Primeiras Novidades e Velhos Hábitos

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O dia seguinte ao beijo parecia surreal para Sn. Ela acordou com um sorriso no rosto, ainda sentindo o toque suave dos lábios de Ni-ki nos seus. Os pensamentos se embaralhavam enquanto se preparava para a escola, e, pela primeira vez, ela se pegou escolhendo a roupa com mais cuidado, sentindo um nervosismo que não conhecia.

Quando chegou ao portão da escola, avistou Ni-ki à distância, encostado em uma árvore, como sempre fazia. Mas, naquele dia, algo estava diferente. Ele não estava apenas esperando por ela como amigo. O sorriso no rosto dele era carregado de um significado que fazia seu coração bater ainda mais rápido.

Bom dia, pequena — ele disse assim que ela se aproximou, o olhar caloroso.

Ela sorriu, sentindo as bochechas esquentarem. — Bom dia, Japa.

Ele se inclinou e, antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, ele a puxou para perto, envolvendo-a em um abraço apertado. Ela se sentiu segura ali, nos braços dele, o aroma familiar o envolvendo. Quando ele se afastou um pouco, ele deixou um beijo suave em sua testa, e ela quase suspirou com o gesto. Parecia natural, como se estivessem fazendo aquilo desde sempre.

Acho que preciso me acostumar com isso — ela murmurou, sorrindo timidamente.

Com o quê? — Ele ergueu uma sobrancelha, provocando-a.

Com você... fazendo essas coisas — ela respondeu, sentindo o rosto esquentar ainda mais.

Ah, então você gosta, né? — ele riu, apertando levemente a cintura dela antes de entrelaçar os dedos nos dela. — Bom saber.

Enquanto caminhavam juntos para a sala de aula, Sn sentiu todos os olhares voltados para eles. Os amigos, que antes sempre brincavam com a ideia deles namorarem, agora pareciam ter certeza. Alguns sorriam de forma maliciosa, outros lançavam olhares curiosos, mas nada disso importava. O que importava era a sensação de ter Ni-ki ao seu lado, segurando sua mão com firmeza.

Durante as aulas, a atenção deles se desviava constantemente para os olhares furtivos que trocavam. Cada vez que os olhos se encontravam, havia um sorriso tímido ou um pequeno gesto, como Ni-ki passando um bilhetinho com um desenho bobo ou uma mensagem carinhosa.

Não consigo me concentrar com você me olhando assim — ele escreveu em um dos bilhetes, desenhando um coração ao lado.

Sn mordeu o lábio para conter o sorriso, mas, ao mesmo tempo, uma onda de ansiedade percorreu seu corpo. Ela sabia que as coisas entre eles mudaram, mas e se isso afetasse a amizade que sempre tiveram? Será que dar esse passo não mudaria tudo, de um jeito que não teria volta?

No intervalo, eles se encontraram novamente, mas, dessa vez, Ni-ki a puxou para um canto mais reservado do pátio, longe dos olhares curiosos dos colegas. O vento soprou, fazendo com que o cabelo dela balançasse suavemente. Ele ajeitou uma mecha que caía em seu rosto, e, por um momento, os dois ficaram em silêncio, apenas se olhando.

Tá tudo bem? — ele perguntou, a voz suave, mas os olhos mostrando uma preocupação que fez o coração dela apertar.

Tá... só... é um pouco estranho, sabe? — Ela tentou explicar, mas as palavras pareciam não ser suficientes. — Quer dizer, sempre fomos amigos. E agora...

Agora somos mais que amigos. — Ele completou, com um sorriso leve. — E isso não precisa ser uma coisa ruim, Sn. Eu... — Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo, claramente tentando encontrar as palavras certas. — Eu sempre quis que fosse assim.

Ela o olhou, surpresa. — Sempre?

Sempre. — Ele deu um passo mais perto, e ela sentiu a distância entre eles desaparecer. — Desde que éramos crianças, desde que você me chamava de Japa e eu fingia que me irritava só pra ver seu sorriso depois.

Ela riu levemente, sentindo as memórias invadirem sua mente. — Eu me lembro disso.

Então, agora que chegamos até aqui... eu só quero que você saiba que eu não quero que nada mude entre a gente, a não ser o que já mudou. — Ele segurou as mãos dela com força. — Você ainda é minha melhor amiga, mas agora... é mais que isso.

Ela sentiu uma mistura de emoções, o nervosismo, a ansiedade, mas também a certeza de que queria aquilo. — E se der errado, Ni-ki?

E se der certo? — Ele rebateu, com um sorriso confiante, antes de se inclinar e beijá-la de novo, mas dessa vez, o beijo foi mais profundo, mais intenso. Ela sentiu o calor subir pelo corpo, e as mãos dele seguraram seu rosto, como se quisesse garantir que aquele momento ficasse gravado para sempre.

Quando se separaram, ambos estavam ofegantes, e ela riu, encostando a testa na dele. — Você é impossível.

E você adora isso. — Ele piscou, antes de segurá-la pela cintura e puxá-la para mais perto.

Os dois ficaram ali, abraçados, com o sol iluminando suavemente seus rostos. Por mais que ainda houvesse dúvidas e incertezas, naquele momento, Sn soube que estava exatamente onde queria estar: ao lado do seu melhor amigo, que agora era também seu namorado.

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