_ Já aviso logo, é tarde demais _ disse triste, o Ceifador
Isso não foi entendido pelos carrascos, que ignoraram, e então, vieram a continuação dos relatos.
Quarto relato do Ceifador
Em 1967, me mudei para um apartamento, pensei que lá, estaria seguro, pois mal saia...Naquele ano, foi só um crime, mas com certeza, o mais sangrento e mortífero... Na minha vida, eu tinha que aturar isso, sem poder fazer nada, foram seis anos assim...
"Eu saia, uma rara vez de meu apartamento. Eu decidi sair para fazer compras. Eu caminhei pelo corredor, foi rápido até eu sentir aquela maldição voltando.
Desta vez foi diferente. NÃO! NÃO! Eu então tentei dar meia volta para voltar para meu apartamento, no fim do corredor, então, corri esbarrando nas portas. A estava perto, até uma porta de um apartamento se abrir, com o homem segurando a foice lá...
Naquele momento, não sabia o que sentia, se era raiva, medo ou angústia...
Eu me fixei ali. O homem era tão maldito que olhava para mim, sempre em silêncio, sabendo que eu também ficaria, assim, em silêncio. Naquele momento, eu decidi contrariar o que ele pensava que eu faria, eu falei, berrei com ele.
_ Por que? Me diga isso! Por que você me faz desgraçado?
Ele olhou para mim com olhar malioso, e em seguida disse:
_ Shhh...
E entrou devolta ao apartamento, foram instantes, depois de ele entrar, veio um silêncio... Mas este se seguiu por algo tenebroso, Bum!
Houve uma explosão em cada quarto, eu ouvia gritos, estava horrorizado com aquilo, assim saiu o homem da foice do apartamento e me encarou.
_ Eu lhe avisei... _ disse o homem debochando de mim
Então, colocou o seu capuz negro, e pulou para o prédio ao lado, no ar, se abriu uma membrana do capuz, e ele chegou do outro lado, e se despediu. Então, por baixo de todas as portas, escorreu sangue.
Aquele foi o ponto final, para eu, correr desesperadamente... Para desaparecer entre as escadas"
Foi neste ponto que pensei: será que ainda vale a pena viver amaldiçoado?
* * *
... Silêncio na sala, cada caso era pior, até que Borba começou a chorar. Ninguém o deteve, apenas questionavam ele, mas ele não respondia, apenas derretia em lágrimas.
Raúl e Gustavo agora tentavam recompor Borba, que continuava chorando. Mas Thiago lembrou... O quinto relato, a morte dos pais de Borba. Ninguém sabia que eram os pais de Borba, já que Raúl e Gustavo haviam lido a ficha criminal, não ouvido Borba contar.
Borba se sentou no canto enquanto chorava, por fim, tampou os ouvidos. Assim se seguiu a quinta história.
Quinto relato do Ceifador
Perdões a Borba... Sei como ele se sentiu... Já me senti semelhante. Mas se ele ouvisse tudo isso talvez... Me perdoaria.Vamos lá, ao caso de 1967
"Eu estive mal com a vida, me parecia que não valeu a pena eu ter me salvo no relato de 1965. Eu andava continuamente pela rua, agora, era sem teto. Não havia nada! Tinha medo de que alguém que eu me tornasse companheiro, me reconhecesse, era sem teto, e não havia sangue em minhas mãos, mas em meus olhos, eu parecia ver o sangue, que uma vez, já foram pessoas.
Enquanto andava, eu o vi, atrás de mim, na calada da noite. Eu não tinha mais medo dele... Afinal, tinha apenas horror, não faria nada comigo, e se fosse fazer, que fosse... Eu não aguentava me sentir assassino. Era questão de tudo ou nada, corri na direção do homem de capuz e foice ao longe. Quando comecei a me aproximar de verdade, ele também se virou e correu, eu gritava pela calçada:
_ Venha!
Em determinado momento, em uma certa sinagoga, decidiu ele ao invés de vira-la, pular um muro, e então o segui, pulei o muro. Ele corria pelo quintal da casa, então subiu no pergolado e entrou em uma das janelas. Eu subi, com ódio borbulhando. Eu tinha mais de quarenta anos, não tinha um físico capaz de subir um pergolado daquela altura, mas subi, à força do ódio tremenduo.
Chegando lá em cima, ele me debochou mais uma vez, me mandou tchauzinho e pulou a janela, agarrou e subiu. Eu fiz o mesmo, como disse, movido ao ódio. Quando ele entrou, o casal que estava dormindo, acordou em pânico e no seguinte eu entrei, então eles perceberam a realidade e berraram do quarto. Acho que assim que Borba acordou.
Foi no som de Borba levantando, que o homem da foice olhou para trás, e em seguida, empunhou a foice. Em gritos, a cama do casal de empregou... Tingiu-se de vermelho. Nisso olhei, para o homem, que então trocou as palavras mais sombrias que já ouvira:
_ Eu realmente te amaldiçoei, não é mesmo? _ perguntou, mas eu fiquei em completo silêncio. _ Olhe meu querido Ceifador, eu te condeno, a vagar pelo mundo, como uma alma penada... Monstruosa e assassina.
Neste ponto ele me encarou, mas eu? Estava congelado... Era isso! Ele queria... Me fazer vagar como um monstro.
Ele se virou e pulou da janela até o pergolado, de lá, me deu, o que ele chamou de longe:
_ Talvez, a nossa última despedida...
Em meio a essa situação, ouvia os passos de Borba cambaleando no quarto de Borba, então, desisti. Eu... Simplesmente desisti, o que poderia fazer?... Eu abri a porta do quarto, e enquanto o sangue vinha a porta, eu caí em posição fetal na frente dela, e desabei em lágrimas...
Borba abriu a porta e me viu... Em meio a epifânias de gritos dele, a polícia chegou. Ele então, em grande velocidade, correu e abriu a porta da frente, confirmou, eu estava lá em cima. Mas me levantei, enxuguei as lágrimas e desci as escadas. Saí de trás de Borba e fui parado, no meio dos policiais, eu fui parado, com todas as armas apontadas em mim. Logo, fui condenado a morte pela justiça, mas antes, havia sido condenado como vagante assassino pelo homem. Este homem, que sempre foi, o verdadeiro Ceifador!
É assim, de minha visão...
* * *
Todos os carrascos choravam, principalmente Borba, que havia tudo escutado, finalmente entendeu ele. Ele se debatia no chão, tentando tampar os ouvidos, mas neste final de história... Ele se levantou, foi até o pobre homem amarrado a cadeira elétrica e o abraçou... Choro... Todos...
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Os Ceifadores
HorrorOra, a princípio, eu via todas as peças juntas, mas numa única frase, minha realidade mudou, e as peças se separaram. Neste princípio, era claro, e aquelas peças formavam a imagem do ceifador, mas nestes fins, o ceifador, um homicida, se dividiu em...