Capítulo XLII - As escolhas de Loki

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"Um tiro no coração
E você é o culpado.
Você dá ao amor uma má reputação"

Bon Jovi - You Give Love A Bad Name

Uma chuva torrencial caia naquela noite, mas, eu simplesmente não me importava de ter sido completamente encharcado por ela

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Uma chuva torrencial caia naquela noite, mas, eu simplesmente não me importava de ter sido completamente encharcado por ela. Os trovões que transpassavam o céu me lembravam meu irmão, e eu me perguntava como será que ele estava agora, ou se as coisas seriam mais fáceis se ele estivesse aqui. Com certeza, ele me julgaria pelas minhas escolhas, e tentaria fazer algo altruísta onde pudesse demonstrar toda a sua força, força essa que não sei como aplicar agora. Apesar disso, eu realmente não acharia ruim, se desta vez os trovões naqueles céus indicassem que ele estava por vir, pra mais um ato heroico costumeiro, onde ele certamente me impediria de fazer a escolha errada e salvaria as pessoas que certamente merecem ser salvas.

Olhei para as flores em minhas mãos, um buquê elegante de Lisiantos Roxos, as flores favoritas de Kali. Minha magia impedia as pétalas delicadas de se molharem como eu, e por um momento, eu parei diante do prédio dela me perguntando: Por que eu comprei essas flores?

Por que Devi me disse pra fazer isso? Porque eu queria agradar Kali de alguma forma? Por que eu me sentia terrivelmente culpado por dizer que irei matá-la? Ou simplesmente porque a mulher por quem eu estava apaixonado merecia flores?

Nas últimas semanas eu venho tentando estudar alternativas, procurando maneiras de fazer as coisas terem um final diferente, elaborando possibilidades, estudando detalhes, criando planos ilógicos ou incompletos na minha cabeça. 

Mas, nada parece fazer sentido agora, e eu me sinto tão frágil quanto no momento em que descobri que minha vida era uma mentira, que eu era adotado, e que meu pai nunca me viu como um filho digno de ser rei, afinal eu só estava ali para mostrar o quanto Thor era infinitamente superior, e também para garantir alianças futuras com o reino de onde fui levado.

Mas, agora percebo que reis precisam tomar todas as decisões, e elas nem sempre são agradáveis de serem tomadas. É um fardo pesado, de escolhas que precisão ser feitas, mesmo que elas façam mal a alguém, em prol de proteger outrem. E no caso o outrem era ninguém menos do que eu mesmo, no meu ato egoísta de me autopreservar. De autopreservar as minhas vontades e conveniências.

Adentrei ao prédio, e após cumprimentar o porteiro fofoqueiro que me olhava com uma desconfiança em especial esta noite, eu segui para o elevador privativo que levava a cobertura. Magia percorreu meu corpo, me secando da chuva, enquanto meus pensamentos voavam, e eu estava tão concentrado em como lidar com o futuro, que sequer vi os segundos passando, até que o elevador abriu no apartamento de Kali.

Assim que a porta se abriu eu pude ouvir a sonoridade suave do piano tocando, uma melodia triste e profunda, mas, não menos agradável. O apartamento estava quase completamente no escuro, exceto por algumas velas acesas em pontos estratégicos. Tudo parecia normal, até o momento em que dei o primeiro passo para dentro da cobertura, e então a porta do elevador se fechou atrás de mim.

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⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

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