Tempestade e Calma

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O sol brilhava intensamente naquela manhã, mas Sn não conseguia aproveitar o dia. Enquanto se arrumava, seus pensamentos estavam longe, concentrados em Ni-ki. Desde o jantar no restaurante, ela sentia um novo peso em seu coração. Era como se os sussurros e olhares dos colegas fossem mais intensos, e, por mais que tentasse ignorar, as pequenas interações de Ni-ki com outras garotas a deixavam inquieta.

Ela suspirou enquanto olhava seu reflexo no espelho. — Você é boba, Sn — ela murmurou para si mesma, tentando se convencer de que não havia motivos para se preocupar.

Na escola, a tensão no ar era palpável. Assim que entrou na sala, notou que Ni-ki estava cercado por um grupo de amigos, todos rindo e conversando animadamente. Um sorriso involuntário apareceu em seu rosto, mas rapidamente se desfez ao notar uma das garotas tocando o braço dele enquanto falava.

Sn tentou se concentrar nas aulas, mas a imagem de Ni-ki e a garota a incomodava. Durante o intervalo, a ansiedade se acumulou dentro dela. Não conseguia ficar longe dele e decidiu que precisava falar com ele.

Ei, Japa! — ela chamou, aproximando-se dele.

Ni-ki se virou e sorriu ao vê-la. — Oi, coisinha! O que você tá fazendo aqui?

Ela hesitou, procurando as palavras certas. — Precisamos conversar.

O sorriso dele desapareceu um pouco, mas ele assentiu. — Claro. Vamos lá fora.

Eles saíram para o pátio, onde havia menos barulho. Sn respirou fundo, preparando-se para expor o que sentia.

Eu... eu percebi que você anda conversando bastante com aquela garota — ela começou, evitando olhar nos olhos dele. — E eu não consigo evitar de me sentir um pouco insegura.

Ni-ki arqueou a sobrancelha, confuso. — O que? Você tá falando da Yuna? Ela é só uma amiga. Estamos fazendo um trabalho em grupo.

Sn mordeu o lábio, tentando conter a frustração. — Eu sei, mas é difícil não sentir ciúmes. Eu quero confiar em você, mas, às vezes, é complicado.

Ele a encarou por um momento, como se estivesse tentando entender seus sentimentos. — Sn, eu nunca faria nada para te machucar. Você sabe disso, certo?

Eu quero acreditar nisso, mas é difícil — ela admitiu, finalmente olhando para ele. — Às vezes, fico pensando se você não está se divertindo mais com ela do que comigo.

A expressão de Ni-ki se tornou séria. — Eu não quero que você se sinta assim. Você é a única pessoa que eu realmente quero ao meu lado. — Ele deu um passo à frente, aproximando-se dela. — A verdade é que eu estou totalmente apaixonado por você.

As palavras dele a atingiram como um raio. Sn sentiu seu coração acelerar e a raiva que sentia se dissipou, dando lugar a algo mais profundo. — Você está falando sério?

Ele assentiu, os olhos fixos nos dela. — Sempre.

Sem pensar, ela deu um passo à frente e o puxou para perto, envolvendo os braços em torno do pescoço dele. — Eu também sou apaixonada por você, Ni-ki. Desculpe por ser insegura.

E, antes que pudesse pensar duas vezes, ela o beijou. O beijo começou suave, mas rapidamente se transformou em algo mais intenso, um turbilhão de sentimentos. Ni-ki envolveu a cintura dela com os braços, puxando-a para mais perto, enquanto ela se deixava levar pelo momento.

Quando se afastaram, ambos estavam ofegantes, e o olhar deles refletia a intensidade do que acabaram de compartilhar.

Prometo que vou fazer de tudo para te fazer sentir segura — Ni-ki disse, olhando diretamente nos olhos dela. — Ninguém é mais importante para mim do que você.

E eu prometo tentar controlar meus ciúmes — Sn respondeu, um sorriso tímido se formando em seus lábios.

