda se acostumam à luz fraca do quarto, o primeiro pensamento a invadir sua mente é sobre ela: Paige. Mais precisamente, sobre os beijos do dia anterior.

Malia puxa o cobertor até o rosto, mordendo o lábio com um sorriso involuntário. A lembrança dos lábios da Heyn nos seus é nítida - suaves, com um leve gosto de menta e sorvete que dividiram no caminho. Cada toque parecia ao mesmo tempo um alívio e um incêndio, como se ambas finalmente tivessem encontrado a coragem para deixar tudo sair, sem mais dúvidas ou medos.

Agora, sabendo que Paige também gosta dela, uma parte de Malia se sente leve, quase flutuando. Não há mais suposições ou incertezas. É real. A sensação é agridoce: ela está feliz, mas ao mesmo tempo, uma pontada de ansiedade a acompanha. O que exatamente significa essa nova fase? Como as coisas serão daqui para frente? Ela não tem todas as respostas, mas, por enquanto, o suficiente é saber que Paige está ao seu lado.

Com um suspiro longo, a cacheada se senta na cama, jogando as pernas para fora do colchão e se espreguiçando. O piso frio debaixo dos pés a faz estremecer, e ela se arrasta até o banheiro.

Ela escova os dentes, deixando a mente vagar mais uma vez para o fim de tarde anterior. O calor dos beijos ainda parece pulsar em sua pele, mas o que mais a marcou foi a forma como a skatista não queria soltá-la.

Enquanto Malia lavava o rosto, lembrou-se do momento em que teve que colocar um ponto final nos beijos na rua. Ela sorri consigo mesma, quase podendo ouvir a voz de Paige reclamando baixinho:

"Ah, só mais um..."

Mas não dava. Por mais que ela também quisesse continuar ali para sempre, a Baker sabia que era melhor parar. Ficar se pegando no meio da rua, com o sol quase se pondo, não parecia a ideia mais sensata - alguém precisava ter juízo ali, afinal. Então, com um beijo suave de despedida nos lábios da garota e um sorriso travesso, Malia sugeriu que elas fossem para casa. Paige, mesmo contrariada, obedeceu, mas deixou claro pelo olhar que não queria parar por ali.

Depois do banho, a cacheada volta para o quarto com uma toalha enrolada no corpo e começa a escolher sua roupa. Ela quer estar bonita, mas sem parecer que se esforçou demais. Opta por uma calça jeans de corte reto, que cai confortável em sua cintura, combinada com uma blusa branca e justa por baixo de um colete tricotado bege de estilo vintage. Nos pés, escolhe um par de tênis brancos com detalhes em azul, que dão um ar descontraído ao look.

Ao se vestir, sua mente viaja para a caminhada que tiveram até sua casa. Ela e a Heyn seguiram lado a lado, quase sem falar, mas o silêncio entre elas não foi exatamente desconfortável. Na verdade, era um tipo de silêncio novo - um em que a tensão não vinha mais da incerteza, mas de algo muito mais palpável. A sensação era como se a qualquer momento uma delas fosse quebrar o silêncio para dizer algo importante, mas nenhuma conseguiu.

Quando chegaram à porta da casa da Baker, a despedida foi estranhamente tímida, quase engraçada, considerando o que havia acontecido minutos antes. Paige hesitou por um segundo, como se quisesse prolongar o momento, mas acabou se inclinando para dar um beijo leve na bochecha de Malia. E então, com um sorriso que derreteu qualquer dúvida que pudesse restar, sussurrou:

"Boa noite, Malia."

E foi embora.

A Baker ficou na porta por alguns segundos, observando-a desaparecer na esquina, sentindo-se flutuando e ao mesmo tempo com os pés fincados no chão.

𝙷𝚎𝚊𝚛𝚝𝚜 𝚘𝚗 𝙳𝚎𝚌𝚔𝚜 - ᴘᴀɪɢᴇ ʜᴇʏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora