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Era mais uma tarde movimentada na clínica veterinária, e S/n estava quase terminando o expediente quando viu o nome de Rosamaria Montibeller aparecer em sua agenda. "Consulta de emergência com Luke," dizia o aviso. A essa altura, S/n já sabia que quando Rosamaria ligava com urgência, normalmente não era porque o cachorro estava doente ou machucado. Era apenas mais uma desculpa para a jogadora aparecer por lá.
Luke, um golden retriever energético e adorável, estava sempre bem. S/n já conhecia o animal como se fosse seu próprio paciente particular, dado o número de vezes que Rosamaria o trazia para a clínica sem real necessidade. Ela sabia que a jogadora de vôlei não estava ali apenas para cuidar do cachorro — mas para tentar mais uma vez conseguir o que queria: um jantar com S/n.
Rosamaria chegou à clínica com Luke puxando a coleira, toda sorridente, como sempre. Vestia uma camiseta esportiva e shorts, cabelo preso em um coque desleixado. Ela se aproximou do balcão, cumprimentando as recepcionistas e lançando um olhar animado para S/n, que estava terminando de atender o cliente anterior.
— Oi, doutora. — Rosamaria disse, com um tom de voz despreocupado. — Luke está com um comportamento estranho hoje, acho que ele pode ter comido algo errado.
S/n levantou uma sobrancelha, notando o rabo balançante de Luke e sua energia habitual. Ele parecia perfeitamente bem. Mas, como de costume, ela não pôde deixar de sorrir ao ver Rosamaria. Era sempre a mesma história.
— Comportamento estranho, é? — respondeu, enquanto guiava Rosamaria e Luke para a sala de exames. — Vamos ver o que está acontecendo com ele.
Assim que entraram na sala, S/. começou a fazer o procedimento padrão: verificou os ouvidos de Luke, ouviu sua respiração, e checou sua boca. Luke estava absolutamente saudável, como ela já suspeitava.
— Ele parece bem, Rosamaria. — disse, tentando não soar muito divertida com a situação. — Talvez só esteja com um pouco de energia acumulada.
Rosamaria sorriu, cruzando os braços enquanto se encostava na parede da sala de consulta.
— Sabe como é... eu fico preocupada com ele. E achei que você talvez pudesse cuidar disso.
S/n riu baixinho, tirando as luvas enquanto olhava para Rosamaria.
— Acho que Luke está melhor do que você quer admitir, Rosa. — Ela respondeu, guardando os instrumentos. — Mas já que ele está bem, por que você está mesmo aqui?
Rosamaria deu de ombros, o sorriso brincando em seus lábios.
— Bom, eu achei que essa seria uma boa oportunidade pra te ver. E, quem sabe, te convidar pra sair. Outra vez.
S/n suspirou, balançando a cabeça. Já tinha recusado aquele convite tantas vezes que perdera a conta. Mas a cada vez, Rosamaria voltava com a mesma ousadia e confiança, e algo dentro de S/n começava a ceder.
