Entre Sebastian e Eu

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Episódio 2
Entre Sebastian e Eu
࿐愛࿐

Quando a conversa finalmente começou a morrer, os amigos se levantaram. Edgar já estava falando sobre o que iria vestir na festa, Benjamim prometeu que me procuraria amanhã á noite, sem falta. Livvy deu um sorriso cansado e lançou um último olhar antes de sair, balançando a cabeça, como se dissesse: "É melhor você ficar". Ela sabia como eu estava sobrecarregada, e talvez essa "festa" piorasse um pouco mais meu humor, principalmente em mês de Halloween. Mais e se eu tentasse superar meus medos de palhaços? e se eu finalmente me livrar dessa baboseira de não querer sair de casa no mês de outubro? Bayville scream park era o lugar perfeito para começar!!

Rapidamente senti Sebastian atrás de mim mais próximo do que nunca, seu cheiro não é tão difícil de reconhecer.

- precisamos conversar - ​​ele sussurrou em meu ouvido por trás, sua voz baixa e firme. Não era uma pergunta. Era uma constatação.

Meus músculos ficaram tensos, eu sabia que a tarde seria longa. Muito Longa. Com um suspiro, me levantei do banco de madeira onde estava sentada e virei para ele, forçando um sorriso enquanto cruzava os braços.

- Sobre o quê?

Ele me olhou por um longo segundo, a mandíbula cerrada.

- Não se faça de boba, é exatamente sobre você indo a essa festa - ele
chegou bem a minha frente, seu rosto próximo ao meu ao ponto de sentir seu hálito sobre. Era como uma barreira que eu não conseguiria ultrapassar.

- Você realmente acha que isso é uma boa ideia?, Depois de tudo que você passou... - ele deixou a frase no ar, como se quisesse me lembrar do que eu já sabia.

- Sebastian, eu... - comecei, tentando subir firme, mas minha voz falhou. Droga, por que eu sempre ficava assim perto dele?, Era como se ele soubesse exatamente onde me atingir, onde me desmontar.

- Não, Carina. Não dessa vez. Você sabe que festas assim são perigosas para você. Estou tentando te proteger. Apenas isso, Querida. - Sua mão agarrou meu queixo e o acariciou lentamente, desviei meus olhos dos seus, o peso da culpa que ele jogou sobre mim era mais forte do que qualquer toque.

- Você sabe o que acontece quando você se coloca em situações assim. Já vimos isso antes, não vimos?...

Ele se aproximou mais, quase beijando meus lábios, estava jogando baixo mais uma vez. Sua figura era alta e forte, seus cabelos pretos quase raspados, da mesma forma dos de Edgar. As mãos eram grossas e macias, ao mesmo tempo continham uma aspereza. Isso a principio teria funcionado antes, no início do relacionamento, mais não é agora que irei me deixar cair por "sedução", não desta vez.

- Vamos, esse negócio todo é uma bobagem.

- Você não pensa assim, quando o caso é "sair" com seus amigos. - Olhei para eles que permaneciam sentados na mesa,discutindo alguma coisa.

Respirou fundo, antes de falar.
- É diferente.

- Claro, quando tudo envolve "você" tem que ser diferente. - fiz uma pausa. - E eu?, onde fico nessa história?, em casa?, esperando sua boa vontade para sair?

- É sempre a mesma merda - suspirou baixinho, Carina não ouviu de certa forma. - Você sabe exatamente o que eu quis dizer, não tenho problemas com bebidas.

- Está insinuando que só porque eu tenho, não posso sair com meus amigos!? - A raiva em minha voz era perceptível, mas ao notar tentei me convencer que não teria razão para alteração de voz, posso continuar firme e forte, resolvendo isso como uma pessoa civilizada, sem discussões.

- Eu não disse isso - Sebastian responde tentando não alterar a voz.

- Não disse?, pois pareceu!