Os dois se abraçaram, e Sn percebeu que a insegurança poderia ser superada, desde que eles se comunicassem. Após aquele desabafo, sentiu um peso sendo tirado de seus ombros.

O restante do dia passou com risos e brincadeiras, mas a sensação de leveza não durou muito. À medida que o sol se punha, o clima mudou, e nuvens escuras começaram a se formar no céu.

Ao final das aulas, Sn decidiu convidar Ni-ki para sua casa, onde poderiam passar um tempo juntos. No caminho, no entanto, a atmosfera ao redor deles parecia tensa. A chuva começou a cair suavemente, mas o tempo não foi suficiente para apagar a sensação de inquietação.

Está começando a chover — Ni-ki comentou, olhando para o céu.

Podemos ficar dentro de casa e assistir a filmes, certo? — Sn sugeriu, tentando manter o bom humor.

Claro. — Ele sorriu, mas Sn pôde ver uma sombra de preocupação em seu rosto.

Assim que chegaram à casa dela, o ambiente estava acolhedor, mas a tensão ainda pairava no ar. Eles se acomodaram no sofá e começaram a assistir a um filme, mas a mente de Sn estava longe da tela. As inseguranças que ela pensou ter superado começaram a voltar.

Ei, coisinha, tá tudo bem? — Ni-ki perguntou, percebendo que ela estava distraída.

Sim, só... só estou pensando.

Sobre o quê? — Ele a encarou, a preocupação em seus olhos.

Sn hesitou, mas decidiu que precisava ser honesta. — Sobre o que você disse mais cedo. Eu quero saber se você realmente sente que pode ser sério comigo.

Ni-ki a olhou por um momento, em silêncio, e então se inclinou para mais perto. — Eu sinto que posso, e quero ser sério. — Ele tomou a mão dela em suas, segurando-a suavemente. — Você significa tudo para mim, e eu não quero que nada atrapalhe o que temos.

Os olhos de Sn brilharam com emoção. Ela queria acreditar nele, e a intensidade do olhar dele estava começando a dissolver suas dúvidas. — Eu também quero isso.

Mas, enquanto as palavras saíam de seus lábios, um trovão rugiu do lado de fora, e a luz da sala diminuiu momentaneamente. O som alto fez Sn pular um pouco, e Ni-ki soltou uma risada leve.

Olha, a tempestade chegou! — ele brincou, mas Sn não conseguiu deixar de se sentir inquieta.

Não gosto de tempestades — ela confessou, mordendo o lábio inferior.

Ele a puxou para mais perto, envolvendo-a em seus braços. — Então você pode ficar aqui comigo. Não tem nada a temer.

Ela se aconchegou em seu peito, sentindo a batida do coração dele. Mas, enquanto a tempestade rugia do lado de fora, Sn não pôde deixar de sentir que havia mais do que apenas nuvens escuras no horizonte de seu relacionamento. Havia desafios que precisavam ser enfrentados, e ela não sabia se estavam prontos para isso.

Os minutos passaram enquanto eles conversavam sobre coisas aleatórias, mas a tensão ainda permanecia. Depois de um tempo, Sn decidiu que precisava esclarecer as coisas.

Ni-ki, eu... Eu não quero que nada atrapalhe a gente. — Ela olhou para ele com sinceridade. — Mas eu também tenho medo do que os outros vão dizer.

Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. — Eu também tenho medo, mas não posso deixar que isso nos impeça de ser felizes juntos. Nós vamos ter que enfrentar isso juntos, independente do que os outros pensam.

O olhar decidido dele fez o coração de Sn acelerar. Ela assentiu, decidindo que, por mais desafiador que fosse, queria lutar por eles.

Então, vamos fazer isso — ela disse, segurando firme as mãos dele.

Ele sorriu, seu olhar se iluminando. — Isso mesmo, coisinha.

Enquanto o céu continuava a ranger com trovões e relâmpagos, eles se perderam um no outro, encontrando consolo e segurança no abraço apertado, sabendo que, apesar da tempestade lá fora, juntos eram capazes de enfrentar qualquer desafio.

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