A Conexão Continua

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Os anos passaram, e Ni-ki e Sn continuaram inseparáveis. O parque, que antes era um lugar de aventuras infantis, agora era um refúgio onde compartilhavam conversas e segredos. Toda semana, eles se encontravam com suas mães, mas, com o tempo, o costume de brincar nos brinquedos foi substituído por longas caminhadas, conversas sobre a escola e risadas que só pareciam ficar mais sinceras com o passar do tempo.

Naquela tarde, o parque estava quase vazio. Era início do outono, e as folhas amarelas caíam, criando um tapete suave que cobria o chão. Ni-ki e Sn caminhavam lado a lado, as mãos quase se tocando, mas sempre com aquele espaço mínimo entre elas, como se ambos estivessem conscientes da proximidade, mas hesitassem em encurtá-la.

Lembra quando a gente corria aqui e fingia que o escorrega era uma montanha gigante? — Sn perguntou, rindo com nostalgia.

Claro que lembro. Você sempre queria ser a primeira a descer — Ni-ki respondeu, um sorriso brincando em seus lábios enquanto ele a observava.

Porque eu era mais corajosa, né? — ela provocou, levantando o queixo de forma desafiadora.

Ou mais imprudente — ele retrucou, rindo, e os olhos se encontraram por um segundo mais longo do que o normal. Havia algo na forma como ele a olhava que fez o coração de Sn bater mais rápido, uma sensação que ela não conseguia entender completamente, mas que a deixava inquieta.

Os dois continuaram andando até chegarem à grande árvore no meio do parque, um lugar que sempre escolheram para descansar. Sentaram-se sob a sombra dela, o vento suave trazendo consigo o cheiro das folhas caídas. Por um momento, ficaram em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Ni-ki... — Sn começou, hesitando. — Você já pensou em como seria se a gente... — ela parou, sentindo o rosto esquentar. Não sabia por que aquilo estava vindo à mente agora.

Se a gente...? — ele perguntou, inclinando-se um pouco para mais perto, a curiosidade brilhando em seus olhos escuros. A forma como ele se aproximou fez o coração dela disparar de novo.

Sn desviou o olhar, sentindo o nervosismo aumentar. — Se a gente fosse... sei lá, amigo pra sempre, sabe? Tipo... sem nunca se afastar.

Ele ficou em silêncio por um momento, estudando o rosto dela. — Acho que seria o melhor tipo de amizade. — A voz dele saiu mais baixa, quase um sussurro, enquanto ele a olhava intensamente.

É, eu também acho. — Sn sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sem saber se era por causa do vento ou pelo jeito como Ni-ki a olhava. Aquela sensação desconhecida estava ali de novo, crescendo a cada momento que passavam juntos.

Ei, 'pequena', tá com frio? — ele perguntou, tirando o casaco que estava usando e colocando sobre os ombros dela, em um gesto natural e cuidadoso.

Sn sentiu o rosto esquentar de novo, mas forçou um sorriso para disfarçar. — Obrigada, 'Japa'. Você sempre cuida de mim, né?

Ni-ki deu um sorriso suave, mas seus olhos permaneceram fixos nos dela, como se quisesse dizer algo mais. — Claro. Sempre vou cuidar de você.

Por um momento, o mundo pareceu parar. Sn se sentiu completamente envolvida naquela troca de olhares, algo profundo e significativo passando entre eles. Ela podia ouvir seu coração bater forte, e se perguntava se Ni-ki podia ouvir também.

Ni-ki, você acha que... — começou, mas parou quando sentiu algo tocar sua mão. Ele estava estendendo a mão para ela, seus dedos roçando de leve nos dela. Era um toque simples, mas a fez sentir uma eletricidade que percorreu todo o corpo.

Acho que o quê? — ele perguntou, a voz baixa e suave, enquanto seu polegar traçava pequenos círculos no dorso da mão dela, um toque sutil, mas que a fazia tremer.

Sn mordeu o lábio, sentindo a coragem vacilar. — Nada... eu só... acho que você é o melhor amigo que eu poderia ter. — Ela sorriu, tentando manter a voz leve, embora algo dentro dela quisesse dizer mais, queria se aproximar, encurtar ainda mais a distância.

Ni-ki olhou para ela por mais um instante, e então, com um suspiro, soltou sua mão lentamente. — Também acho, pequena. Também acho...

O clima de algo não dito pairou entre eles, e, por um instante, Sn sentiu que havia perdido uma oportunidade de falar algo mais. Mas, ao mesmo tempo, o coração dela estava cheio de algo novo, algo que a fazia ansiar pelo próximo encontro, pela próxima vez que seus olhos se encontrariam e suas mãos quase se tocariam de novo.

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