Ele arfou, sorrindo de forma sinica.
- Carina, não quero discutir. Por que você apenas não me ouve? - pós a mão entre nós como se quissese me acalmar. -Você deveria ter mais consciência.

Eu quis gritar, por um segundo. Queria dizer que ele não entendia, que eu tinha o direito de tentar, pelo menos tentar, viver como uma pessoa normal. Mas uma parte de mim também sabia que ele tinha razão. Sebastian sempre soube me controlar com essa combinação de lógica e emoção. Ele era o porto seguro quando eu estava à deriva, mas ao mesmo tempo, era como a âncora que me mantinha presa em alto mar. Na visão dele, apenas "ele" poderia ir a festas e se divertir, eu teria de ficar em casa enquanto ele fazia oque quissese nas baladas.

- Eu não sou a mesma de antes. - murmurei, mais para mim mesma do que para ele. - Eu posso lidar com isso.- Digo me afastando alguns centímetros dele.

Ele soltou uma risada curta, sem humor, sacudindo a cabeça.

- Você disse isso da última vez.- falou me olhando diretamente nos olhos, pudi senti o pavor daquele dia voltar à tona. Ó hospital. Os rostos confusos dos médicos me encarando enquanto eu tentava me recompor no meio da ressaca mais dolorosa da minha vida. E pensar que isso aconteceu á pouco tempo..

Eu não consegui fugir da verdade. Ele estava certo. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim gritava por liberdade. Gritava para eu pelo menos tentar, algo me chamava para Bayville Scream...E por que diabos eu deveria sempre viver com medo?, Por que eu não poderia ser como os outros?

- Eu sei que você está tentando me ajudar. Mas eu preciso fazer isso por mim. Preciso provar que consigo.

- Provar para quem? Para eles? Para seus amigos? - ele disse, se aproximando de novo. - Ou para você mesma?

Eu não tinha uma resposta naquela hora. A verdade é que eu nem sabia mais para quem eu estava tentando provar alguma coisa. Talvez fosse para mim, sim. Talvez fosse para os outros. Ou talvez fosse apenas o desejo desesperado de me sentir viva de novo, sem as correntes da culpa e do medo de mim mesma.

- Você vai mesmo, então? - ele disse, a voz mais baixa agora, quase como um sussurro.

- Vou - respondi, com mais sinceridade do que eu realmente senti.

- Foi aquele tal do Beijamim não foi?, esse desgraçado estava fazendo sua cabeça - Ele cerrou o punho.

- O Beijamim não tem nada haver com isso, assim como o resto dos meus amigos. Estou fazendo isso por vontade própria..você não entende isso amor?-
Arfei num tom melancólico, aproximando-me dele, ficando pertinho novamente, desta vez eu usei sua própria habilidade contra ele.

- Eu vou e você não vai me impedir!, espero ter sido clara suficiente. -

Sebastian me olhou por um longo momento. Seus olhos estavam escuros, refletindo a tensão do nosso relacionamento. Ele queria falar mais, eu sabia, mas não disse nada. Apenas assentiu levemente em concordância. E, sem mais uma palavra, se virou e saiu andando rapidamente enquanto cochichava alguma coisa para si.

Fiquei ali, sozinha,o observando desaparecer ao entrar na Universidade,um sorriso sem dentes estava entre meu rosto, até desaparecer espontaneamente ao sua figura finalmente sumir. Eu amo Sebastian, mas não sei se meus sentimentos são tão claros e certos como antes,nosso relacionamento esfriou desde que ambos começamos fazes pós-graduação em Harvard ano passado. Mas, ainda sou grata a ele por muitas coisas e isso é inegável,porém...

isso era o que me mantinha no relacionamento?, será que ainda o amo?, perguntas loucas surgiram em minha cabeça. Suspirei, sentindo o peso da decisão que acabara de tomar.

Eu iria à festa. E no fundo, algo me disse que naquela noite mudaria tudo.

O Som do Riso CortadoOnde histórias criam vida. Descubra agora