Prólogo

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Carina Elowen
Sexta-Feira,2 de novembro de 2007
2 dia após o ocorrido com o palhaço.
࿐愛࿐

Acordei com o som da minha própria respiração. Pesada, ofegante. O quarto estava escuro, mas o suor escorria pelo meu pescoço como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Lembrei-me vagamente do que havia acontecido há 2 dias atrás, o céu aparentava estar escuro e o som da ambulância percorria meus ouvidos, oque aconteceu ontem exatamente?, as pessoas gritavam e corriam para um ponto curioso, me senti perdida ao tentar recordar, Tavez apenas estivesse delirando depois daquele susto desgraçado. Minha cabeça estava a mil e doía muito, visivelmente parecia ter bebido 3 litros de álcool apesar de mal ter tocado em algo.

Sentei-me na cama devagar e abri uma das gavetas do meu criado-mudo, em buscar de um remédio que aliviasse essa dor enorme, para minha surpresa, não estava lá, nem mesmo meus documentos, minha expressão mudou rapidamente para espanto "Onde caralhos estava as minhas coisas!", pensei. Era técnicamente impossível algo ter saído de lá, as portas estavam trancadas, não havia como..foi quando olhei para janela..

Então o vi.

Em pé, lá fora, totalmente imóvel, olhando bem de perto e diretamente aos meus olhos pela janela de vidro com aquela puta máscara horrosa, de péssimo mal gosto aliás, se aquilo era uma brincadeira, porra, estava ficando muito séria. O olhar afiado era impossível passar despercebido, quase predatório, brilhava mesmo na escuridão. Eu tentei me mover, gritar, mas meu corpo estava paralisado, congelado pelo terror. Tudo que conseguia fazer era observá-lo de volta. Até o momento que comecei a dar passinhos para trás, meu momento de surtar era ali, ninguém me ouviria gritar e mesmo se tentasse, não era o momento.

-"Não é real," eu pensei. "Não é real. É só a bebida, a falta de sono. Ele não está aqui."-

Mas a sombra dele estava tão nítida quanto a minha. Não conseguia ver nada além do brilho exagerado da máscara, principalmente do batom que exercia o sorriso desenhado. Agola esfarrapada do traje de circo... tudo parecia tão real. Mais eu não quero e não devo acreditar, só posso estar ficando maluca. O medo apertou meu peito com tanta força que o ar parecia escapar de mim. Tentei respirar fundo, mas era como se o peso do olhar dele afundasse ainda mais no meu corpo, me sufocando lentamente,mais uma vez.

Ele não se movia. Não piscava. Até bater no vidro que passou a se rachar aos poucos. Aquilo me destruiu por dentro. O pânico. A sensação de estar presa. Aquele olhar...aquele maldito olhar, estou perdida!

Começei a gritar. Ou pensei que gritei. Minha garganta parecia rasgada, mas o som não saiu.

Então, num segundo, ele sumiu.

Acordei de verdade dessa vez, arfando. O quarto estava vazio, as cortinas balançando suavemente com o vento da madrugada. Olhei para o relógio: 3h33. Claro. Sempre no maldito meio da madrugada,clássico.
Ainda tremendo, me levantei da cama e corri até a cozinha, Abri a geladeira e puxei a garrafa de vodka que escondia no fundo. A luz da geladeira cortava a escuridão da casa, fria, distante. Dei um gole longo, sentindo o líquido queimar minha garganta.

- "Isso é só um sonho,Calma Carina.Ele não é real."-

Repeti para mim mesma, como um mantra, tentando silenciar os pensamentos caóticos que giravam em minha cabeça. As lágrimas escorriam enquanto bebia, era como se estivesse engolindo uma droga que havia superado a anos e que não deveria tomar.

Mais eu sabia. Lá no fundo, eu sempre soube.

- Se ele não era real, por que parecia me observar tão de perto? Por que,mais essa noite,pq o mesmo olhar fixo?-

Bebi mais um gole. Tentando esquecer. Tentando afastar o terror.

-"Só mais uma noite," pensei. "Só mais um gole, e ele vai embora."-

Mas ele nunca ia

Foi então que percebi a porta aberta, lentamente, virei-me para olhar para trás,ele estava lá..

Atrás de mim.



O Som do Riso CortadoOnde histórias criam vida. Descubra agora